23 de dezembro de 2014

CADÊ O NATAL?


Cadê o Natal como celebração do nascimento de Jesus? Cadê o presépio na sala, a leitura bíblica em família, as crianças catequizadas pelo significado da festa? Cadê a Missa do Galo, que inspirou um dos mais belos contos de Machado de Assis?
Serei saudosista? Talvez, sobretudo considerando que a pós-modernidade troca o sólido pelo gasoso, o emblemático pelo mercantil, a irrupção do sentido pela compulsão consumista.
Eis o sistema, com a sua força incontida de banalizar até mesmo a mais bela festa cristã. Na contramão de Jesus, vamos escorraçando o filho de Deus do espaço religioso e introduzindo as mesas dos cambistas que comercializam os produtos do Papai Noel.
O velho barbudo pode ser encantador para as crianças, devido à massificação cultural que as induz a preferir Coca-Cola a leite. Contudo, haverá mais mistério no ancião que desce pela chaminé ou na criança que é a própria presença de Deus entre nós?
Aliás, ao ser inventado, Papai Noel vestia verde. O vermelho foi mercadologicamente imposto pelo mais consumido refrigerante do mundo. Porém, nada tem a ver com a nossa realidade o velhinho que veio do frio.
Somos um país tropical, jamais andamos de trenó e sequer em nossos zoológicos há renas. Mas, como despertar uma nação secularmente colonizada? Como livrar a cabeça do capacete publicitário? Basta conferir o número de lares que trocam a boa e potável água do filtro de barro pela garrafa pet do supermercado, contendo líquido de salubridade duvidosa.
Minha mãe, mestra em culinária, contava que, outrora, as madames cariocas, com a cabeça feita pela Belle Époque, pediam no açougue “lombinho francês”. E muitas acreditavam que aquele naco de carne de porco havia cruzado o Atlântico para agradar o paladar refinado de quem, com certeza, achava uma porcaria o porco daqui...
O grupo de oração de São Paulo, do qual participo, decidiu confraternizar-se com presentes zero. Queremos presenças na celebração. O grupo de Belo Horizonte instituiu o “amigo culto” (e não oculto): sorteada a pessoa, ela recita uma poesia, entoa um canto, narra uma fábula ou conta um “causo” que faça bem à alma.
Meus amigos Cláudia e Jorge decidiram que, neste ano, nada de shopping! Levarão as crianças ao hospital pediátrico, para que brinquem com os pequenos enfermos.
Isto, sim, é encontrar Jesus, como reza o evangelho da festa de Cristo Rei: “Estive enfermo e me visitaste” (Mateus 25, 36).


Isso é muito mais do que cultuar Jesus no presépio, em imagem de gesso. É encontrá-lo vivo naqueles com os quais ele se identificou.
Mas há quem prefira entupir as crianças de Papai Noel, “educá-las” centradas no shopping, incentivá-las a escrever cartinhas com requintados pedidos. Tomara que, mais tarde, não se queixem dos adolescentes consumistas, escravos monoglotas dos celulares, indiferentes ao sofrimento alheio e desprovidos de espiritualidade.

Autor: Frei Betto, escritor e ao que me consta, apesar de petista, ainda dominicano. 

19 de dezembro de 2014

Sugestão para Árvore de Natal Catequética

Esse ano pensei em comprar uma árvore de Natal nova, maior, enfeitar mais bonita. Mas pensei melhor e fiquei imaginando como iria protegê-la da curiosidade do meu caçula! Pensamos até em fazer uma espécie de cerca, meu marido cogitou eletrificá-la com as luzinhas para uma maior eficácia (brincadeira, gente, por favor)... 
Resumindo, refletindo melhor e sempre nessa busca de um Natal mais próximo do mistério da Encarnação naquela gruta em Belém, decidi que melhor mesmo era simplificar tudo. 
Peguei uma antiga mesa um pouco mais alta (para pelo menos dificultar as ações de exploração do bebê), encontrei a árvore velhinha e montei no canto da sala. Ano passado tinha unido aos enfeites tradicionais as fotos do bebê ao longo de seu primeiro aninho e usado na decoração da sua festinha de aniversário (que é em Novembro) e como todo mundo amou acabei deixando até o dia de Santos Reis. Depois me lembrei que tinha doado todos os enfeites de colocar na árvore e me cansei só de pensar em ter que enfrentar as lojas lotadas para comprar novos... 
Então, em meio às caixas de fitas e luzinhas que tinham sobrado encontrei uns adesivos para colocar em embrulhos de presente, do tipo "De:...; Para:..." com desenhos natalinos. Foi aí que veio a inspiração de colá-los em pregadores de roupa e espalhar pela árvore. Ao longo dos dias do Advento, fui trabalhando com as crianças palavras-chave de atitudes e sentimentos que representam o verdadeiro Natal. 





