30 de dezembro de 2013

Examine qual é o centro da sua oração



1) EU - Oração totalmente centrada no "eu", só o "eu" importa. Não é oração, pois não há lugar para Deus.
Exemplo: a oração do fariseu.
O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. (Lc 18, 11)

2) EU E DEUS - Oração centrada no "eu" - nas minhas necessidades, na minha vida, nos meus pecados, nos meus sofrimentos, nas minhas vitórias -, embora Deus faça parte da oração. 
Exemplo: a oração do publicano.
O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador! (Lc 18, 13)

3) DEUS E EU - Oração centrada em Deus - no Seu louvor, na sua honra, no Seu poder -, embora o "eu" faça parte da oração. 
Exemplo: a oração de Daniel
Ah! Senhor, Deus grande e temível, que sois fiel à aliança e que conservais vossa misericórdia àqueles que vos amam e guardam vossos mandamentos: nós pecamos, prevaricamos, cometemos maldade, fomos recalcitrantes, desviamo-nos de vossos mandamentos e de vossas leis. Não escutamos vossos servos, os profetas, que falaram em vosso nome a nossos reis, a nossos chefes, a nossos antepassados e a todo o povo da terra. (Dn 9, 4b-6)

4) DEUS - O "eu" desaparece, e só Deus importa: o que Ele fala, o que Ele deseja, o que Ele é. Só importa louvá-Lo, adorá-Lo, amá-Lo, exaltá-Lo e estar imerso no Seu amor.
Exemplo: a oração de São Paulo
Ó abismo de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! Quão impenetráveis são os seus juízos e inexploráveis os seus caminhos! Quem pode compreender o pensamento do Senhor? Quem jamais foi o seu conselheiro? Quem lhe deu primeiro, para que lhe seja retribuído? Dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele a glória por toda a eternidade! Amém. (Rm 11, 33-36)

Extraído do livro "Perseverai no amor de Deus, de Maïsa Castro, Ed. Raboni. 




26 de dezembro de 2013

A experiência de ser salvo


Quando eu tinha 13 anos morava em Recife-Pe com a minha família. Numa ocasião, banhando no mar de Boa Viagem com meus irmãos me senti sendo carregada para trás pelo movimentar das ondas. Normal! Mas quando aguardava a próxima onda me empurrar em direção à areia de novo, aconteceu o inverso: o mar continuava a me sugar para mais longe da terra. Comecei a me assustar e tentei voltar andando para fora. De repente sentir faltar o chão debaixo dos pés, porém não me preocupei muito, comecei a nadar para voltar a conseguir pisar em algo. Nada! Nem saía do lugar, muito pelo contrário, vi meus irmão e outra criança como que "escorrendo" por uma espécie de "ralo" que tinha se formado pela lacuna dos arrecifes justamente no lugar que escolhemos para curtir a água quente daquele final de tarde. Quando vi os meninos passando rapidamente para trás de mim, comecei a ficar aflita. Tentei voltar para pegá-los mas tinha ficado muito fundo para mim e o movimentar das águas não dava trégua! Eram três crianças e eu e comecei a cogitar que estava me afogando, pois não estava mais conseguindo respirar em meio às brumas das ondas! De repente senti um puxão forte no meu maiô e cabelos simultaneamente e sentir voltar o fôlego. Depois de alguns instantes pude ver (embora com os olhos ardendo pela água salgada) uma espécie de gigante com um menino literalmente embaixo da axila (como quem leva uma pasta ou jornal), outros dois pequenos bracinhos presos fortemente por uma única e enorme mão (isso mesmo, dois meninos numa mão só) enquanto ele me levava pelas madeixas para a praia como aquela icônica figura do homem das cavernas que leva sua companheira para a sua gruta: era o salva-vidas! 
Chegando na praia ele jogou os quatro de uma vez na areia fofa e quente. Pegou rapidamente o rosto de cada um, verificou as bocas e narinas, deu um tapinha nas costas do menorzinho que tossia (que nem era meu irmão, mas um coleguinha recém conhecido no passeio) e depois, com toda autoridade, começou a dar uma enorme bronca, furioso conosco, esbravejando que a gente quase morreu, perguntando onde estavam nossos pais, se a gente era doido de entrar sozinhos na água aquela hora de descida de maré e blá blá, blá blá blá, blá blá... 
Eu estava tão agradecida e atônita que só sabia olhar para ele e dizer: "desculpa, obrigada! Desculpa, obrigada! Desculpa, obrigada!" 
Só quem passou pela experiência de ser salvo, especialmente de ser salvo por uma imprudência/burrice/erro seu, sabe a contrição e a gratidão que isso provoca! Só quem passou por essa experiência vai saber do que estou falando... 
Mesmo sendo uma comparação rude, transferi o sentimento dessa memória para a espiritualidade do que fez Jesus por mim, por toda humanidade, por cada um de nós!
O povo que andava nas trevas estava destinado a se perder definitivamente, por sua própria culpa, por sua própria imprudência/burrice/erro, *pecado*. O ser humano estava destinado à perdição, morte, fim. Mas Deus jamais permitiria que isso acontecesse! Chegou ao cúmulo da humilhação por amor (porque o amor tem isso: quando verdadeiro, não se importa em se humilhar) e veio à terra vestindo nossa carne. "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós!" (Jo 1, 14) Ele não se apegou à sua condição divina (OBS.: DI-VI-NA!!), mas se esvaziou dela, diz a Palavra: "A-NI-QUI-LOU-SE", assumiu condição de escravo e se assemelhou a nós, por amor. (Fil 2, 7-8) Aceitou ser embrião, feto, bebê, totalmente dependente, vulnerável, pequeno... porque amou tanto o ser humano que quis vir a nós (porque o amor tem isso: quando verdadeiro, vai ao encontro do ser amado) para nos salvar! Para que todo que Nele cresse não perecesse, mas alcancesse a vida eterna! (Jo 3, 16) 
Muitos de nós temos brincado nos mares dessa vida alheios aos perigos que nos cercam. Como eu nos meus 13 anos na Praia de Boa Viagem naquele Domingo, vamos curtindo os prazeres da vida sem imaginar que estamos prestes a ser tragados pelo Mal, pelos pecados, pelas nossas imprudências/burrices/erros, orgulhos, mágoas, arrogâncias, omissões, falta de perdão, implicâncias, individualismos, esfriamento da fé, indiferença e até mesmo hostilidade à Deus... Mas Jesus nasceu em meio a nós não para nos condenar, mas para nos SALVAR! Para ser em nossa vida como aquele brigadista gigante e nos suspender pelos cabelos se for preciso e não deixar que nós pereçamos! E nós? Como ficamos diante dessa verdade? 
Minha experiência na Missa de Natal desse ano, ao me deparar com essas reflexões, foi a de deixar mesmo o rímel escorrer pela face no meio das lágrimas e repetir diante dos pezinhos do Santo Menino no momento da Comunhão: "desculpe e obrigada! Desculpe por tudo, e obrigada! Perdão! E obrigada, Senhor!" 

