2 de setembro de 2015

Dar as razões da fé


A filosofia nos explica que o homem é um ser racional e também um ser religioso. O homem é um ser complexo e inquestionavelmente superior a qualquer outro ser deste planeta pois é o único que o pode transformar o ambiente por meio do seu trabalho, o único que pode transcender essa realidade e questionar o que está por trás de tudo isso, o que há acima dessa existência, qual sua origem, qual o seu fim. Olhando para si mesmo ou para a natureza, desde a Antiguidade, o homem busca respostas.
O ser humano não se contenta com a ignorância, com o desconhecimento, com a passividade. Através de sua razão foi capaz de sair das “cavernas” e organizar cidades, conhecer sua biologia (e a de outros inúmeros seres), descobrir os segredos do planeta e do universo, entrar na intangível psique, inventar tecnologias cada vez mais surpreendentes. E ainda assim, tudo isso para muitos homens não é o suficiente. Como diz o antigo rock nacional “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”... e mais. O homem não quer só o natural, sua alma deseja o sobrenatural.
A experiência religiosa vem preencher essa necessidade de auto-transcendência. A Revelação Divina vem em auxílio do homem que busca algo além dele mesmo e das realidades temporais, é um diálogo de amor. A Encarnação do Verbo é o extremo dessa comunicação divino-humana. Pela fé o homem encontra muitas respostas que sua razão não pode alcançar sozinha e, mais do que respostas, encontra um sentido mais profundo da realidade e da existência.
Obviamente o homem, como ser racional, não iria se eximir de raciocinar sobre nada, inclusive sobre o que crê. Faz parte do ser do homem racionalizar, ele tem necessidade de buscar compreender tudo o que o cerca, e isso não excluiria sua fé. Historicamente, a cultura humana vem elevando a razão ao cume do pensamento civilizatório. A religião, mais especificamente a cristã, acompanha esse movimento e pela teologia busca dar um tratamento científico e racional do que se crê, sem que para isso a fé como graça divina seja excluída na experiência religiosa e científica.
Tanto interna quanto externamente se faz necessário ao homem participante da Igreja racionalizar sua fé. Para os fiéis, a compreensão dos artigos da fé aumentam ainda mais essa fé. À medida que se compreende a adesão é mais consciente e a vivência é mais coerente, já que não se trata de uma obediência cega ao que os líderes religiosos orientam, sem reflexão, mas de um entendimento que quando é assimilado intelectualmente aquece o coração e movimenta para a ação, como no episódio dos discípulos de Emaús (Lc 2, 13-33). A falta de conhecimento, pelo contrário, leva ao afastamento do povo, conforme Oséias 4, 6: “Meu povo se perde por falta de conhecimento”.
Para os que não creem, um tratamento racional da fé da parte dos que creem é também necessário. São Paulo em Efésios 4, 18 afirma sobre os pagãos: “Têm o entendimento obscurecido. Sua ignorância e o endurecimento de seu coração mantêm-nos afastados da vida de Deus”. O Catecismo da Igreja Católica evidencia esse ponto em seu parágrafo 39: “Ao defender a capacidade da razão humana para conhecer Deus, a Igreja exprime a sua confiança na possibilidade de falar de Deus a todos os homens e com todos os homens. Esta convicção está na base do seu diálogo com as outras religiões, com a filosofia e as ciências, e também com os descrentes e os ateus.” São Pedro em sua 1ª Carta nos exorta a estarmos sempre prontos a responder a todo aquele que nos pedir a razão de nossa fé (1 Ped 3, 15).
Num nível pessoal de relacionamento místico com Deus, é preciso buscá-lo de todo coração, com toda a alma, com todas as forças (Dt 6, 5), o que obviamente inclui buscá-lo pela razão, pelo estudo, pela reflexão. Amá-lo de “todo pensamento” excede todos os holocaustos e sacrifícios (Mc 12, 33). Tudo obviamente embasado na fé: “Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. (2 Cor 3, 5). Pois “sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o Verdadeiro (1 Jo 5, 20).

Assim sendo, não se deve ter vergonha ou temor da necessidade de compreensão do que se crê, pelo contrário, assumindo a natureza humana racional busque-se o entendimento, a assimilação, o aprofundamento sobre a fé para se alcançar uma cada vez maior convicção, um assentimento cada vez mais comprometido, uma interlocução cada vez mais embasada com os que não creem. 

10 de junho de 2015

O Poder da Oração


Eu pensava que a oração transformava as coisas. 
Agora sei que a oração transforma a gente 
e nós transformamos as coisas. (Tereza de Calcutá)

Ouvimos muito dizer: "a oração tem poder!" Mas como podemos interpretar essa expressão? Como é que o ato, a ação de orar pode ter algum poder? Primeiro teríamos que meditar sobre o que é oração. 