Aproveitamos as Missas do Advento, a presença da Coroa do Advento, o presépio (colocado numa bancada bem alta, a salvo, e que nesse ano fomos montando aos poucos até que esteja completo na noite de Natal), as meditações da Novena de Natal (esse ano usamos a da Canção Nova, muito simples, didática mas profunda) e os acontecimentos do dia-a-dia para ir paulatinamente escrevendo as palavras nos cartõezinhos. As crianças compraram a ideia e estão sempre atentas e sugerindo palavras e meditações para acrescentarmos na árvore de Natal. Por um Natal mais vivencial e menos comercial, esta é a minha sugestão! 

14 de outubro de 2014

Teste: Grau de Tolerância ao Discurso Divergente e Coerência Democrática

"Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo."
 (Citação atribuída a Voltaire)

Numa democracia, teoricamente, todos tem voz, o diálogo é plural. Certo? Nem sempre... Faça o teste abaixo do seu  "Grau de Tolerância ao discurso Divergente e Coerância Democrática" e analise se você tem dois pesos e duas medidas quando se trata de debater suas convicções. 



Se você acha um absurdo que uma pessoa homossexual finja que não é homossexual em seu trabalho, na sua escola, no Congresso ou onde quer que seja, para ser coerente,não pode querer que alguém que se diz cristão igualmente finja que não é cristão em seu trabalho, sua escola, no Congresso ou onde quer que seja! Se você julga que a sexualidade de uma pessoa é algo que não deve ser reprimida ou disfarçada, por que a fé da pessoa deveria ser? Se você acha que a comunidade LGBT tem algo de positivo a manifestar para esse mundo e a sociedade e que tem o direito de se expressar, seja lá sobre o que for, e acha que é injustiça ser discriminada sem que ao menos ouçam o que se tem a dizer, por que condenar a religião, as Igrejas, a comunidade cristã quando se propõe a fazer o mesmo? Por que as minorias LGBT e outras devem ter espaço no debate político e os cristãos podem ser taxados de fundamentalistas e tomar um "cala a boca" sem chance do tal do "diálogo plural"? Por que a sociedade tem que aceitar a maneira de ver o mundo LGBT e "Deus me livre" de pastores e padres na política?! Por que tudo agora cai na categorização de "fobias" e as piadas sobre cristãos fazem parte da liberdade de expressão?  

Eu não entendo essa lógica e não aceito esses critérios. Ou somos uma democracia ou não. Ou temos liberdade de expressão ou não. Se o diálogo é plural todos deveriam poder emitir opinião mas a Igreja e os cristãos devem permanecer no fóro íntimo, não se misturar, não se meter. Vocês vão me desculpar, mas eu sou cristã e isso aqui ainda não é a Venezuela, nem Cuba! Eu vou falar, eu vou denunciar, eu vou anunciar, EU VOU PROFETIZAR! Essa é a essência da minha fé! Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura! Mc 16, 15 Essa é a verdade pela qual somos chamados a dar a vida! CRISTO É A VERDADE!  O Papa Bento XVI explica muito bem em sua Encícllica Caritas in Veritate, § 9: 

"A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende « de modo algum imiscuir-se na política dos Estados »; mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação. Sem verdade, cai-se numa visão empirista e cética da vida, incapaz de se elevar acima da ação porque não está interessada em identificar os valores — às vezes nem sequer os significados — pelos quais julgá-la e orientá-la. A fidelidade ao homem exige a fidelidade à verdade, a única que é garantia de liberdade (cf. Jo 8, 32) e da possibilidade dum desenvolvimento humano integral. É por isso que a Igreja a procura, anuncia incansavelmente e reconhece em todo o lado onde a mesma se apresente. Para a Igreja, esta missão ao serviço da verdade é irrenunciável. A sua doutrina social é um momento singular deste anúncio: é serviço à verdade que liberta. Aberta à verdade, qualquer que seja o saber donde provenha, a doutrina social da Igreja acolhe-a, compõe numa unidade os fragmentos em que frequentemente a encontra, e serve-lhe de medianeira na vida sempre nova da sociedade dos homens e dos povos."

