29 de novembro de 2013

Feliz Ano Novo Litúrgico!


O fim do ano litúrgico se aproxima. Tempo de refletir sobre como foi nossa participação na Igreja neste ano que passou! Será que em meio a tantas realizações em minha vida, houve tempo para me dedicar à evangelização, ao serviço do altar, às obras de caridade, formação dos fiéis, à manutenção do Templo... alguma coisa?!?

Sempre gosto de fazer um balanço no fim do ano, meditar sobre os acontecimentos bons, as vitórias, as conquistas; mas também sobre as perdas, as falhas, as promessas não cumpridas. Em meio a memórias e louvores, pus em cheque minha contribuição para a Igreja esse ano: fui o melhor que pude no meu serviço? Servi da melhor maneira que podia? Superei o ano passado? Pelo menos mantive minha fidelidade o máximo que poderia? Participei de alguma pastoral? Contribui com o Dízimo? Ajudei alguma pessoa além de mim mesmo e da minha família? Fui em direção do próximo levando uma palavra de fé, de consolo, de alegria?

Vamos refletir. Deus é bom, nos providencia tudo, nos protege constantemente de tantas coisas, nos oferece seu amor cada dia do ano! E Ele conta conosco para alcançar muitos de seus filhos, irmãos nossos, que vivem em grande miséria seja material, seja, como sempre diz o Papa Francisco, existencial. Deus conta comigo! Deus conta contigo! A Igreja está sempre de portas abertas para quem quer colaborar com humildade, compromisso, com fé! A Igreja precisa de você, batizado! A Igreja é sua Mãe, e precisa e conta com você, com seu talento: não o enterre!

Jesus está voltando, irmão, irmã! Colabore com o anúncio de seu Reino não por medo, mas em retribuição a tudo o que Ele te dá, à sua saúde, à sua vida! Trabalhe em alguma coisa na Igreja POR AMOR! Por amor a Ele, por amor aos filhos Dele, nossos irmãos que necessitam tanto de alguém para levar amor onde só há ódio; que saibam perdoar nesse mundo onde impera o rancor; que seja instrumento de paz onde as pessoas tem se especializado na arte da briga; que sejam acolhedores e solidários nesse cotidiano de rejeições... Deus conta comigo e com você para semear esperança onde “tudo seja triste simplesmente por não saber de Cristo”...

Reflita sobre tudo o que você poderia ter feito mas não fez por preguiça, por soberba, por não priorizar a Deus... por tantos outros motivos, tantas outras justificativas, tantas outras desculpas... Deus tudo vê e a Ele não podemos “enrolar” com explicações: Ele nos conhece por dentro e por fora, o que fazemos conscientes e inconscientemente e está sempre pronto a nos perdoar, a nos acolher de novo, a nos aceitar, compreender. Ele perdoa nossa ausência mas nos quer! Quer cada um de nós junto Dele, na família Dele que é a Igreja! Trabalhando, servindo, sendo curado, liberto, restaurado por Sua graça e O ajudando a curar os outros, libertá-los e restaurá-los sempre nos submentendo à sua unção! Volta! Volta para Deus e para a Igreja, sem medo! Ele nos espera e conta conosco! Ele quer precisar de nós!

Deus nos dá quantas e quantas chances precisarmos, nos dá 365 dias de “novas oportunidades”, mas não percamos mais tempo: vamos fazer mais por Ele, pela Mãe Igreja, pelos outros e, consequentemente, por nós mesmos...
Volte para Igreja! Volte para Deus!

Como nos faz bem voltar para Ele, quando nos perdemos! Insisto uma vez mais: Deus nunca Se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia. Aquele que nos convidou a perdoar «setenta vezes sete» (Mt 18, 22) dá-nos o exemplo: Ele perdoa setenta vezes sete. Volta uma vez e outra a carregar-nos aos seus ombros. Ninguém nos pode tirar a dignidade que este amor infinito e inabalável nos confere. Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar, com uma ternura que nunca nos defrauda e sempre nos pode restituir a alegria. Não fujamos da ressurreição de Jesus; nunca nos demos por mortos, suceda o que suceder. Que nada possa mais do que a sua vida que nos impele para diante! (Papa Francisco, in Evangelii Gaudium)


Desejo a você boas e sinceras reflexões em espírito de oração! Que o Espírito Santo possa revelar a você onde é preciso melhorar, o que é preciso modificar neste ano que se inicia no próximo 1º Domingo do Advento para ser mais de Deus, mais da Igreja. Que nas meditações do ano que vem possamos estar mais engajados, mais comprometidos, sendo mais fiéis a Ele em Sua Igreja amada! Feliz Ano Novo Litúrgico! 