Em Lucas 18, 1 Jesus diz que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo. Orai sem cessar, exorta São Paulo aos Tessalonicenses (1Tes 5, 17). Orar é estar com Deus e com Ele dialogar. Diálogo implica em uma via de mão dupla: um fala e o outro ouve para que depois o que ouviu, possa falar e quem falou, possa ouvir. Orar não é apenas falar, falar e falar coisas variadas, mas antes conviver com Deus. 

Jesus dizia:Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras” (Mt 6, 6-7). Orar é ter intimidade com o Senhor, dialogar, ouvir, falar, silenciar, entrar no quarto e fechar a porta, ESTAR com o Senhor, aos seus pés, como Maria, irmã de Marta e Lázaro(Lc 10, 38ss). Oração é comunhão com Deus.

Justamente por isso, a oração não deve se limitar ao momento que estamos na Igreja, no Grupo, na missa, no Terço... A Oração deve envolver nossa vida e nossa vida deve ser nutrida e movimentada pela oração. A oração tem que ter o poder de modificar nossa vida e cada contexto da nossa vida deve incitar em nós a oração.

A Oração tem poder, certamente, mas o poder da oração não está naquele que ora mas Naquele a quem se ora! Quem você acha que tem poder: você que está clamando ou o Senhor? Você que invoca o Nome do Senhor ou o Senhor cujo Nome está acima de todo nome nos céus, na terra e nos abismos (Fil 2, 9-10)? É Ele que tem poder, e não nossa falação, por mais amorosa e bem disposta que seja! Nossa fé deve estar 100% centrada Nele, e não em qualquer palavra ou atitude nossa; NELE! Em tudo o que Ele é, em tudo o que Ele pode fazer. Confiando cegamente que a Vontade e o agir Dele é a melhor coisa que poderia acontecer.

Muitas vezes esperamos que o "poder da oração" se manifeste na transformação da situação, objeto da nossa oração. Sim, é inegável que a situação se transforme, que Deus se compadeça e aja. Tem aquela musiquinha tão simples e tão cheia de sabedoria: "Tudo é possível se você crê em Deus... Fé move a mão de Deus!..." E aquela outra que gostamos tanto de cantar em nossos grupos de oração: "Com Jesus, tudo pode ser mudado pela força da oração!"... Mas precisamos saber que a maior transformação que ocorre quando uma oração é "de poder" mesmo é a transformação daquele que ora! Sim! Oração de poder mesmo, é a que muda você!!! 

Oração de poder, mesmo, não é aquela em que se realiza a minha Vontade, mas aquela que me une ao Dono da Vontade perfeita, a Vontade que clamamos no Pai Nosso: "Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu". Oração de poder mesmo é a de Davi (2 Samuel 11 - 12) que, tendo consciência que errou e sendo aletrado da correção de Deus, clamou, chorou, rezou, jejuou e recebeu um não como resposta. Mesmo assim se ergueu, aceitou a soberania de Deus em sua vida e se transformou. Oração de poder mesmo é a de Jesus no Horto das Oliveiras: "Não se faça a minha vontade, mas a Tua!" (Lc 22, 39-43). 

Precisamos entender que o que faz uma oração ser de poder não é o resultado visível dela, mas muito mais o que este contato com Deus realiza em nós e consequentemente em tudo ao nosso redor. Em João 15, 1-8 podemos ter a noção exata dessa ideia, o segredo do poder da oração: "permanecermos em Jesus". Poderemos até ser podados, mas se permanecermos Nele, a promessa é clara: pediremos tudo o que quisermos e será feito. Se permanecermos Nele, não pediremos nada contrário a Sua Vontade, a seiva do Espírito orará em nós pois não sabemos o que devemos pedir nem orar como convém (Rom 8, 26) e aí sim, veremos o que é poder de Deus. 

9 de junho de 2015

Parada Gay: blasfêmia e sacrilégio são as piores ferramentas para se obter respeito para a causa LGBT


Obviamente não poderia me omitir de meditar sobre os recentes acontecimentos envolvendo símbolos cristãos na Parada Gay de 07/06/2015 realizada na Avenida Paulista. Inicio por citar as palavras de Dom Henrique Soares da Costa em seu perfil no Facebook (08/06/2015) também sobre a Parada Gay:


Não tenho raiva, não sinto indignação, não dou importância, não levo a sério... Só tenho pena, muita pena de uma sociedade que se degrada, de uma gente que perdeu o rumo, o sentido, os valores... Pena! Muita pena de ver aonde chegamos, aonde chegou a nossa sociedade, aonde chegaram certos homossexuais... Só peço aos cristãos que não reajam: não vale a pena! Ali somente se mostra o que é essa "cultura gay"... Aos homossexuais que não fazem bandeira de sua orientação sexual, aos que não se degradam, mas dignamente levam adiante sua vida, pessoas entre pessoas, sem placa de orientação sexual na testa, sabendo que a sexualidade faz parte da vida, mas não é a vida toda, a esses, meu respeito e minha solidariedade! Sei que não compactuam e se envergonham da degradação que todos vimos. A todos, a paz do Senhor Jesus, nossa Verdade, nosso Caminho, nossa Vida! "Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus!"