A Igreja, os cristãos não vão se calar. E nem os outros grupos deveriam! Obviamente dentro dos limites legais, mas se estes forem ultrapassados, pouco importa se a pessoa é homossexual ou cristão, posto que se tornou criminoso (não interessa a sexualidade e a crnça). Mas se você ama a liberdade, respeite a democracia! Seja coerente e exija que todos tenham voz! Ensine as crianças que todos podem ter suas opiniões e que devemos respeitar a liberdade de todos: isso sim é respeito à diversidade! Discorde dos homossexuais, discorde dos cristãos, mas mantenha a classe, mantenha a civilidade, mantenha a coerência, tenha apenas um peso e uma medida. 

30 de setembro de 2014

Aborto e o Grupo de Mães



Trascrevo uma reflexão (com adaptações) que fiz em um desses Grupo de Mães do Facebook, em diálogo sobre a questão do aborto.

O nome desse grupo é MÃES de Brasília. Todas nós celebramos a existência dos nossos filhos a partir do primeiríssimo momento em que soubemos que seríamos mães. Toda a equipe médica se dirigia a nós como mães desde o exame de sangue até a 1ª ecografia. Se houve a concepção, há vida, a mulher não é apenas mulher, mas passou a ser mãe. Nunca vou entender como a compreensão da maternidade pode mudar de acordo com as circunstâncias. Como um coração de mãe pode escolher entre um filho e outro assim? Eu simplesmente não entendo. Eu tenho 4 filhos, NUNCA seria capaz de escolher qual deles eu queria vivo ou morto. Pergunte a algum menino abandonado se ele prefere viver ou se você pode matá-lo para que ele não sofra. Existem os dilemas éticos mas NÃO EXISTE SOLUÇÃO FÁCIL PARA PROBLEMA DIFÍCIL. Discriminalização do aborto não é a solução. Mulheres morrem fazendo aborto ilegal? Triste realidade... Mas a melhor solução que se apresenta é legalizar o que é ilegal para resolver a questão? Por essa lógica então devemos legalizar o tráfico de drogas por que tem matado nossa juventude pelo consumo e pela comercialização ilegal? Não é uma solução inteligente e aceitável. No Brasil a pena de morte é proibida, cláusula pétrea da Constituição. Que eu saiba não há no código penal pena de morte quando seu pai é um estuprador (nem pro pai nem pro filho!). Direito da mulher sobre seu corpo? Não é difícil averiguar a informação de que desde o 1º segundo da concepção o óvulo fecundado tem um DNA absolutamente diferente do da mãe e do pai, é um terceiro indivíduo que sim, depende da mãe para se desenvolver, mas não pode ser classificado como um órgão da mãe ou um tumor. Nós, como mães, sabemos que esse indivíduo continuará em estado de "potência" e dependência por longos e longos anos, mas é um indivíduo, um ser humano, e eu acredito (e me permitam dizer pois graças a Deus vivemos num país laico e democrático), um FILHO DE DEUS, que consigo traz vida e promessas...
Aborto não apaga a maternidade da história da mulher, apenas faz dela a mãe de um filho morto. E só quem é mãe de um filho que morreu conhece essa dor. Quem é a favor do aborto, convido para conhecer comigo o grupo que acompanho de MÃES que abortaram (por variados motivos e aqui ao meu ver não cabe julgamento nosso) e ver com os próprios olhos o que o aborto faz com uma mulher, com sua vida, sua história, sua alma e seu coração... Muitas retiram seus filhos de suas vidas num momento de desespero e falta de apoio (inclusive do Estado!) mas eles jamais saem de suas cabeças, de suas almas, de seus corações... O impedimento desses filhos de se desenvolverem e nascerem, não faz com que eles não tenham existido e esse fato é uma tragédia no ser sensível de uma mulher, ou melhor, de uma mãe! Mata-se um filho e, embora continue a viver, sepulta-se para sempre uma mãe. Como legalizar a possibilidade de tamanha tragédia?
“Ah! Quem não é a favor do aborto que não faça um!” Quanta miséria intelectual, moral e espiritual nesse tipo de pensamento! Quanta superficialidade para tratar de um assunto tão denso e complexo! Como se a descriminalização do aborto fosse uma questão de foro íntimo e não abrangesse a instituição familiar e o tipo de sociedade que pretendemos construir e o próprio entendimento do que é a dignidade humana!
Em nosso país as pessoas não tem o direito de decidir a respeito da vida ou da morte de quem quer que seja, nem mesmo a Justiça pode decidir isso. A Mãe não pode decidir se o filho poderá continuar vivendo ou não por qualquer motivo que ela alegue. Nem mesmo se o feto (ou qualquer pessoa) matasse ou roubasse nem a mãe nem ninguém em nosso país poderia decidir por sua vida ou por sua morte. Ponto. Um feto na barriga de sua mãe já está com vida, embora ainda dependa dela para continuar vivendo.

