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9 de junho de 2015

Parada Gay: blasfêmia e sacrilégio são as piores ferramentas para se obter respeito para a causa LGBT


Obviamente não poderia me omitir de meditar sobre os recentes acontecimentos envolvendo símbolos cristãos na Parada Gay de 07/06/2015 realizada na Avenida Paulista. Inicio por citar as palavras de Dom Henrique Soares da Costa em seu perfil no Facebook (08/06/2015) também sobre a Parada Gay:


Não tenho raiva, não sinto indignação, não dou importância, não levo a sério... Só tenho pena, muita pena de uma sociedade que se degrada, de uma gente que perdeu o rumo, o sentido, os valores... Pena! Muita pena de ver aonde chegamos, aonde chegou a nossa sociedade, aonde chegaram certos homossexuais... Só peço aos cristãos que não reajam: não vale a pena! Ali somente se mostra o que é essa "cultura gay"... Aos homossexuais que não fazem bandeira de sua orientação sexual, aos que não se degradam, mas dignamente levam adiante sua vida, pessoas entre pessoas, sem placa de orientação sexual na testa, sabendo que a sexualidade faz parte da vida, mas não é a vida toda, a esses, meu respeito e minha solidariedade! Sei que não compactuam e se envergonham da degradação que todos vimos. A todos, a paz do Senhor Jesus, nossa Verdade, nosso Caminho, nossa Vida! "Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus!"

A página de conteúdo católico Aleteia postou (08/06/2015) num curto texto sobre a performance de um manifestante fantasiado de Cristo crucificado, com os dizeres "Basta homofobia GLBT" na mesma Parada Gay.

O falecido humorista Millôr Fernandes escreveu: "Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim". Essa ironia é uma boa definição do pensamento que se manifesta em grande parcela das discussões ideológicas no mundo, ontem e sempre. Sua estrutura também pode ser aplicada a termos como "liberdade", "intolerância" e "manifestar-se": "Liberdade é quando eu me manifesto sobre você. Intolerância é quando você se manifesta sobre mim".

De tudo isso, analiso que é mais do mesmo. Desde o início o povo de Deus foi rejeitado e hostilizado. O Cristianismo é perseguido desde sempre a começar por seu próprio fundador que, levado a esfera governamental, foi injustamente condenado, torturado e morto. Tendo ressuscitado e aparecido a muitos, continuou sendo rejeitado, zombado e combatido. Mesmo com a expansão da Igreja Primitiva os cristãos continuavam não sendo aceitos pelo judaísmo e incompreendidos pelos pagãos. O anti-cristianismo data dos primórdios do Cristianismo com suas calúnias e acusações, não é nenhuma novidade!

Já por volta de 170 d.C registra-se, por exemplo o sábio Celso  com sua obra Palavras de Verdade e também Porfírio (234-305 d.C) em seu tratado Contra os Cristãos questionando a lógica racional na fé cristã acusando-a de absurda, incoerente, impossível e, em última análise evidenciando o entendimento de Paulo quando afirma “a linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina” (1 Cor 1, 18). Luciano (125-192 d.C) ridiculariza a ingenuidade e credulidade dos cristãos em textos como A Morte do Peregrino e já desde essa época se faz chacota com a questão da doação em dinheiro para a obra de fé. Um dos relatos que mais me chama atenção desses registros antigos é o de Minúcio Félix, advogado de Roma (200 d.C), que nos deixou um diálogo que narra uma discussão entre um cristão de nome Otávio e um pagão (Octavius, IX, 6 citado em Labriolle, La Réaction païenne, p. 91) onde o pagão dita uma série de mentiras sobre a vivência cristã que vão desde a adoração de uma cabeça de asno até a calúnias sobre canibalismo, incestos e orgias; ao que Otávio, o cristão, calma e persuasivamente rechaça (acesse aqui e leia mais: http://migre.me/qcxFW).

Ou seja, hostilidade, zombaria, incompreensão dos pagãos, daqueles que não creem não é novidade, não me espanta, muito pelo contrário, é o que eu espero deles, tenho já a expectativa negativa. Não me escandalizo com ódio, Aquele a quem eu sigo previu isso: o mundo os odiará pois antes odiou a mim (Lc 15, 18). Podem até odiar, são livres para rejeitar, mas terão que tolerar, terão que respeitar, ao menos por força de lei: o Estado é laico, mas temos assegurado o direito constitucional a religião e o Estado tem a obrigação de garantir e proteger seu livre exercício.