A página de conteúdo católico Aleteia postou (08/06/2015) num curto texto sobre a performance de um manifestante fantasiado de Cristo crucificado, com os dizeres "Basta homofobia GLBT" na mesma Parada Gay.

O falecido humorista Millôr Fernandes escreveu: "Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim". Essa ironia é uma boa definição do pensamento que se manifesta em grande parcela das discussões ideológicas no mundo, ontem e sempre. Sua estrutura também pode ser aplicada a termos como "liberdade", "intolerância" e "manifestar-se": "Liberdade é quando eu me manifesto sobre você. Intolerância é quando você se manifesta sobre mim".

De tudo isso, analiso que é mais do mesmo. Desde o início o povo de Deus foi rejeitado e hostilizado. O Cristianismo é perseguido desde sempre a começar por seu próprio fundador que, levado a esfera governamental, foi injustamente condenado, torturado e morto. Tendo ressuscitado e aparecido a muitos, continuou sendo rejeitado, zombado e combatido. Mesmo com a expansão da Igreja Primitiva os cristãos continuavam não sendo aceitos pelo judaísmo e incompreendidos pelos pagãos. O anti-cristianismo data dos primórdios do Cristianismo com suas calúnias e acusações, não é nenhuma novidade!

Já por volta de 170 d.C registra-se, por exemplo o sábio Celso  com sua obra Palavras de Verdade e também Porfírio (234-305 d.C) em seu tratado Contra os Cristãos questionando a lógica racional na fé cristã acusando-a de absurda, incoerente, impossível e, em última análise evidenciando o entendimento de Paulo quando afirma “a linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina” (1 Cor 1, 18). Luciano (125-192 d.C) ridiculariza a ingenuidade e credulidade dos cristãos em textos como A Morte do Peregrino e já desde essa época se faz chacota com a questão da doação em dinheiro para a obra de fé. Um dos relatos que mais me chama atenção desses registros antigos é o de Minúcio Félix, advogado de Roma (200 d.C), que nos deixou um diálogo que narra uma discussão entre um cristão de nome Otávio e um pagão (Octavius, IX, 6 citado em Labriolle, La Réaction païenne, p. 91) onde o pagão dita uma série de mentiras sobre a vivência cristã que vão desde a adoração de uma cabeça de asno até a calúnias sobre canibalismo, incestos e orgias; ao que Otávio, o cristão, calma e persuasivamente rechaça (acesse aqui e leia mais: http://migre.me/qcxFW).

Ou seja, hostilidade, zombaria, incompreensão dos pagãos, daqueles que não creem não é novidade, não me espanta, muito pelo contrário, é o que eu espero deles, tenho já a expectativa negativa. Não me escandalizo com ódio, Aquele a quem eu sigo previu isso: o mundo os odiará pois antes odiou a mim (Lc 15, 18). Podem até odiar, são livres para rejeitar, mas terão que tolerar, terão que respeitar, ao menos por força de lei: o Estado é laico, mas temos assegurado o direito constitucional a religião e o Estado tem a obrigação de garantir e proteger seu livre exercício.

Vale recordar que não se trata de uma teoria sobre respeito, algo subjetivo ou meramente opinião da Igreja, mas o desrespeito a fé é crime. O Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 expressa com clareza:

Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.

O Catecismo da Igreja Católica destaca no § 1738 que “todos devem a cada um a obrigação de respeito. O direito ao exercício da liberdade é uma exigência inseparável da dignidade da pessoa humana, sobretudo em matéria moral e religiosa. Este direito deve ser reconhecido civilmente e protegido nos limites do bem comum e da ordem pública”. E no § 1740, “o exercício da liberdade não implica o direito de dizer e fazer tudo.”

Os cristãos tem que tolerar e respeitar as pessoas LGBT? É claro que sim, óbvio que sim. É imprescindível o respeito à liberdade de todos tanto na internet, quanto nas famílias, quanto nas Igrejas (onde há muuuuuitos homossexuais que vivem sua fé com seriedade e fidelidade) quanto na política, quanto nas manifestações públicas. Tolerar não significa concordar, mas respeitar a liberdade individual, dentro dos limites da lei. Se qualquer grupo que seja se manifesta é sinal de que há liberdade e coexistência, coisa que não admite, por exemplo, o Estado Islâmico, que odeia e não admite a existência do diferente, não tolera nem gay, nem cristão, nem ateu e nem nada divergente de sua proposta, nem mesmo a existência, quanto mais a manifestação, pública ou privada.