17 de setembro de 2014

Carta de Jesus para você


Eu escrevo da minha cruz à sua solidão. A você, que tantas vezes olhou para mim sem me ver e me ouviu sem me escutar. A você, que tantas vezes prometeu me seguir de perto e, sem saber por quê, se distanciou das pegadas que lhe deixei no mundo para que você não se perdesse.
 
A você, que nem sempre acredita que estou ao seu lado, que me procura sem me achar e às vezes perde a esperança em me encontrar. A você, que de vez em quando pensa que eu sou apenas uma lembrança e não compreende que estou vivo.
 
Eu sou o começo e o fim; sou o caminho para você não se desviar, a verdade para que você não erre, e a vida para que você não morra. Meu tema favorito é o
amor, que foi minha razão para viver e para morrer.
 
Eu fui livre até o fim; tive um ideal claro e o defendi com o meu sangue para salvar você. Fui mestre e servidor, sou sensível à amizade e há muito tempo espero pela sua.
 
Ninguém como eu conhece sua alma, seus pensamentos, seu proceder, e sei muito bem quão grande é o seu valor. Sei que talvez sua vida pareça pobre aos olhos do mundo, mas sei também que você tem muito para dar, e tenho certeza de que, dentro do seu coração, há um tesouro escondido: conheça-se e então você reservará um lugar para mim.
 
Se você soubesse quanto tempo faz que bato à porta do seu coração e não recebo resposta! Às vezes sofro quando você me ignora e me condena, como Pilatos; também sofro quando você me nega, como Pedro; e quando me trai, como Judas.
 
Hoje, eu lhe peço que se una à minha dor, que carregue sua pequena cruz junto à minha. Peço-lhe paciência com relação aos seus inimigos, amor ao seu cônjuge, responsabilidade com seus filhos, tolerância com os idosos, compreensão com seus irmãos, compaixão pelo que sofre, serviço com todos, assim como eu vivi e lhe ensinei.
 
Eu não gostaria de voltar a vê-lo egoísta, rebelde, inconformado, pessimista. Gostaria que sua vida fosse alegre, sempre jovem e cristã. Cada vez que você desanimar, procure-me e me encontrará; cada vez que você se sentir cansado, converse comigo, conte-me seus problemas.
 
Cada vez que você achar que não serve para nada, não se deprima, não se ache inferior, não se esqueça de que precisarei da sua pequenez para entrar na alma do seu próximo.
 
Cada vez que você se sentir sozinho na estrada, não se esqueça de que estou com você. Não se canse de me pedir, que eu não me cansarei de lhe dar; não se canse de me seguir, que eu não me cansarei de acompanhar você.
 
Nunca o deixarei sozinho.
 
Fonte: Oleada Joven

14 de setembro de 2014

Eu amo a mensagem da Cruz


Na festa da exaltação da Santa Cruz, recordo das palavras sábias do meu pároco na homilia: "A meditação da Cruz de Cristo deve nos remeter à meditação das nossas próprias cruzes". Em dias em que usar a cruz leva pessoas a perderem o emprego ou literalmente a cabeça, as palavras de São Paulo são cada vez mais verdadeiras e atuais: "A linguagem da cruz é LOUCURA para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina." (1 Cor 1, 18) 
Loucura. O mundo considera a Cruz loucura, morte, fracasso, ficção, exagero, desnecessária, dispensável, ofensiva. Ateus e outras denominações religiosas se ofendem em ver uma cruz em local público, não aceitam o que consideram um proselitismo desrespeitoso a laicidade do país. A Cruz é considerada cafona, fanatismo, falta de instrução ou inteligência. O mundo rejeita a Cruz e seu simbolismo com toda hostilidade. 
Bom, nosso país ainda é uma democracia, graças a Deus não é um país ateu (nem por seu povo nem por sua Constituição) e não se pode ignorar que é um país massivamente cristão. Enquanto cidadã brasileira eu tenho o direito de me expressar religiosamente e quero pedir licença: eu me prosto sob a Cruz de Cristo. Eu a uso, eu a tenho em minha casa, eu a quero em locais públicos. Faço questão que minha voz seja ouvida, faço questão de não ser ignorada. É um símbolo de fé, símbolo da religiosidade de milhões de compratiotas, recordação de uma acontecimento histórico relevante mundialmente (isso é inegável!), símbolo do que a falta de uma justiça imparcial pode fazer com os homens. 