20 de novembro de 2013

Treinamento de Perdão



Então Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? (Mateus 18, 21)

Na mesma quantidade de vezes que Deus nos perdoa nossas imperfeições, deslizes e fraquezas, devemos perdoar as pessoas que Ele colocou na nossa vida. Simples assim. É fácil? Obviamente não. Como é difícil passar o dia inteiro perdoando um filho que só apronta, a semana inteira perdoando a agressividade das pessoas no trânsito, o mês inteiro perdoando o patrão exigente, o ano inteiro perdoando os alunos bagunceiros, a vida toda perdoando uma esposa “reclamona”!...

Precisamos aproveitar pequenos desentendimentos e irritações cotidianas como um treinamento de perdão pois virão ocasiões que teremos que liberar grandes perdões e aí, como faremos? Se não conseguimos perdoar o pouco, como perdoaremos o muito? E Deus espera isso de nós, já que Ele vive nos perdoando nossos "poucos" diariamente, e aqueles "muitos" com os quais já o ofendemos e entristecemos tanto em certas ocasiões em nossas vidas.

Não devemos superestimar os desgostos que temos na convivência com os outros, mas sim perceber que, quando somos contrariados em nossas opiniões e vontades, quando nos sentimos desrespeitados ou mesmo feridos, é uma ocasião que Deus nos dá para nos superarmos em paciência e caridade, uma ocasião para sermos “superiores”! Não superiores no sentido de “estar por cima da carne seca”, muito pelo contrário. No Reino de Jesus estar por cima, muitas vezes significa estar por baixo: “Os humilhados serão exaltados” (Lucas 18, 14).

Esforcemo-nos para perdoar diariamente, de coração, sem guardar rancor, sem achar que que somos bons demais para sermos ofendidos, que é algum crime hediondo discordar da nossa sublime opinião, que é inadmissível que as coisas não aconteçam estritamente segundo nossos planos e vontades! Esforcemo-nos para nos auto-conhecer com humildade e verdade e assim, nos conscientizarmos que nós não somos “essa coca-cola toda”, nem somos assim “uma Brastemp”, que definitivamente não somos “o último biscoito do pacote”! Somos todos feitos da mesma farofa! Somos tão imperfeitos quantos os outros! Também precisamos da paciência dos outros, também magoamos, também falhamos... Também estamos na dependência do perdão do próximo e de Deus!

Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, Deus aí está fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade. (João 1, 8-9)

Amemos e perdoemos, simplesmente por que precisamos ser amados e perdoados. Encaremos o perdão como um treinamento intensivo de amor! Permitamos que o Senhor seja esse personal "perdoador" para nós: ouçamos suas súplicas em nossos corações nos incentivando a compreender, a relevar, a esquecer, a "deixar quieto"... Que o sopro do Seu Espírito nos fortaleça a aguentar firme o tranco dos irmãos quando eles não estiverem no seu melhor... Que o exemplo de Maria nos inspire seu sábio silêncio, a viver as injustiças na paz da presença de Deus, a guardar os acontecimentos no coração meditando-os, sem raiva, mas com amor... 

Exercitemos o perdão como quem vai para a academia: várias vezes, várias séries, sempre aumentando a velocidade, a intensidade, a carga, para então com o tempo, podermos ver os resultados dos nossos esforços em nosso caráter, em nossa personalidade! Todo treinamento visa a melhora, a superação, o ir além. O Catecismo da Igreja Católica (§2843) considera que o perdão é o amor que ama até o extremo do amor! Não se trata de simplesmente aceitar tudo sem diálogo, sem correção fraterna, mas em encarar tudo com mais amor e menos razão! Não se trata também de engolir sapo mas ficar remoendo por dentro, mas em mudar a ferida em compaixão e purificar a memória, transformando a ofensa em intercessão" (CIC, §2843). Isso só vira realidade se 'treinarmos', se exercitarmos, se fizermos na prática, 70 vezes 7 vezes...

E quando ficar difícil, quando os pequenos perdões se tornarem grandes perdões que a vida nos exigir, nunca nos esqueçamos que esta não é uma atitude que precisamos realizar sozinhos! Clamemos a graça e a ajuda de Deus SEMPRE, na oração!

“Ajuda-me a amar e perdoar, Senhor, na mesma medida da minha própria necessidade de ser amada e perdoada! Ajuda-me a me conhecer para que eu não me ache a dona da razão, para que eu perceba o quanto as pessoas também precisam ser pacientes comigo! Que pela sua graça, tudo aquilo que as pessoas me fazem de mal não tenha tanto impacto sobre mim, mas que seja maior o impacto da Sua graça no meu coração me ajudando a compreender mais, aceitar mais, aguentar mais, por amor! Que a pretensão de estar sempre certa não supere o carinho que tenho pelas pessoas; que a mania de controlar tudo nunca supere a ternura nas minhas relações; que a cegueira da irritação momentânea não comprometa o amor que me liga aos que o Senhor colocou no meu caminho... Por Jesus, em Maria, amém!”