Mas fica a pergunta, a comunidade LGBT tem que tolerar e respeitar a comunidade cristã, sua fé, seus dogmas, seus símbolos? E como é que se faz isso? Usar um símbolo religioso numa parada gay é a melhor maneira de expressar suas reivindicações? Fantasiar um manifestante de Cristo Crucificado, Deus encarnado que se imola pela remissão dos pecados da humanidade, ainda que se afirme tratar apenas de expressão artística e metáfora das perseguições e sofrimentos que as pessoas LGBT sofrem? Com toda a certeza NÃO. Isso só faz com que as mensagens e as propostas dessa militância sejam mais e mais rejeitadas e que se alargue a lacuna entre as lutas dos homossexuais e a opinião pública, em especial a da comunidade cristã. A blasfêmia e o sacrilégio são as piores ferramentas para se obter respeito para a causa LGBT pois só fomenta a reação indignada, só promove o conflito.

É preciso compreender e encontrar o equilíbrio entre a liberdade religiosa e a liberdade de expressão. Tolerar a liberdade individual é indispensável. A liberdade de expressão é irrenunciável. Mas como bem disse o Papa Francisco “liberdade de expressão não é liberdade de insulto.”

Há quatro anos atrás o Cardeal Dom Odilo Scherer fez um texto publicado no Estado de São Paulo, ed. de 28.06.2011 por ocasião de acontecimento similar na Parada Gay daquele ano (foi, aliás, um dos únicos bispos da Igreja a se manifestar naquela ocasião). É ainda tão atual e transcrevo alguns trechos abaixo:

Eu não queria escrever sobre esse assunto; mas diante das provocações e ofensas ostensivas à comunidade católica e cristã, durante a Parada Gay deste último domingo, não posso deixar de me manifestar em defesa das pessoas que tiveram seus sentimentos e convicções religiosas, seus símbolos e convicções de fé ultrajados.
Ficamos entristecidos quando vemos usados com deboche imagens de santos, deliberadamente associados a práticas que a moral cristã desaprova e que os próprios santos desaprovariam também.
O uso desrespeitoso da imagem dos santos populares é uma ofensa aos próprios santos, que viveram dignamente; e ofende também os sentimentos religiosos do povo. Ninguém gosta de ver vilipendiados os símbolos e imagens de sua fé e seus sentimentos e convicções religiosas.
A Igreja Católica refuta a acusação de “homofóbica”. Investiguem-se os fatos de violência contra homossexuais, para ver se estão relacionados com grupos religiosos católicos. A Igreja Católica desaprova a violência contra quem quer que seja; não apoia, não incentiva e não justifica a violência contra homossexuais.
Quem apela para a Constituição Nacional para afirmar e defender seus direitos, não deve esquecer que a mesma Constituição garante o respeito aos direitos dos outros, aos seus símbolos e organizações religiosas. Quem luta por reconhecimento e respeito, deve aprender a respeitar. Como cristãos, respeitamos a livre manifestação de quem pensa diversamente de nós. Mas o respeito às nossas convicções de fé e moral, às organizações religiosas, símbolos e textos sagrados, é a contrapartida que se requer.
A Igreja Católica tem suas convicções e fala delas abertamente, usando do direito de liberdade de pensamento e de expressão. Embora respeitando as pessoas homossexuais e procurando acolhê-las e tratá-las com respeito, compreensão e caridade, ela afirma que as práticas homossexuais vão contra a natureza; essa não errou ao moldar o ser humano como homem e mulher. Afirma ainda que a sexualidade não depende de “opção”, mas é um fato de natureza e dom de Deus, com um significado próprio, que precisa ser reconhecido, acolhido e vivido coerentemente pelo homem e pela mulher.
As ofensas dirigidas não só à Igreja Católica, mas a tantos outros grupos cristãos e tradições religiosas não são construtivas e não fazem bem aos próprios homossexuais, criando condições para aumentar o fosso da incompreensão e do preconceito contra eles. E não é isso que a Igreja Católica deseja para eles, pois também os ama e tem uma boa nova para eles; e são filhos muito amados pelo Pai do céu, que os chama a viver com dignidade e em paz consigo mesmos e com os outros.

Fico me questionando: a quem interessa essa pseudo guerra de LGBT x cristãos? A maioria dos gays que conheço e convivo são teístas e muitos são cristãos e jamais aprovariam essa manifestação desrespeitosa, embora possam externar suas críticas aos cristãos por variados motivos (muitas delas com muito fundamento)! A maioria dos cristãos que conheço jamais faria nenhum ato de violência ou agressividade a ninguém que se assuma homossexual, embora possam da mesma forma externar suas discordâncias a comunidade LGBT por também variados motivos (a maior parte destas direcionadas ao lobby gay e não à liberdade da pessoa homossexual). Então quem está por trás desse circo armado e com que objetivo? Não estarão os LGBT e os cristãos sendo manipulados nessa guerrinha de novelas, publicidades, bancadas congressistas onde se perde tanto tempo e se desvia o foco dos reais e urgentes problemas do cidadão brasileiro, seja ele cristão ou gay?