1 de dezembro de 2013

COROA DE ADVENTO

Significado e uso da Coroa de Advento


Descrição
Consiste numa coroa feita com ramos verdes e flores, na qual se inserem 4 velas, que significam as 4 semanas de preparação para o Natal, ou seja, o Advento.
Trata-se de um suporte, normalmente redondo, com um aro de arame ou madeira, revestido de ramos vegetais ou de musgo: ou seja, uma coroa entrançada com uma verdura que se conserva, como os fetos. Sem flores. Sobre ela colocam-se quatro velas novas, de cor uniforme ou variada, como se prefira. A coroa coloca-se sobre uma mesa, ou sobre um tronco de árvore, ou pendura-se elegantemente do tecto.
As 4 velas são acesas à medida que  os 4 domingos de Advento se vão cumprindo. No início da primeira semana de Advento acende-se uma vela. No segundo Domingo, duas. E assim sucessivamente até que, nas vésperas do Natal e no quarto Domingo, já estão acesas em todas as celebrações (dominicais e diárias) as quatro velas. Umas, naturalmente, gastaram-se mais que outras. [Também pode colocar-se uma quinta vela, branca no centro, na Noite de Natal: para expressar que o Advento foi tempo de preparação e é mais importante o Natal, com as suas duas grandes semanas. Pode-se juntar também uma imagem do Menino, dentro da própria coroa de Advento.]

História
É de origem germânica.  No Inverno, acendiam-se algumas velas que representavam o “fogo do deus sol”, com a esperança de que a sua luz e o seu calor voltasse. Os primeiros missionários aproveitaram esta tradição para evangelizar, relacionando-a com Jesus Cristo.
No séc. XVI torna-se símbolo do Advento nas casas dos cristãos. Este uso difunde-se rapidamente e implanta-se também na América.
No séc. XIX começou a colocar-se a coroa de Advento nas igrejas.
Existe uma tradição que sugere o nome das quatro velas: vela da Profecia, vela de Belém, vela dos Pastores, vela dos Anjos.

Uso da Coroa do Avento
O seu uso tem-se difundido cada vez mais entre nós. Ajuda a aprofundar a espera e a intensificar, em cada semana, a preparação para a vinda do Senhor. A coroa está formada por uma grande quantidade de símbolos.
Com este símbolo da coroa, simples e dinâmico, trata-se de ir criando uma atitude de espera, com o seu jogo numérico, com o simbolismo da luz do verde, e com uma aproximação gradual que convida à preparação da vinda de Cristo Jesus, Luz e Vida para todos. No meio de um mundo secularizado, que tende a celebrar o Natal com slogans meramente comerciais, a coroa pode ser um pequeno símbolo dos valores que nós, os cristãos, vivemos nestes dias.
Natal é a festa da luz: “O povo que andava nas trevas, viu uma grande luz”. Cristo é a Luz do mundo. É Ele quem, com a Sua vinda, nos ilumina e nos conduziu à esperança.
A coroa de Advento aponta para o crescendo da Luz de Cristo, que dissipa as trevas deste mundo. Ao acender semana após semana os quatro círios da coroa, significamos os nossos passos de aproximação à luz que vem sobre nós e é Cristo Jesus.