4 de setembro de 2014

Oração para pedir a paz na Família

Quando a família está bem, o país está bem; quando o país está bem, a grande comunhão humana vive em paz. (LÜ BU WE, filósofo chinês).

11 de julho de 2014

Que seja pra sempre



Existe um rock nacional que canta: "Eu sei que é pra sempre / Enquanto durar / Eu peço somente / O que eu puder dar"... Vemos no refrão a paráfrase do verso famoso do Soneto da Fidelidade de Vinícius de Morais: "Eu possa me dizer do amor (que tive): / Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure."


A doutrina da Igreja Católica afirma que o verdadeiro amor é exclusivo e o vínculo matrimonial é indissolúvel (CIC 1638), e isso exclui o exercício da poligamia, infidelidade, adultério. Isto por que a união do casal foi sonhada por Deus para ser uma expressão do amor de Deus ao homem, da aliança que o Senhor fez com a humanidade desde Abraão, de maneira irrevogável na Encarnação e no fim dos tempos, com a Igreja. O livro do profeta Oséias expressa esse amor apaixonado de Deus pelo povo infiel, o Cântico dos Cânticos evidencia esse amor esponsal e nas Epístolas do Novo Testamento, São Paulo compara o amor de Cristo a Igreja ao amor conjugal. 

Então quando analisamos o lirismo da ideia "enquanto durar", como cristãos, devemos ter em mente que num relacionamento sacramental, isso se remete à morte, e não até quando quisermos, até quando acharmos conveniente. Enquanto durar: tradução cristã = enquanto estivermos sobre essa terra, pois no sacrameto do matrimônio nos comprometemos livre e conscientemente num "amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para o com o outro até a morte"! (CIC 2361) 

Ensina o Catecismo no parágrafo 2381:

O ADULTÉRIO É UMA INJUSTIÇA. Quem o comete falta com seus compromissos. Fere o sinal da Aliança que é o vínculo matrimonial, lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, violando o contrato que o fundamenta. Compromete o bem da geração humana e dos filhos, que têm necessidade da união estável dos pais. 

E Jesus explicou claramente, sem rodeio nenhum, aos fariseus em Mt 19, 3-9: 

Os fariseus vieram perguntar-lhe para pô-lo à prova: É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?  Respondeu-lhes Jesus: Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne?” Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu. Disseram-lhe eles: Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-la? Jesus respondeu-lhes: É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no começo não foi assim. Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério. 

Não falta JAMAIS a ajuda do alto para que os vocacionados ao matrimônio sejam fiéis e felizes em sua opção de fidelidade (antes a Deus e depois um ao outro). 

Em seu estado de vida e função, (os esposos cristãos) têm um dom especial dentro do povo de Deus." Esta graça própria do sacramento do Matrimônio se destina a aperfeiçoar o amor dos cônjuges, a fortificar sua unidade indissolúvel. Por esta graça eles se ajudam mutuamente a santificar-se na vida conjugal, como também na aceitação e educação dos filhos.
CRISTO É A FONTE DESSA GRAÇA! Como outrora Deus tomou a iniciativa do pacto de amor e fidelidade com seu povo, assim agora o Salvador dos homens, Esposo da Igreja, vem ao encontro dos cônjuges cristãos pelo sacramento do Matrimônio. Permanece com eles, concede-lhes a força de segui-lo levando sua cruz e de levantar-se depois da queda, perdoar-se mutuamente, carregar o fardo uns dos outros, "submeter-se uns aos outros no temor de Cristo" (Ef 5,21) e amar-se com um amor sobrenatural, delicado e fecundo. Nas alegrias de seu amor e de sua vida familiar, Ele lhes dá, aqui na terra, um antegozo do festim de núpcias do Cordeiro. (CIC 1641-42) 

Mas ainda assim, mesmo com toda o amor que os levou um dia a se unirem em matrimônio, mesmo com toda a graça divina que não para NUNCA de jorrar, os esposos se vêem tentados em sua fidelidade e correm o risco de se apaixonarem por outras pessoas. Embora o mundo venha se esforçando em relativizar o vínculo matrimonial, afirmando que o importante é "ser feliz", que "vale tudo para viver uma grande paixão", que as crianças superam pois "serão felizes na medida que os pais estejam felizes", deformando a essência da verdadeira felicidade, nós cristão verdadeiros GRITAMOS contra o mundo nosso testemunho de AMAR DE VERDADE não é desistir do outro, e sim se sacrificar. Não é buscar seu bem estar e prazer, mas antes ter mais alegria em dar que em receber. Não é trocar por outro(a) melhor, mas reconhecer e agradecer todos os esforços do outro e aceitá-lo(a) com seus defeitos e qualidades... 