Conclusão:
Comunidade LGBT: quer respeito? Respeite. Quer exigir tolerância? Exerça a tolerância. Dica básica: existem outras formas de se fazer ouvir de maneira positiva, que não a blasfêmia e o sacrilégio, se é que esse é o objetivo, se fazer ouvir. Aparentemente o objetivo não é se fazer ouvir, mas antes gritar, e ferozmente, se possível. O objetivo parece ser chocar, provocar, ofender. O que se consegue com isso?

Comunidade cristã: deixo as sábias palavras novamente de Dom Henrique Soares da Costa (09/06/2015, pelo facebook):
Entrar em polêmicas? É o que esperam de nós os inimigos do Cristo.
Fazer cruzadas? É o que desejam os que nos querem combater.
Pagar mal com mal, ser tomado de ira? É o que deseja o próprio Diabo: envenenar nosso coração, de modo que a ira e azedume dos que desprezam o Senhor também entrem no nosso coração - mesmo com motivações santas...
Dialogar, responder, reagir, devemos fazê-lo quando o interlocutor merece ser levado a sério...
Quando alguém pergunta sem realmente procurar a resposta, quando alguém agride de modo cego e irracional, quando se grita ou protesta de modo rasteiro, sem argumentos plausíveis, qual a resposta mais inteligente?
Qual a reação mais de acordo com Aquele que Se calou diante dos fariseus que queriam apedrejar a mulher ou ante os que Lhe perguntaram com qual autoridade agia?
Qual a resposta à pergunta de Pilatos, sem interesse real pela verdade?
É fácil uma indignação precipitada e imatura, exigindo até dos pastores da Igreja uma ação ao gosto das paixões e rompantes de cada um! Há hora de falar e hora de calar, há modo de falar e modo de calar, há motivos para se manifestar e motivos de estar em silêncio.
Deus abençoe os cristãos!
Deus abençoe a Santa Esposa de Cristo, nossa Mãe católica!
Deus conceda aos filhos da Igreja a coragem de agir do modo correto, na medida correta, no momento correto, com argumentos corretos e pelos motivos corretos!
E nunca esqueçam: "As portas do Inferno não prevalecerão!"


5 de junho de 2015

LADAINHA DA HUMILDADE



Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus manso e humilde de coração: ouvi-nos.
Jesus manso e humilde de coração: atendei-nos.
Jesus manso e humilde de coração: fazei o nosso coração semelhante ao Vosso.

Do desejo de ser estimado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser amado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser procurado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser louvado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser honrado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser preferido, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser consultado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser aprovado, livrai-me, Jesus!
Do desejo de ser adulado, livrai-me, Jesus!

Do temor de ser humilhado, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser desprezado, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser rejeitado, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser caluniado, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser esquecido, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser ridicularizado, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser escarnecido, livrai-me, Jesus!
Do temor de ser injuriado, livrai-me, Jesus!

Que os outros sejam mais amados do que eu – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros sejam mais estimados do que eu – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!  Que os outros possam crescer na opinião do mundo e que eu possa diminuir – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que aos outros seja concedida mais confiança no seu trabalho e que eu seja deixado de lado – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros sejam louvados e eu esquecido – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam ser preferidos a mim em tudo – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!
Que os outros possam ser mais santos do que eu, contanto que eu pelo menos me torne santo como puder – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!

Ó Maria, Mãe dos humildes, rogai por nós!
São José, protetor das almas humildes, rogai por nós!
São Miguel, que fostes o primeiro a lutar contra o orgulho e o primeiro a abatê-lo, rogai por nós!
Ó justos todos, santificados a partir do espírito de humildade, rogai por nós!


ORAÇÃO: Ó Deus, que, por meio do ensinamento e do exemplo do Vosso Filho Jesus, apresentastes a humildade como chave que abre os tesouros da graça (cf. Tg 4,6) e como início de todas as outras virtudes – caminho certo para o Céu – concedei-nos, por intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, a mais humilde e mais santa de todas as criaturas, aceitar agradecendo todas as humilhações que a Vossa Divina Providência nos oferecer. Por N. S. J. C. que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém.

