1 de novembro de 2011

Em meio ao redemoinho: o "porquê" e o "para quê"


Às vezes acontece de a gente se ver em meio a um redemoinho em nossas vidas. As coisas não acontecem do jeito que tínhamos planejado, tudo vira de pernas para o ar, as coisas fogem ao nosso controle.

Pode ser um relacionamento que acaba, o desemprego, uma doença inesperada, uma perda… Às vezes o mundo dá umas voltas que nos deixa perdidos, sem entender. Mudanças chegam num momento que não esperamos e nos pegam despreparados.

Sentimo-nos vulneráveis, desamparados, sem entender o que se passa. E o ser humano, um ser racional, não se conforma em não entender, quer saber o porquê de tudo isso, o porquê das mudanças. “Por que isso está acontecendo comigo?”, questionamos na ânsia de encontrar respostas.

Não é raro nos apegarmos a inúmeras explicações díspares na tentativa de compreender o que se passa conosco, com nossa vida. Os ateus procuram as respostas nas ciências e na razão. Os pagãos procuram nos videntes, no horóscopo, no esoterismo, nas seitas. O homem e a mulher de fé buscam na Bíblia, na Igreja, nos mais experientes de caminhada. Mas todos nós precisamos e buscamos entender as mudanças que ocorrem em nossas vidas, em especial as inesperadas. Esse processo pode ser doloroso, se for feito sem Deus.

Mensagem do Papa Bento XVI para o dia de todos os Santos (2010)

Bento XVI: Santidade é imprimir Cristo em si
Intervenção no Angelus


CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 1 de Novembro de 2010 (ZENIT.org)

Apresentamos a intervenção que Bento XVI dirigiu hoje, solenidade de Todos os Santos, ao rezar ao meio-dia o Angelus junto aos peregrinos na praça de São Pedro, em 1º de Novembro de 2010.
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Queridos irmãos e irmãs:
A solenidade de Todos os Santos, que hoje celebramos, convida -nos a elevar o olhar ao Céu e a meditar sobre a plenitude da vida divina que nos espera. “Somos filhos de Deus, e o que seremos ainda não se manifestou” (1 Jo 3, 2): com essas palavras, o Apóstolo João assegura-nos a realidade da nossa futura relação com Deus, assim como a certeza do nosso destino futuro. 

Como filhos amados, por esse motivo, recebemos também a graça para suportar as provas desta exigência terrena, a fome e a sede de justiça, as incompreensões, as perseguições (Cf. Mt 5, 3 -13), e ao mesmo tempo herdamos já desde agora o que se promete nas bem-aventuranças evangélicas, “nas quais resplandece a nova imagem do mundo e do homem que Jesus inaugura” (Bento XVI, Gesù di Nazaret, Milão 2007, 95). 

A santidade, imprimir Cristo em si mesmo, é o objetivo da vida do cristão. O beato Antonio Rosmini escreve: "O Verbo tinha-se impresso nas almas dos seus discípulos com o seu aspecto sensível... e com as suas palavras... tinha dado aos seus esta graça... com a qual a alma percebe imediatamente o Verbo” (Antropologia soprannaturale, Roma 1983, 265-266). E nós experimentamos com antecedência o dom da beleza da santidade cada vez que participamos da Liturgia eucarística, em comunhão com a “multidão imensa” dos bem-aventurados, que no Céu aclamam eternamente a salvação de Deus e do Cordeiro (Cf. Ap 7, 9-10). "À vida dos Santos, não pertence somente a sua biografia terrena, mas também o seu viver e agir em Deus depois da morte. Nos Santos, torna-se óbvio como quem caminha para Deus não se afasta dos homens, antes pelo contrário torna-se-lhes verdadeiramente vizinho (Deus caritas est, 42).

Consolados por esta comunhão da grande família dos santos, amanhã comemoraremos todos os fiéis defuntos. A liturgia de 2 de Novembro e o piedoso exercício de visitar os cemitérios recordam-nos que a morte cristã forma parte do caminho de assimilação a Deus e que desaparecerá quando Deus for tudo em todos. Se bem que a separação dos afetos terrenos é certamente dolorosa, não devemos ter medo dela, porque quando está acompanhada da oração de sufrágio da Igreja, não pode quebrar os profundos laços que nos unem em Cristo. Neste sentido, São Gregório de Nisa afirmava: “Quem criou tudo com sabedoria, deu esta disposição dolorosa como instrumento de libertação do mal e possibilidade para participar nos bens esperados (De mortuis oratio, IX , 1, Leiden 1967, 68).
Queridos amigos, a eternidade não é “uma sucessão contínua de dias do calendário, mas algo parecido com o instante repleto de satisfação, onde a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade” (Spe Salvi, 12) do ser, da verdade, do amor.

Encomendemos à Virgem Maria, guia segura para a santidade, a nossa peregrinação para a pátria celestial, enquanto invocamos a sua maternal intercessão pelo descanso eterno de todos os nossos irmãos e irmãs que adormeceram na esperança da ressurreição.
[Traduzido por ZENIT
©Libreria Editrice Vaticana]