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13 de julho de 2016

A formação do cânon católico e protestante das Sagradas Escrituras


            A Bíblia se formou muitos séculos antes de Cristo, num processo histórico da relação do povo hebreu (posteriormente judeu) com Deus que se revelava. Neste desenvolvimento gradativo, certos episódios e pronunciamentos tomavam expressão de destaque e iam sendo transmitidos de geração em geração em primeiro lugar oralmente, depois foi sendo feito o registro de maneira flexível, com variações, adaptações, cortes e acréscimos, sem que houvesse um peso de canonicidade.
Só a partir da época do exílio da Babilônia a ideia de cânon começou a se delinear e, mais precisamente em 621 a.C., com a descoberta do “Livro da Lei” no Templo de Jerusalém no reinado de Josias, ela foi começando a se estruturar de fato. O Pentateuco (os “5 rolos”, a famosa Torah: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) já estava composto mas não tinha um caráter normativo, tanto que não foi citado nas mensagens proféticas deste período, fato que só ocorreu a partir do século IV com a leitura do Livro da Lei e sua estipulação de obrigatoriedade pelo sacerdote Esdras (Ne 8).
Os livros que chamamos de históricos (mas que povo hebreu denominava como “profetas anteriores”: Josué, Juízes, Samuel e Reis) só foram lavrados no tempo do Exílio, contudo, apenas receberam status de canônicos pelo século III a.C. quando começaram a ser lidos nas sinagogas juntamente com os “Profetas”, ou Nebiim (“Profetas posteriores”: Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze menores). Assim, uma Bíblia Hebraica com duas grandes partes (a “Lei” e os “Profetas”) já era conhecida neste tempo.
Por fim, o terceiro bloco, que nomeamos hoje em dia por “livros didáticos” ou “sapienciais” (cognominado “Escritos” pelos judeus, ou Ketubim), teve delimitação mais vagarosa do ponto de vista da canonicidade. Nele temos os Salmos (que já eram consagrados pelo uso litúrgico muito antes de serem recompilados), escritos atribuídos a Salomão (Provérbios e Cânticos), Daniel e a obra cronística (Crônicas, Esdras e Neemias). Outros escritos variados eram venerados e lidos e foram incluídos (Jó, Rute, Lamentações, Eclesiastes, parte de Ester), mas outros com o tempo foram sendo excluídos do cânon judaico.
Existiu também uma versão traduzida para o grego desse documento, a conhecida Septuaginta (LXX) ou Cânon Alexandrino, que era lida e venerada por judeus que não moravam na Palestina, os judeus da Diáspora. Nesta versão foram incluídos os chamados livros “deuterocanônicos” (segundo cânon: Sirácida ou Eclesiástico, Sabedoria, Tobias, Judite, Baruc e 1-2 Macabeus, além de anexos aos textos de Ester e Daniel). Contudo, essa versão não perdurou entre os judeus e nunca foi reconhecida como canônica pelo judaísmo oficial (rabínico), logo caiu em desuso, optando eles por outras compilações gregas.
Assim se formou o Cânon Judaico das Escrituras, que só foi encerrado no final do primeiro século da nossa era (no sínodo dos rabinos de Yabné) e vigora até hoje no judaísmo, sendo tradicionalmente reportado pelo acrônimo TaNaK, que advém das sílabas iniciais da Torah (Lei), Nebiim (Profetas) e Ketubim (Escritos).
Porém, se a Septuaginta não “vingou” entre os judeus, foi amplamente adotada pelo cristianismo nascente como “sua Escritura” (o chamado Antigo Testamento), crescente e em franca expansão pelo mundo helenizado da época, lida em suas reuniões, usadas nas pregações e nas catequeses, fato facilmente demonstrável no Novo Testamento e nos escritos Patrísticos. Por este motivo a Bíblia Católica (traduzida posteriormente para o latim e denominada Vulgata) é regida pela tradução dos Setenta, pois era a tradução utilizada pelos primeiros cristãos. Esta tradução é formada, como se pôde ver pelo relato acima, pela Bíblia Judaica acrescida dos 7 livros intitulados deuterocanônicos dispensados pelos judeus na constituição de seu cânon. Aliás, um dos motivos para que estes tenham dispensado os escritos deuterocanônicos foi justamente o fato de a Tradução dos LXX ter sido uma versão reconhecidamente identificada com o cristianismo.
Já na época da Reforma (século XVI), Lutero retornou ao uso da Bíblia Hebraica (que não inclui a lista dos 7 deuterocanônicos, os quais ele chamava de “apócrifos”: úteis e bons para leitura mas, não canônicos) enquanto formativa do Antigo Testamento da Bíblia Cristã, sob o argumento de que esta teria sido a “Bíblia do tempo de Jesus”. A questão que ele ignorou é que, no tempo de Jesus, não havia uma Bíblia Hebraica fechada, definida, com cânon já fixado, fato que só aconteceu um século depois de Cristo! Para tal entendimento ele havia se apoiado no fato do próprio São Jerônimo, o responsável pela Tradução Vulgata, ter a princípio se pronunciado a favor da Septuaginta, mas depois ter defendido o Cânon Palestinense como único autêntico. Porém o venerável santo também não tinha exata ciência deste detalhe importantíssimo: na época de Jesus ainda não havia uma “Bíblia do tempo de Jesus” estabelecida e por isso mesmo a Igreja Primitiva usava a Versão Septuaginta em sua vida comunitária e em suas atividades missionárias (como atesta o Novo Testamento).
Em resposta a toda a ambiguidade gerada no meio cristão por conta desse episódio, o Concílio de Trento determinou definitivamente o Cânon Católico no ano de 1546 como sendo o da Vulgata, ou seja, o que contém 46 livros no Antigo Testamento, incluindo a Bíblia Hebraica mais os 7 deuterocanônicos. Desta forma e por estes motivos, é que as Bíblias Católicas tem 73 livros em seu cânon e as Evangélicas, 66. O Novo Testamento de ambas contém os mesmos 27 livros, mas existe essa divergência quanto aos livros do Antigo Testamento, divergência que tem origem na constituição do Cânon Judaico das Escrituras e no retorno a ele sugerido pela Reforma Protestante. Esta dissensão perdura ainda hoje entre os cristãos, embora alguns exegetas protestantes, cientes desses equívocos, propuseram reconsiderar a inclusão dos deuterocanônicos como parte de suas Escrituras e algumas edições de Bíblias protestantes já os tragam em blocos à parte.