25 de maio de 2015

Oração ao Espírito Santo



Meu amado Espírito Santo,
Obrigado por  se fazer sempre presente em minha vida, minha história!
Perdoe-me se nem sempre sou capaz de perceber essa
Tua Presença a me sustentar a vida, me iluminar, me conduzir, me pacificar, me consolar.
Repousa sobre minha mente,
para que eu possa pensar de acordo com a vontade 
divina expressa na Santa Palavra de Tua autoria.
Repousa sobre meus olhos,
para que eu possa ter a visão espiritual dos fatos e 
acontecimentos sob o carisma do discernimento dos espíritos.
Repousa sobre meus ouvidos,
para que eu possa escutar Tua suave voz na
 brisa mansa a me educar e inspirar.
Repousa sobre minha boca,
para que eu possa falar somente palavras boas, 
úteis a edificação dos que me ouvem.
Repousa sobre meu coração!
Retira o coração de pedra do meu peito e 
coloca um coração verdadeiramente humano, de carne, 
do qual flua rios de águas vivas e que 
transborde mansidão e humildade.
Repousa sobre todo meu corpo,
para que ele se torne verdadeiramente 
um Templo onde Tu possas habitar.

Em nome de Jesus, por intercessão da Virgem Maria, amém. 

24 de maio de 2015

Conversando sobre proposta de regulamentação de Aborto nas 12 primeiras semanas


(Postagem da fanpage do Senado Federal do dia 4 de Maio de 2015 "Sugestão de iniciativa popular propõe regulamentar o aborto voluntário realizados pelos SUS dentro das 12 primeiras semanas de gestação" gera a conversa transcrita abaixo.)

EU: Totalmente contra regulamentar crimes. Mil vezes não ao aborto!

Da Costa: Não concorda, não faça, simples.

EU: Não concordo, não faço e me manifesto contra o quanto eu quiser. #FomosTodosFeto

Maria: Essa lógica do “não concorda não faça” pode ser usada para todos os crimes e ainda sim não estamos legalizando assassinato.

Eu: Sou conta o assassinato, a pena de morte e o aborto. Contra, mil vezes contra e vou falar.

Russi: Mas é a favor da pena de vida das mães que sobrevivem aos abortos clandestinos e dos(as) filhos(as) que ficam ai jogados pelo mundo, muito bonito.

Eu: Não sou não. Não sou a favor de nada disso e SOU CONTRA O ABORTO. Pela lógica do "não é favor do aborto não faça um" poderíamos dizer "não quer morrer fazendo um aborto clandestino, não faça um", não aborte. Não existe um único ser humano que não tenha sido feto, mesmo antes de 12 semanas. Ninguém no Brasil pode ser condenado à morte, o feto, ser humano em potência também não. Jamais concordarei com isso e felizmente a maioria dos brasileiros também não. Toda criança brasileira é da conta de todo nós sim, as "jogadas nas ruas" e as que as próprias mães querem matar.

Matos: Não faz sentido! Você sendo contra a legalização do aborto faz com que mulheres sejam obrigadas a recorrer ao aborto clandestino, isso é um absurdo.  Sua "opinião" afeta milhares de mulheres, pense!

Eu: E a sua "opinião" a favor da legalização do aborto afeta milhares de seres humanos condenados a morte sem ao menos terem tido um julgamento. Você não era um ser humano antes das 12 semanas de gestação? Era sim. E o aborto afeta para sempre quem recorre a ele, seja ele clandestino ou legal, disso ninguém fala.

Da Rosa: Claro que afeta quem recorre. Principalmente quando ela morre, mas quem liga, afinal...  Quem mandou abortar, né? E os filhos que ela deixou, quem cuida? Ninguém cuida, né? Não é problema nosso depois que nasceram. Só antes, antes eu vou dar “pitaco” no útero de todo mundo!

Eu: É problema nosso, é problema de todos. Certamente você tem feito sua parte pelas crianças abandonadas, assim como eu tenho procurado fazer a minha e precisamos cobrar isso do Estado e das instituições. Se você acha que para minimizar as consequências que vem para aqueles que comentem crimes a solução é regulamentar ou legalizar o crime, você tem o direito a sua opinião, mas eu discordo totalmente de você e vou manifestar minha discordância. Eu dou “pitaco”, você dá “pitaco”, todo mundo pode dar “pitaco”. Ainda somos livres para dar “pitaco”.

Matos: É ridículo você querer mandar no útero alheio.

Figueira: "É ridículo você querer mandar no útero alheio." Mais ridículo é você querendo matar filho!!

Eu: Você pode achar o que quiser de mim, da minha opinião, mas felizmente posso expressá-la. Não existe outra maneira ainda das pessoas passarem a existir, a não ser no útero de suas mães, se elas não assassinarem seus filhos pelo motivo que for.

Matos: "Assassinarem"!... Na boa, sugiro que se informe mais sobre o tema.