Não é fácil! Jesus dizia: permaneçam comigo pois sem mim, nada podeis fazer! (Jo 15,5) Sem Jesus o casal seca como um galho arrancado de uma árvore e aí cai mesmo, peca, rompe sua ligação com Deus e com o seu companheiro(a) e consequentemente começa a se deteriorar num nível pessoal. Não podemos vacilar! Não podemos achar que nunca acontecerá conosco! Ninguém está livre de trair e também de ser traído. É uma via de mão dupla: tanto nossos comportamentos e atitudes quanto os dos nossos cônjuges podem fazer com que venhamos a trair ou sermos traídos. Precisamos orar e vigiar para não cairmos em tentação, pois o espírito pode até estar pronto (e nem sempre está!), mas a carne sempr será fraca. (Mt 26, 41). 

A expressão "orar e vigiar" nos remete a duas esferas: a sobrenatural e a natural. A busca espiritual do casal é imprescindível. Já que buscaram o sacramento do Matrimônio, isso implica uma adesão a Cristo e a Igreja, pelo menos em tese. Se assim não fosse, qual o sentido de ir até a Igreja para pedir a bênção divina em sua união? Se foi apenas pela tradição, ainda assim, nunca cessa o convite amoroso do Pai, em Cristo, pelo Espírito, para que o busquem de coração sincero e recebam a força necessária para serem bons e consequentemente felizes nesta vida. É imprescindível buscar a Deus, servir a Deus, orar, participar da comunidade JUNTOS. Só assim teremos forças para não cairmos em tentação. E vigiar! Vigiar, não somente o cônjuge! Mas antes de tudo, a nós mesmos, nos conhecermos, saber quais são nossos limites, nossos pontos fracos, o que fazemos que pode provocar no outro algum sentimento que o deixe vunerável a ponto de cogitar estar com outra pessoa... A música citada no início dsse texto tem uma frase para fazer pensar: "Eu quero somente o que eu puder dar". Como tem sido nossas cobranças e exigências diante do que temos oferecido à pessoa que um dia escolhemos para nos tornar uma só carne, um só espírito, um só coração? Como vai nosso diálogo? Outra canção afirma: "Meu melhor amigo é o meu amor!" Seu esposo(a) tem ocupado o cargo de seu melhor amigo(a)? Você tem sido esse melhor amigo(a) na relação de vocês? 

Para finalizar essa reflexão, quero partilhar dois artigos que podem colaborar para analisarmos nossas atitudes e os sinais de que algo em nosso agir possa estar facilitando as quedas (nossas e de quem amamos). 

Por que uma esposa se apaixona por outro homem?: http://familia.com.br/por-que-uma-esposa-se-apaixona-por-outro-homem 





E que Deus nos dê a graça de os nossos relacionamentos serem eternos, felizes,  mais do efêmeras chamas, mas verdadeiramente imortais, fortes como a morte, e que as águas e torrentes jamais possam apagar (Ct 8, 6-7)! Que sejam testemunhos dignos do amor irrevogável, incondicional, que ultrapassa todos os sacrifícios e até mesmo a morte que Deus tem para com o homem! Com a força do Espírito Santo, amor do Pai e do Filho, isto é possível. Que Maria e José protejam nossos casamentos! Que assim seja! Amém! 




15 de maio de 2014

"A VITÓRIA É NOSSA!"



Muitas vezes nos vemos em verdadeiras guerras em nossa vida. São perseguições, doenças, brigas, problemas na justiça, problemas financeiros, problemas na família, problemas, problemas, problemas para todos os lados! Sentimo-nos batalhando, lutando, nos cansamos, nos abatemos e nossa fé se abala. Tememos a derrota, o fracasso, nos sentimos fracos... Não podemos perder de vista que nossa guerra não é contra homem nenhum, nem contra carne, nem contra o sangue, pelo contrário, a Palavra de Deus não deixa dúvidas sobre contra quem estamos batalhando em Efésios 6, 12: contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. Essa guerra já foi ganha!!! Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? (1Jo 5,5) Estamos do lado vencedor se estamos no exército de Cristo! Não podemos ter dúvidas quanto a isso! Somos mais que vencedores pela virtude de Cristo! (Rm 8, 37) Ora, Aquele que venceu o pecado, que venceu Satanás, que venceu até a morte, vai perder mais o quê? Vai fracassar em quê? Creia! Confie! Ele tem lutado suas batalhas e o SEU AMOR VENCERÁ! Busque a Deus e combata na ORAÇÃO! 