Vale recordar que não se trata de uma teoria sobre respeito, algo subjetivo ou meramente opinião da Igreja, mas o desrespeito a fé é crime. O Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 expressa com clareza:

Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.

O Catecismo da Igreja Católica destaca no § 1738 que “todos devem a cada um a obrigação de respeito. O direito ao exercício da liberdade é uma exigência inseparável da dignidade da pessoa humana, sobretudo em matéria moral e religiosa. Este direito deve ser reconhecido civilmente e protegido nos limites do bem comum e da ordem pública”. E no § 1740, “o exercício da liberdade não implica o direito de dizer e fazer tudo.”

Os cristãos tem que tolerar e respeitar as pessoas LGBT? É claro que sim, óbvio que sim. É imprescindível o respeito à liberdade de todos tanto na internet, quanto nas famílias, quanto nas Igrejas (onde há muuuuuitos homossexuais que vivem sua fé com seriedade e fidelidade) quanto na política, quanto nas manifestações públicas. Tolerar não significa concordar, mas respeitar a liberdade individual, dentro dos limites da lei. Se qualquer grupo que seja se manifesta é sinal de que há liberdade e coexistência, coisa que não admite, por exemplo, o Estado Islâmico, que odeia e não admite a existência do diferente, não tolera nem gay, nem cristão, nem ateu e nem nada divergente de sua proposta, nem mesmo a existência, quanto mais a manifestação, pública ou privada.

Mas fica a pergunta, a comunidade LGBT tem que tolerar e respeitar a comunidade cristã, sua fé, seus dogmas, seus símbolos? E como é que se faz isso? Usar um símbolo religioso numa parada gay é a melhor maneira de expressar suas reivindicações? Fantasiar um manifestante de Cristo Crucificado, Deus encarnado que se imola pela remissão dos pecados da humanidade, ainda que se afirme tratar apenas de expressão artística e metáfora das perseguições e sofrimentos que as pessoas LGBT sofrem? Com toda a certeza NÃO. Isso só faz com que as mensagens e as propostas dessa militância sejam mais e mais rejeitadas e que se alargue a lacuna entre as lutas dos homossexuais e a opinião pública, em especial a da comunidade cristã. A blasfêmia e o sacrilégio são as piores ferramentas para se obter respeito para a causa LGBT pois só fomenta a reação indignada, só promove o conflito.

É preciso compreender e encontrar o equilíbrio entre a liberdade religiosa e a liberdade de expressão. Tolerar a liberdade individual é indispensável. A liberdade de expressão é irrenunciável. Mas como bem disse o Papa Francisco “liberdade de expressão não é liberdade de insulto.”

Há quatro anos atrás o Cardeal Dom Odilo Scherer fez um texto publicado no Estado de São Paulo, ed. de 28.06.2011 por ocasião de acontecimento similar na Parada Gay daquele ano (foi, aliás, um dos únicos bispos da Igreja a se manifestar naquela ocasião). É ainda tão atual e transcrevo alguns trechos abaixo:

Eu não queria escrever sobre esse assunto; mas diante das provocações e ofensas ostensivas à comunidade católica e cristã, durante a Parada Gay deste último domingo, não posso deixar de me manifestar em defesa das pessoas que tiveram seus sentimentos e convicções religiosas, seus símbolos e convicções de fé ultrajados.
Ficamos entristecidos quando vemos usados com deboche imagens de santos, deliberadamente associados a práticas que a moral cristã desaprova e que os próprios santos desaprovariam também.
O uso desrespeitoso da imagem dos santos populares é uma ofensa aos próprios santos, que viveram dignamente; e ofende também os sentimentos religiosos do povo. Ninguém gosta de ver vilipendiados os símbolos e imagens de sua fé e seus sentimentos e convicções religiosas.
A Igreja Católica refuta a acusação de “homofóbica”. Investiguem-se os fatos de violência contra homossexuais, para ver se estão relacionados com grupos religiosos católicos. A Igreja Católica desaprova a violência contra quem quer que seja; não apoia, não incentiva e não justifica a violência contra homossexuais.
Quem apela para a Constituição Nacional para afirmar e defender seus direitos, não deve esquecer que a mesma Constituição garante o respeito aos direitos dos outros, aos seus símbolos e organizações religiosas. Quem luta por reconhecimento e respeito, deve aprender a respeitar. Como cristãos, respeitamos a livre manifestação de quem pensa diversamente de nós. Mas o respeito às nossas convicções de fé e moral, às organizações religiosas, símbolos e textos sagrados, é a contrapartida que se requer.
A Igreja Católica tem suas convicções e fala delas abertamente, usando do direito de liberdade de pensamento e de expressão. Embora respeitando as pessoas homossexuais e procurando acolhê-las e tratá-las com respeito, compreensão e caridade, ela afirma que as práticas homossexuais vão contra a natureza; essa não errou ao moldar o ser humano como homem e mulher. Afirma ainda que a sexualidade não depende de “opção”, mas é um fato de natureza e dom de Deus, com um significado próprio, que precisa ser reconhecido, acolhido e vivido coerentemente pelo homem e pela mulher.
As ofensas dirigidas não só à Igreja Católica, mas a tantos outros grupos cristãos e tradições religiosas não são construtivas e não fazem bem aos próprios homossexuais, criando condições para aumentar o fosso da incompreensão e do preconceito contra eles. E não é isso que a Igreja Católica deseja para eles, pois também os ama e tem uma boa nova para eles; e são filhos muito amados pelo Pai do céu, que os chama a viver com dignidade e em paz consigo mesmos e com os outros.