Eu: Um ser vivo em vias de amadurecimento no útero de sua mãe não é um tumor no corpo dela e nem um órgão do seu corpo, mas outro indivíduo com DNA 100% distinto do de sua mãe. Qualquer manual de embriologia explicita isso, talvez VOCÊ devesse se informar mais sobre o tema. Pode achar ridículo o que quiser achar. Sou contra e sempre que puder, me manifestarei contra. Não existe solução fácil para problema difícil. Regulamentar ou legalizar um crime por que do exercício dele as pessoas morrem é que não faz sentido. É triste as pessoas morrerem por terem cometido um crime? É lastimável. É aceitável as pessoas morrerem sem terem cometido crime nenhum, apenas existirem no útero de suas mães? É uma tragédia que não pode ser ignorada.

Garofollo: Eu estou com 13 semanas de gestação e ouvi o coração do embrião logo na 6ª semana... Hoje o bebê mexe as perninas, abre e fecha a mãozinha e a põe na boca, etc... Fico com dor no peito em imaginá-lo sendo arrancado vivo de dentro de mim... Eu era a favor do aborto antes de me tornar mãe, não sou mais. Só minha opinião mesmo...

Eu: Aborto não faz com que a mulher deixe de ser mãe, só a faz mãe de um filho morto, e morto com o aval dela. CONTRA O ABORTO. O que se defende é o direito inalienável a vida de todo e qualquer brasileiro, mesmo se sua mãe for contra esse direito, por qualquer motivo.

Takeshi: Você considera "assassinato" o ato de desligar os aparelhos de uma pessoa que teve morte cerebral? Se você respondeu não, então não pode considerar o aborto de um feto de até 12 semanas um assassinato. Com 12 semanas o feto não possui o sistema nervoso central formado, logo não possui cérebro. OBS.: Até mesmo a Itália, com quase 90% da sua população sendo católica, permite o aborto até 12 semanas de gestação.

Eu: Uma coisa é desligar os aparelhos de alguém que de forma irreversível não poderá mais se manter vivo sem ajuda destes. Outra muitíssimo diferente é impedir que alguém venha a desenvolver seu sistema nervoso naturalmente destruindo sua integridade física. Não concordo e nunca concordarei que alguém no momento mais vulnerável de sua existência seja eliminado por vontade de terceiros, seja pelo critério que for. E o fato de outros países aceitarem essa desumanidade não é parâmetro para que eu concorde e aceite destinar dinheiro dos impostos dos brasileiros para que isso se realize pelo SUS, que não tem condições nem de atender os casos de diagnósticos de câncer com a urgência necessária, que dirá de promover o aborto até a 12ª semana.

Matos: Gente, esqueçam! Quem pensa assim só pode ainda achar que a proibição faz com que mulheres não abortem, e pior, compactua com as centenas de mortes das mulheres que ocorrem no ano.

Eu: Obviamente a proibição de crime nenhum faz com que as pessoas deixem de cometê-lo, e igualmente deixem de sofrer as consequências de suas condutas, mas não é por isso que eu vou me posicionar a favor do ato criminoso e legalizar ou regulamentar o que infringe a lei e os direitos humanos com o aval do Estado, especialmente o direito inalienável de qualquer brasileiro de continuar existindo e poder nascer, mesmo que sua mãe queira negar e eliminar sua existência, sua vida.

Vianna: E as crianças que passam fome, maus-tratos, estupradas, você é a favor?

Eu: Não sou a favor de maus-tratos, exploração, violência contra crianças de maneira nenhuma. Sou contra qualquer tipo de violação de seus direitos, especialmente o direito à vida desde o momento em que nem mesmo sua própria mãe quer protegê-la e que ela mesma não pode fazer nada para se defender.

Takeshi: Então você concorda que, com 12 semanas, um feto não é vivo, mas uma possibilidade de ser vivo. Por mais que nossa medicina esteja avançada, ainda não sabemos bem como funciona o nosso cérebro, por exemplo. Existem casos de diagnóstico de morte cerebral em que o paciente "ressuscitou". Assim como existem inúmeros casos de aborto espontâneo mesmo depois de 12 semanas, ou mesmo o feto não desenvolver o tubo neural. Por fim, ninguém aqui está incentivando o aborto. Mas que, quem queria, por motivos inúmeros, tenha acesso a psicólogos, médicos e procedimentos onde, em vez perdemos duas vidas, possamos perder uma ou nenhuma. A legalização do aborto em praticamente todos os países diminuíram o número de abortos. Vide o casos do Uruguai, Alemanha, Itália, Áustria, entre outros.