TERÇO DA BATALHA
Creio/ Pai-Nosso/ 3 Ave Marias
CONTAS GRANDES: Deus do céu, me dê forças. Jesus Cristo me dê coragem para esta luta eu hei de vencer. Sem morrer, sem enlouquecer, sem muito me abater. Deus pode, Deus quer. Esta batalha eu hei de vencer.

CONTAS PEQUENAS: Eu hei de vencer, Jesus Cristo me ama e me resgata com seu poder.

FINAL: (repetir 3X com a mão batendo com confiança sobre o peito): A vitória é nossa pelo sangue de Jesus!


SALVE RAINHA.

26 de março de 2014

Salmo 34


(Poema didático que reúne, em sequência alfabética, uma série de breves sentenças sobre a proteção divina. O salmista utiliza o canto individual de ação de graças para formular a experiência espiritual de quem vive sob a proteção divina e se empenha na prática do bem.)* 

1. De Davi. Lutai, Senhor, contra os que me atacam; combatei meus adversários.
2. Empunhai o broquel e o escudo, e erguei-vos em meu socorro.
3. Brandi a lança e sustai meus perseguidores. Dizei à minha alma: Eu sou a tua salvação.
4. Sejam confundidos e envergonhados os que odeiam a minha vida, recuem humilhados os que tramam minha desgraça.
5. Sejam como a palha levada pelo vento, quando o anjo do Senhor vier acossá-los.
6. Torne-se tenebroso e escorregadio o seu caminho, quando o anjo do Senhor vier persegui-los,
7. porquanto sem razão me armaram laços; para me perder, cavaram um fosso sem motivo.
8. Venha sobre eles de improviso a ruína; apanhe-os a rede por eles mesmos preparada, caiam eles próprios na cova que abriram.
9. Então a minha alma exultará no Senhor, e se alegrará pelo seu auxílio.
10. Todas as minhas potências dirão: Senhor, quem é semelhante a vós? Vós que livrais o desvalido do opressor, o mísero e o pobre de quem os despoja.
11. Surgiram apaixonadas testemunhas, interrogaram-me sobre faltas que ignoro,
12. pagaram-me o bem com o mal. Oh, desolação para a minha alma!
13. Contudo, quando eles adoeciam, eu me revestia de saco, extenuava-me em jejuns e rezava.
14. Andava triste, como se tivesse perdido um amigo, um irmão; abatido, me vergava como quem chora por sua mãe.
15. Quando tropecei, eles se reuniram para se alegrar; eles me dilaceraram sem parar.
16. Puseram-me à prova, escarneceram de mim, rangeram os dentes contra mim.
17. Senhor, até quando assistireis impassível a este espetáculo? Arrancai desses leões a minha vida, livrai-me a alma de seus rugidos.
18. Vou render-vos graças publicamente, eu vos louvarei na presença da multidão.
19. Não se regozijem de mim meus pérfidos inimigos, nem tramem com os olhos os que me odeiam sem motivo,
20. pois nunca têm palavras de paz: e armam ciladas contra a gente tranqüila da terra,
21. escancaram para mim a boca, dizendo: Ah! Ah! Com os nossos olhos, nós o vimos!
22. Vós também, Senhor, vistes! Não guardeis silêncio. Senhor, não vos aparteis de mim.
23. Acordai e levantai-vos para me defender, ó meu Deus e Senhor meu, em prol de minha causa!
24. Julgai-me, Senhor, segundo vossa justiça. Ó meu Deus, que não se regozijem à minha custa!
25. Não pensem em seus corações: Ah, tivemos sorte! Não digam: Nós o devoramos!
26. Sejam confundidos todos juntos e se envergonhem os que se alegram com meus males, cubram-se de pejo e ignomínia os que se levantam orgulhosamente contra mim.
27. Mas exultem e se alegrem os favoráveis à minha causa e digam sem cessar: Glorificado seja o Senhor, que quis a salvação de seu servo!

28. E a minha língua proclamará vossa justiça, dando-vos perpétuos louvores.
*Comentários da Bíblia Sagrada, Ed. Vozes

12 de fevereiro de 2014

O Caminho



É impossível caminhar por mais de um caminho ao mesmo tempo. A partir do momento em que escolhemos dar um passo, um único passo em alguma direção, mesmo que estejamos inseguros, já fizemos nossa opção de caminho.