Fico me questionando: a quem interessa essa pseudo guerra de LGBT x cristãos? A maioria dos gays que conheço e convivo são teístas e muitos são cristãos e jamais aprovariam essa manifestação desrespeitosa, embora possam externar suas críticas aos cristãos por variados motivos (muitas delas com muito fundamento)! A maioria dos cristãos que conheço jamais faria nenhum ato de violência ou agressividade a ninguém que se assuma homossexual, embora possam da mesma forma externar suas discordâncias a comunidade LGBT por também variados motivos (a maior parte destas direcionadas ao lobby gay e não à liberdade da pessoa homossexual). Então quem está por trás desse circo armado e com que objetivo? Não estarão os LGBT e os cristãos sendo manipulados nessa guerrinha de novelas, publicidades, bancadas congressistas onde se perde tanto tempo e se desvia o foco dos reais e urgentes problemas do cidadão brasileiro, seja ele cristão ou gay?

Conclusão:
Comunidade LGBT: quer respeito? Respeite. Quer exigir tolerância? Exerça a tolerância. Dica básica: existem outras formas de se fazer ouvir de maneira positiva, que não a blasfêmia e o sacrilégio, se é que esse é o objetivo, se fazer ouvir. Aparentemente o objetivo não é se fazer ouvir, mas antes gritar, e ferozmente, se possível. O objetivo parece ser chocar, provocar, ofender. O que se consegue com isso?

Comunidade cristã: deixo as sábias palavras novamente de Dom Henrique Soares da Costa (09/06/2015, pelo facebook):
Entrar em polêmicas? É o que esperam de nós os inimigos do Cristo.
Fazer cruzadas? É o que desejam os que nos querem combater.
Pagar mal com mal, ser tomado de ira? É o que deseja o próprio Diabo: envenenar nosso coração, de modo que a ira e azedume dos que desprezam o Senhor também entrem no nosso coração - mesmo com motivações santas...
Dialogar, responder, reagir, devemos fazê-lo quando o interlocutor merece ser levado a sério...
Quando alguém pergunta sem realmente procurar a resposta, quando alguém agride de modo cego e irracional, quando se grita ou protesta de modo rasteiro, sem argumentos plausíveis, qual a resposta mais inteligente?
Qual a reação mais de acordo com Aquele que Se calou diante dos fariseus que queriam apedrejar a mulher ou ante os que Lhe perguntaram com qual autoridade agia?
Qual a resposta à pergunta de Pilatos, sem interesse real pela verdade?
É fácil uma indignação precipitada e imatura, exigindo até dos pastores da Igreja uma ação ao gosto das paixões e rompantes de cada um! Há hora de falar e hora de calar, há modo de falar e modo de calar, há motivos para se manifestar e motivos de estar em silêncio.
Deus abençoe os cristãos!
Deus abençoe a Santa Esposa de Cristo, nossa Mãe católica!
Deus conceda aos filhos da Igreja a coragem de agir do modo correto, na medida correta, no momento correto, com argumentos corretos e pelos motivos corretos!
E nunca esqueçam: "As portas do Inferno não prevalecerão!"


23 de março de 2015

"Vai ter boicote!"