23 de janeiro de 2013

Maria: Rainha e intercessora



(Uma defesa bíblica de Maria)



Fonte: http://www.veritatis.com.br/apologetica/maria-santissima/533-uma-defesa-biblica-de-maria 
Seu lugar específico de honra e intercessão é dramaticamente ilustrado em 1Reis 2,13-21:
"Então veio Adonias, filho de Hagite, a Bate-Seba, mãe de Salomão. Perguntou ela: 'De paz é a tua vinda?'. Respondeu ele: 'É de paz'. E acrescentou: 'Uma palavea tenho que dizer-te'. Disse ela: 'Fala'. Disse ele: 'Bem sabes que o reino era meu, e todo o Israel tinha posto a vista em mim para que eu viesse a reinar, ainda que o reino se transferiu e veio a ser de meu irmão; pois foi feito seu pelo Senhor. Agora um só pedido te faço; não mo rejeites'. Ela lhe disse: 'Fala'. Ele disse: 'Peço-te que fales ao rei Salomão (pois não to recusará), que me dê por mulher a Abisague, a sunamita'. Respondeu Bate-Seba: 'Muito bem, eu falarei por ti ao rei'. Quando Bate-Seba foi ter com o rei Salomão, para falar-lhe por Adonias, o rei se levantou a encontrar-se com ela, inclinou-se diante dela, e se assentou no seu trono. Mandou que pusessem um trono para a mãe do rei, e ela se assentou à sua mão direita. Disse ela: 'Só um pequeno pedido te faço, não mo rejeites'. E o rei lhe disse: 'Pede, minha mãe, porque não to recusarei'. Disse ela: 'Dê-se Abisague, a sunamita, por mulher a Adonias, teu irmão'".
De particular importância são as seguintes observações:
1. Adonias supunha que a rainha-mãe poderia defender seu interesse perante o Rei; ou seja, ele confiava nela.
2. A reação do Rei é notável: ele se levantou para vir ao encontro de sua mãe e prestou-lhe o seu respeito.
3. Um trono foi providenciado para ela; ela se sentou à direita do Rei.
4. Seu poder de intercessão é enfatizado pela repetição da idéia de que o rei "não a recuse".
O mesmo fazemos hoje com Maria. Nós acreditamos que ela se aproximará do Rei para defender os nossos interesses. Porém, neste instante, muitos protestantes dirão: "Não podemos chegar até Ele por meio de ninguém; podemos tratar diretamente com Deus". Sim, podemos e devemos fazê-lo. Porém, duvido que o mesmo protestante que usou esse argumento JAMAIS pediu a um amigo seu para que orasse por ele ou com ele. Pedimos a nossos amigos para que orem conosco ou por nós, não porque achamos que é impossível se aproximar diretamente de Deus, mas porque formamos uma família em Cristo e porque é agradável. Nós nos preocupamos com os outros e pedimos sempre a Deus para que conceda os interesses daqueles que amamos. Por que limitar esse cuidado e assistência somente àqueles que estão vivos hoje na terra? São Paulo nos diz que somos rodeados por uma nuvem de testemunhas - será que essas testemunhas não demonstram um mínimo de preocupação para conosco? O Apocalipse no nos diz que as preces dos santos elevam-se como incenso perante Deus (Ap 8,4). Por quem estariam orando? Em Tobias, lemos: "Quando tu e Sara fazíeis oração, era eu (arcanjo Rafael) quem apresentava as vossas súplicas diante da glória do Senhor e as lia" (Tobias 12,12).
Se pedimos para nossos irmãos vivos para orarem por nós, poderíamos deixar de fazer o mesmo para aqueles que já se encontram presentes diante de Deus? E se pedimos para aqueles que estão diante de Deus, como poderíamos deixar de pedir a intercessão daquela que é a mãe do Rei? A Tradição (aquela mesma Tradição - lembre-se disso - que nos deu a Bíblia) nos diz que quando Jesus estava agonizando na cruz, disse certas palavras a seu discípulo [João] que são aplicadas a cada um de nós; tais palavras são:
"Eis aí a tua Mãe..."