A vida é maravilhosa! Quantas vias se apresentam diante de nós! Quantas possibilidades! Às vezes é difícil discernir o que queremos para nós! Para aqueles que refletem, que analisam, que são guiados por valores morais e espirituais e de solidariedade, muitos caminhos são descartados: caminho de trevas, de vícios, de traições, de desonestidades, por exemplo... e muitos outros! Pois tudo me é permitido, mas nem tudo me convém (1 Cor 6, 12).

Mas, descartando-se essas vias não tão boas assim, ainda nos sobram muitas opções. Como escolher?

O ideal era escolher um caminho, descartar todos os outros (já que é impossível manter os dois pés caminhando em caminhos diferentes!), e seguir decididamente por ele, um pé atrás do outro, um passo de cada vez, assumindo os ganhos e prejuízos de nossas escolhas e nos dirigindo à meta de modo gradual e com convicção.

Mas há pessoas que ficam demoradamente no ponto de partida, olhando todos os caminhos à sua frente, sem conseguir definir que trajeto trilhar. Arriscam um passo numa via, se arrependem e voltam; caminham por alguma outra estrada sem olhar para frente, com saudades de outra opção de itinerário, pulam de trilha em trilha, receosos de terem escolhido errado...

Existem aquelas pessoas que “travam” e se negam a dar qualquer passo em qualquer caminho que seja. Ou por sentirem que estão muito bem no ponto em que se encontram, ou por que a incapacidade de fazer uma escolha as paralisam. Conheço algumas pessoas que se sentam numa cadeira de rodas existencial e são levadas por outras, por caminhos que foram escolhas de terceiros, perdem sua autonomia, seu poder de decisão, e consequentemente, perdem o controle de suas próprias vidas, tornam-se objeto que outros empurram...

E existem também aquelas pessoas que escolhem um caminho, passam dias e noite dando passos e mais passos, na ilusão de estarem caminhando, de estarem se dirigindo para algum lugar, mas estão andando em círculos. Se prendem em sua teimosia, são escravos de suas próprias convicções, empreendem esforços espetaculares e ficam cegos para o horizonte verdadeiro, enganando-se nas curvas de seu trajeto. Pensam que estão chegando, mas na verdade se encontram num deserto tentando alcançar a miragem de um oásis que nunca chega.

Com tudo isso, o tempo passa e o que acontece na verdade é que não se alcança a meta, pois não existe caminho sem ponto de partida e ponto de chegada.

O propósito de caminhar é chegar, ou não é? Por isso nunca me dei bem com esteiras ergométricas... Obviamente que, enquanto caminhamos, contemplamos paisagens, encontramos pessoas, vivemos experiências e tudo isso enriquece nosso ser. Mas se não quiséssemos chegar a algum lugar, para que caminhar? Se não tivéssemos que chegar em nenhum lugar, poderíamos ficar parados, onde estamos... Mas aparentemente fomos feitos para ir!

E você? Em que situação se encontra? Está caminhando no caminho que escolheu livremente? Está parado em algum ponto da estrada? Está sendo levado pelas escolhas de outras pessoas? Ou ainda está parado, pés fincados no chão, sem dar passos, sem optar por uma via, sem vislumbrar sua meta?

Não fomos feitos para ficarmos parados, como plantas ou pedras. Fomos feitos para ir. E não como um cachorro vai, ou um pássaro voa, ou um rebanho é conduzido: fomos feitos para ir por nossa vontade, no uso de nossa liberdade, sob análise de nossas aspirações e consciência. Fomos feitos para ir, sozinhos ou em grupo, mas a escolha do caminho é pessoal e intrasferível, as consequências chegam em particular e cada passo é individual, irremediavelmente individual...

Pense, reflita, e se decida. Escolha um caminho. Dê passos. Não tenha medo. Ore. Sempre há a chance de voltar e recomeçar, mas não fique mais estacionado. A vida está passando! Você não foi abençoado com o dom de existir, de viver, para ficar cristalizado num ponto. Viva, mexa-se, VÁ! Vá mesmo inseguro, vá mesmo sem certezas, vá mesmo cansado ou machucado, mas não se detenha mais. A vida está passando e essa é a única vida que você terá para viver! Existe um caminho de Verdade e de plenificação esperando seus pés tocarem nele. Existe uma Meta que espera ardentemente ser alcançada (até mais do que você deseja alcançá-la)...

Faça a opção que fizer, sendo profissionalmente, na vida afetiva ou familiar, em termos de saúde ou na vida financeira, a via que escolher será a correta se o Caminho for Jesus. A Meta, não importa suas escolhas ou convicções, é o Pai. Então coloque um bom calçado nos pés e dê passos, caminhe. 

Como podemos conhecer o caminho? Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14, 5b-6