Entendo que em países democráticos qualquer mídia seja livre para apresentar a seu público o que achar conveniente do ponto de vista artístico, jornalístico ou até mesmo ideológico. Sou a favor da liberdade de expressão e aceito (dentro dos limites da lei e da ética) que as mídias sejam laicas e até ateias e não me surpreendo se forem também hostis à religiosidade, em especial ao cristianismo. Tenho tido uma expectativa negativa sobre os meios de comunicação de massa: já espero o pior deles. Seria desejável que os meios de comunicação social estivessem comprometidos com o bem comum, os bons costumes, a justiça e a verdade como orienta o Catecismo da Igreja Católica (§2498), mas sabemos que o compromisso maior é com a audiência a qualquer custo, em primeiríssimo lugar. Por trás de toda comunicação midiática, desconfio sempre de uma intenção publicitária e fico imaginando como é que eles estão faturando em cima do que apresentam. Cada vez mais percebo que a grande mídia está a serviço do mundo e não posso esperar dela uma visão cristã, não me iludo mais com isso.

 Mesmo assim, sob esse mesmo argumento da liberdade de expressão, acredito que podemos e devemos nos posicionar CONTRA a maneira como os mass media apresentam seus conteúdos, em especial a teledramaturgia, e questionar a visão artística que bate sempre nas mesmas teclas ideológicas (especialmente pelas redes sociais). Respeitar não é aceitar nem aplaudir... "É preciso combater o erro e amar o que erra", dizia Santo Agostinho. “Observai tudo e ficai com o que é bom” (1 Tes 5, 21), posto que “tudo me é permitido mas nem tudo me convém” (1 Cor 6,12), dizia São Paulo. Também o Salmo 100, 3 afirma: “Não proporei ante meus olhos nenhuma coisa má” já que, como Jesus exortava, “O olho é a luz do corpo” (Mt 6, 22).

Pois bem, diante disso, admito que eu, já há algum tempo, praticamente não assisto mais a TV Globo*. Nem mesmo o telejornalismo tem credibilidade pra mim. Gosto de assistir Globo Repórter, dependendo do assunto. Não suporto programas de auditório estilo Faustão, Luciano Huck, Vídeo Show, nos quais a entidade apenas se autopromove reciclando seus artistas e programas... Detesto Galvão Bueno (profissionalmente!) e na minha opinião, o Louro José devia ser o apresentador do Mais Você e a Ana Maria Braga, a boneca empoleirada! BBB então?! Não merece que se gaste nem os 140 caracteres do twitter com alguma crítica. Sempre fui telespectadora da TV Globo, mas diante da falta de inovação e classe, fui me cansando. Sempre gostei de novelas, sempre foi para mim um hobbie e um momento de entretenimento, de descanso, de lazer. Mas diante da teledramaturgia que essa emissora vem oferecendo ao longo dos anos, um produto que foi se deteriorando mais e mais, foi impossível não fazer uma análise mais crítica.

Vamos excluir a questão moral/religiosa apenas por um instante: o que uma dramaturgia como a que a Rede Globo tem oferecido ao povo brasileiro acrescenta a nós em termos de cultura, entretenimento, arte, humanismo, civilidade? Pouco, meus caros, muito pouco... possivelmente nada! Propõe-se um boicote pelas redes sociais, e a minha posição? Boicote sim! Sabemos que as artes muitas vezes retratam a sociedade mas, felizmente, não é a totalidade da sociedade brasileira que é como as novelas globais gostam de apresentar em suas histórias requentadas e previsíveis... Na minha casa existe até uma piada interna, piada pronta, que meu pai sempre repete por ocasião das estréias das novelas: “Para novelas da Globo, basta assistir o primeiro e o último capítulo”, pois o desenvolvimento é irrelevante. Dependendo do autor, já saberemos que haverá personagens com bordões, quais os atores e atrizes que irão atuar e até o nome da protagonista!

Além das costumeiras baixarias envolvendo golpes, traições, ódios, vinganças, chantagens, crimes, a bola da vez é a questão da ideologia de gênero, a campanha pela assimilação da união homoafetiva e a adoção de crianças por pares homossexuais pelo senso comum. A Rede Globo está empenhada em “vender” a idéia do que se convencionou chamar de “novas concepções familiares”. Ora, podem existir vários grupos e configurações familiares na sociedade, mas família enquanto instituição é formada por um homem, uma mulher e seus filhos. Em qualquer lugar do mundo, em qualquer época, em qualquer cultura, um homem, uma mulher e sua prole são identificados como família sem necessidade de reconhecimento por autoridade pública, estatutos ou qualquer legislação específica. Isso independe de religião.