21 de abril de 2012

Eu sou católico apostólico romano!




DOCUMENTOS > D. ESTÊVÃO BETTENCOURT

27 Razões para não ser católico - Por um anônimo

Revista: "PERGUNTE E RESPONDEREMOS", D. Estevão Bettencourt, Osb (Nº 523, Ano 2006, p. 43)

Em síntese: O presente artigo responde ao questionamento apresentado por um irmão protestante, que nada de novo diz. As respostas dadas ao irmão poderão ser úteis a quantos fiéis católicos se veem assediados por objeções - às vezes caluniosas - de irmãos separados.

Eis o que escreve o interlocutor anônimo:

1. "Ele me salvou"

"1. NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, primeiramente porque Jesus Cristo salvou-me de meus pecados (Mt 1, 21), garantindo-me a remissão por Sua graça (Ef 1, 7), ao arrepender-me (Lc 13, 3; At 3, 19;  11.18) e crer em seu sacrifício na Cruz do Calvário (At 20, 21; Rm 3, 26). Assim o Senhor me fez uma nova criatura (Jo 3, 3-6; 2 Co 5, 17; Ez 36, 26) e seu filho (Jo 1, 12; Rm 8, 14-17; 1 Jo 3, 1), para que hoje eu pudesse glorificá-lo através da minha vida e testemunhar aos outros acerca de tão grande salvação que me foi concedida pelo Filho de Deus (ver Gl 2, 20; Ef 2, 10; Hb 13, 15-16; 1Pd 2. 5, 9-10; Mc 16, 15; Rm 10, 13-15)".

Nesta passagem chama-nos a atenção o caráter individualista da locução: as partículas "eu, me, a mim" voltam constantemente como se o Cristianismo fosse algo do foro privado. - Ora tal atitude é profundamente antibíblica; sim, Jesus fala da "minha Igreja" com sua hierarquia (cf. Mt 16, 16-19; 18, 18). Ser cristão é ser membro do Corpo de Cristo Cabeça (cf. 1Cor 12, 12-21), é ser ramo do tronco de videira, que é Cristo (cf. Jo 15, 1-5).

O protestantismo põe de lado o sacramento da Igreja, fazendo do indivíduo autor do seu Credo em consequência do princípio do livre exame da Bíblia. Esse subjetivismo redunda no relativismo que tanto caracteriza o pensamento contemporâneo.

2. Somente a Escritura

"2. NÃO SOU UM CATÓLICO ROMANO, porque creio na Suprema Autoridade das Escrituras, como única regra de fé e prática (Sl 19, 7-8; Sl 119, 105; ls 8, 20; Mt 22, 29; Lc 16, 29; Jo 5, 39; 10, 35; Jo 17, 17; Rm 15, 4; At 15, 15; 17, 11; 24, 14; 2Tm 2, 15; 3, 15-17; 2Pd 1, 19-21). Esta autoridade das Escrituras deriva de sua divina inspiração (2Tm 3, 16) e de sua revelação que "não foi dada por vontade humana" (2Pd 1, 21), o que lhe garante evidente proeminência".

Os católicos também seguem a Bíblia, e a seguem mais fielmente do que seus irmãos protestantes.