29 de maio de 2011

Palestra para catequistas – A Revelação Divina e sua transmissão (A doutrina apresentada pela Dei Verbum) Parte 2


A Transmissão do Revelado (Tradição, Escritura e Magistério)
            Àqueles expectadores que estiveram pessoalmente com a “Voz” encarnada (ou o Verbo, como denomina São João no prólogo de seu Evangelho) na história foram os seus escolhidos, os Apóstolos. A eles Jesus deu uma ordem clara para que transmitissem às gerações futuras toda a experiência que tiveram juntos, os episódios que vivenciaram e também toda a doutrina que aprenderam Dele (c.f. Mt 28, 19s e Mc 16, 15). Isso foi realizado com fidelidade por estes e por seus sucessores (c.f. DV 7), tanto de maneira oral como de maneira escrita. Esta primeira constitui a Tradição e a segunda está consignada nas Sagradas Escrituras, e ambas são ainda hoje “ensinadas” de maneira toda especial, segura e autorizada pelo próprio Cristo por esses sucessores, por meio da Igreja que Ele mesmo fundou, na instituição do Magistério (c.f. Mt 16, 16-19; Lc 10, 16; Jo 15, 20ss).
            Sabemos que para os irmãos protestantes impera a doutrina de Lutero, Sola Scriptura, mas, como já vimos, a própria Escritura testemunha que a Revelação não se restringe à Bíblia, e a Igreja segue este ensinamento de modo que o catolicismo não é a religião do "Livro". Para nós a Revelação não é um livro, mas antes de tudo uma Pessoa: Jesus Cristo. Sabemos também que Lutero pregava a livre interpretação dos textos sagrados. Para os católicos permanece o que nos dita II Pd 1, 20, que afirma que a interpretação não deve ser pessoal. É assim que se fundamenta que a nossa fé nos vem da Palavra de Deus, que não se restringe à palavra escrita, mas também à oral e, na verdade,  uma não vive sem a outra, a não ser sob o perigo de se desviar. Sem a Escritura, a Tradição corre o risco de se diluir em “tradições”; sem a Tradição, a Escritura torna-se documento histórico e literário, sem a capacidade de tocar realmente a fé e a vida do fiel dentro do seu ambiente natural.”[2] Ao católico se exige a aceitação e veneração tanto de uma como da outra com igual sentimento de piedade e reverência (c.f. DV 9), pois constituem real depósito da fé, e que se considere, além destas, a autoridade do Sagrado Magistério da Igreja (exercido em nome de Jesus Cristo a serviço da Palavra de Deus), o qual expõe a Revelação com fidelidade, contando com a assistência do Espírito Santo (c.f. DV 10).

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