Respeito pela liberdade das pessoas é básico para toda e qualquer situação, por toda e qualquer pessoa ou grupo de pessoas. Proteção de direitos civis seria até aceitável, mas descaraterização da instituição familiar por motivo de modernização de conceito é ideologia, apenas. Então me pergunto: qual a real intenção da emissora com o lobby lgbt? Como será que ela está faturando com essa campanha? Não venha me dizer que é por amor ao ser humano que se faz isso que ninguém vai acreditar, afinal, “o povo não é bobo”. Ou só é quando convém?  

Felizmente, assim como ninguém é obrigado a ser cristão e a viver sob o parâmetro do Evangelho, igualmente ninguém é obrigado a dar ibope ao que não concorda, ao que não agrada. O país é laico? Sim, graças a Deus. O público é laico? Não, senhor; não, senhora. Grande parte dos telespectadores ainda tem seus princípios religiosos e morais e se o Brasil não tem uma religião oficial, também não tem uma TV oficial, ditando norma social goela abaixo. Vai ter boicote sim e, se reclamar, vai ter terço, vai ter culto, vai ter Missa, vai ter campanha, vai ter tag e twittaço! Democracia é isso: não esperem mais unanimidade, estamos na era da diversidade! Vai ter boicote, vai ter reação, vai ter mimimi, vai ter reclamação, VAI TER CRISTÃO! O choro é livre e nós também (não é assim que se comenta nas redes sociais?).  

Felizmente somos livres! Existe uma frase que, embora seja atribuída a Clarice Lispecto, na verdade não se conhece a autoria. Essa frase resume bem o que penso: “Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas”. E eu acrescento: ainda bem que existem outras emissoras, outros canais! Tenho certeza que temos outras opções mais de acordo com nosso nível intelectual, cultural, humano, moral e espiritual! Temos outras histórias, outras músicas, outros livros, outros filmes, outras séries, outras atividades, inclusive provavelmente, outras novelas! Graças a Deus! O problema é que muitas vezes, nos contentamos com pouco, nos contentamos com a mesmice. Especialmente em se tratando de TV, aceitamos a mediocridade. A frase abaixo (neste caso, realmente de autoria de Clarice), foi dita para o Jornal do Brasil em 1967 e ilustra bem o que digo: 

“Não entendo. Nossa televisão, com exceções, é pobre, além de superlotada de anúncios. Mas Chacrinha foi demais. Simplesmente não entendi o fenômeno. E fiquei triste, decepcionada: eu quereria um povo mais exigente.”

É o que falta: um povo mais exigente. Bom, eu sou exigente. E sou livre. Vou criticar sim. Vou boicotar sim. Quero uma dramaturgia que entretenha sim, mas que agregue culturalmente. Quero respeito. Quero arte. Quero bom gosto. Quero valores elevados. Quero comédia inteligente e não apelativa. E amores verdadeiros. Rede Globo, sabia que existem casais que não se traem, que não se divorciam para viver uma paixão volúvel? Sabia que existe o “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe”? Sabia que, na vida real, existem pessoas que perdoam e não se vigam, que falam a verdade e que preferem se prejudicar a não manter a palavra dada? Existem sim, eu sou uma dessas pessoas e conheço várias outras. Quero me ver retratada, quero me identificar, quero minha fé respeitada. Rede Globo, sabia que existem cristãos que vivem com autenticidade sua fé buscando fazer o bem para a sociedade? Que nem todo padre é pedófilo ou larga a batina para ficar com alguma mocinha; que nem todo evangélico é ignorante ou só quer saber de dinheiro? Eu tenho plena convicção que o povo brasileiro cada dia mais não se vê retratado nessas novelas e o resultado natural da não identificação é o abandono.
Transcrevo uma postagem da cantora católica Vera Lúcia (retirado de sua página no Facebook): 

Se assistir “Babilônia” te gerar paz, concórdia, união, aceitação, harmonia familiar, tranquilidade, cultura de um país melhor, se criar em crianças e adolescentes mais vontade de estudar, valorizar seu país e pais... Se gerar isso, edificar a vida, a família… eu também vou assistir e divulgar! Se quisermos a presença de Deus em nossas vidas, não podemos concordar com caminhos contrários. O meu caminho é Jesus Cristo, sigo o que diz a Bíblia e em Apocalipse 17,5 como um mistério: “BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DA PROSTITUIÇÃO E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA”. 

Assim, conclamo: boicote! Por questões religiosas? Sim, também por elas (e por que não?!), mas também por que meu cérebro e minha sensibilidade demandam mais.  

*Minha crítica é somente à Rede Globo? Obviamente não. 
Todavia para este post, preferi me limitar à esta emissora 
devido aos debates que tive com conhecidos e desconhecidos 
por ocasião da estréia da novela Babilônia. 

14 de outubro de 2014

Teste: Grau de Tolerância ao Discurso Divergente e Coerência Democrática

"Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo."
 (Citação atribuída a Voltaire)

Numa democracia, teoricamente, todos tem voz, o diálogo é plural. Certo? Nem sempre... Faça o teste abaixo do seu  "Grau de Tolerância ao discurso Divergente e Coerância Democrática" e analise se você tem dois pesos e duas medidas quando se trata de debater suas convicções. 



Se você acha um absurdo que uma pessoa homossexual finja que não é homossexual em seu trabalho, na sua escola, no Congresso ou onde quer que seja, para ser coerente,não pode querer que alguém que se diz cristão igualmente finja que não é cristão em seu trabalho, sua escola, no Congresso ou onde quer que seja! Se você julga que a sexualidade de uma pessoa é algo que não deve ser reprimida ou disfarçada, por que a fé da pessoa deveria ser? Se você acha que a comunidade LGBT tem algo de positivo a manifestar para esse mundo e a sociedade e que tem o direito de se expressar, seja lá sobre o que for, e acha que é injustiça ser discriminada sem que ao menos ouçam o que se tem a dizer, por que condenar a religião, as Igrejas, a comunidade cristã quando se propõe a fazer o mesmo? Por que as minorias LGBT e outras devem ter espaço no debate político e os cristãos podem ser taxados de fundamentalistas e tomar um "cala a boca" sem chance do tal do "diálogo plural"? Por que a sociedade tem que aceitar a maneira de ver o mundo LGBT e "Deus me livre" de pastores e padres na política?! Por que tudo agora cai na categorização de "fobias" e as piadas sobre cristãos fazem parte da liberdade de expressão?  

Eu não entendo essa lógica e não aceito esses critérios. Ou somos uma democracia ou não. Ou temos liberdade de expressão ou não. Se o diálogo é plural todos deveriam poder emitir opinião mas a Igreja e os cristãos devem permanecer no fóro íntimo, não se misturar, não se meter. Vocês vão me desculpar, mas eu sou cristã e isso aqui ainda não é a Venezuela, nem Cuba! Eu vou falar, eu vou denunciar, eu vou anunciar, EU VOU PROFETIZAR! Essa é a essência da minha fé! Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura! Mc 16, 15 Essa é a verdade pela qual somos chamados a dar a vida! CRISTO É A VERDADE!  O Papa Bento XVI explica muito bem em sua Encícllica Caritas in Veritate, § 9: 

"A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende « de modo algum imiscuir-se na política dos Estados »; mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação. Sem verdade, cai-se numa visão empirista e cética da vida, incapaz de se elevar acima da ação porque não está interessada em identificar os valores — às vezes nem sequer os significados — pelos quais julgá-la e orientá-la. A fidelidade ao homem exige a fidelidade à verdade, a única que é garantia de liberdade (cf. Jo 8, 32) e da possibilidade dum desenvolvimento humano integral. É por isso que a Igreja a procura, anuncia incansavelmente e reconhece em todo o lado onde a mesma se apresente. Para a Igreja, esta missão ao serviço da verdade é irrenunciável. A sua doutrina social é um momento singular deste anúncio: é serviço à verdade que liberta. Aberta à verdade, qualquer que seja o saber donde provenha, a doutrina social da Igreja acolhe-a, compõe numa unidade os fragmentos em que frequentemente a encontra, e serve-lhe de medianeira na vida sempre nova da sociedade dos homens e dos povos."

A Igreja, os cristãos não vão se calar. E nem os outros grupos deveriam! Obviamente dentro dos limites legais, mas se estes forem ultrapassados, pouco importa se a pessoa é homossexual ou cristão, posto que se tornou criminoso (não interessa a sexualidade e a crnça). Mas se você ama a liberdade, respeite a democracia! Seja coerente e exija que todos tenham voz! Ensine as crianças que todos podem ter suas opiniões e que devemos respeitar a liberdade de todos: isso sim é respeito à diversidade! Discorde dos homossexuais, discorde dos cristãos, mas mantenha a classe, mantenha a civilidade, mantenha a coerência, tenha apenas um peso e uma medida.