Eu: Não concordo que com 12 semanas um feto não é vivo! Até mesmo os vírus são considerados seres vivos pela Biologia! Que é um ser vivo penso que não haja dúvida, obviamente é vivo, mas em potência de desenvolvimento. Muito se questiona se já seria um "ser humano", ou um cidadão que tivesse já direitos a serem assegurados. Eu acredito que sim, mesmo os seres humanos que não são "plenos" biologicamente (as pessoas com deficiência, por exemplo, ou idosos, doentes ou mesmo as crianças que, quando saem dos úteros de suas mães passam meses, anos em dependência, em desenvolvimento) precisam ter seus direitos respeitados a começar pelo direito inalienável a vida, sem o qual nenhum outro direito é necessário. Quando se defende a regulamentação/legalização do aborto sem dúvidas há incentivo, talvez não proselitismo, mas há sim incentivo tácito. Creio que muitos que defendem a possibilidade do aborto não sejam favorável a ele em teoria, mas existem grupos e pessoas que lucrariam muito com essa indústria como tem lucrado nos países citados, explorando economicamente mulheres num momento provavelmente de maior desespero em sua vida (pelo que tenho visto em minha experiência com essas mulheres). Não pretendo dissuadir ninguém a mudar sua opinião sobre o tema e nem eu vejo nenhum argumento que me faça mudar meu pensamento, muito pelo contrário, continuo a repetir: SOU CONTRA A REGULAMENTAÇÃO/ LEGALIZAÇÃO DO ABORTO, para mim é crime e deve continuar sendo crime e a maioria do povo brasileiro concorda comigo, segundo recentes pesquisas.

Takeshi: Nenhum direito é absoluto. Tanto que se aborta legalmente no Brasil em dois casos. A regulamentação é necessária, tanto para conscientizar quanto para evitar riscos desnecessários à mãe. É contraditório permitir o aborto em caso de gravidez resultante de violência sexual, por danos psicológicos à mãe, e ser contra o aborto, contra a vontade da mãe!

Eu: Primeiro, há uma diferença entre legalização e não punição. O Código Penal Brasileiro não legaliza o aborto nessas situações, não diz que não é crime, apenas não estipula pena. Continua sendo crime e deve continuar sendo crime, na minha opinião. Eu não posso concordar com uma sociedade que apóia a vontade de uma mãe de impedir que seu filho deixe de existir com apoio das leis. Nenhum direito é absoluto, mas o direito a vida é INALIENÁVEL segundo a Constituição Federal, ou seja, não deve estar à disposição de terceiros, nem mesmo do próprio sujeito de direito. Apesar da personalidade jurídica se iniciar com o nascimento com vida, o Código Civil deixa claro que os direitos de todo cidadão brasileiro são protegidos desde a concepção. E como garantir ao feto o direito de herança (por exemplo) se não garantirmos o direito de existir, de viver, de vir a nascer, mesmo contra a vontade de sua mãe? Apesar dos pais serem os representantes legais dos filhos menores, inclusive dos não nascidos, uma das causas de perda desse poder é quando os pais agem contra os interesses dos filhos. Se as leis protegem o feto de ser prejudicado pelos próprios pais, MAIS CONTRADITÓRIO AINDA, na verdade, é confiar o direito fundamental à vida desse feto ao arbítrio de quem age obviamente em desfavor dos interesses dele... E olha que eu nem entrei no ponto da eugenia aqui...

Prado: Sou TOTALMENTE CONTRA! Quem não quiser filho que evite, simples assim.

Constante: PERCEBO QUE OS HUMANOS ESTÃO REGREDINDO! ABORTAR É UM ATO DESUMANO! É CRIME!

Eu: É crime e deve continuar sendo crime.

Takeshi: A Constituição prevê até a pena de morte. Ou seja, existe exceção para tudo. Não estamos discutindo a legalidade... Tanto que essa consulta é para mudar a legislação. Agora, se você pretende fechar os olhos à realidade de mulheres que irão fazer o aborto independentemente da legislação, fica complicado. Tenha isso em mente, existem e existirão mulheres que vão abortar. Isso não depende da sua convicção a cerca do tema. Agora, você é a favor ou contra uma flexibilização legal para permitir que essas mulheres tenham acompanhamento médico e psicológico para evitar mais mortes, sim ou não?


Eu: Existem e existirão homens que vão estuprar. Isso não depende da sua convicção acerca do tema. Agora, você é contra ou a favor de uma flexibilização legal para permitir que essas pessoas tenham acompanhamento médico e psicológico para evitar mais estupros, sim ou não? Existem assaltantes que vão assaltar e muitos deles vão morrer em consequência disso. Igualmente assassinos vão morrer. O que se discute com legalização/regulamentação ou descriminalização do aborto, e aliás, contra qualquer outra conduta considerada crime, são as violações de direitos de terceiros, no caso específico, o direito à vida do feto. Assim como nos outros casos: a lei diz que não se deve assaltar para proteger o direito ao patrimônio; a lei diz que não se deve estuprar para proteger o direito a dignidade sexual da mulher e eu acredito que a lei deva continuar a dizer que não se deve abortar, para proteger o direito a vida do nascituro. Sou contra, contra, mil vezes contra a flexibilização legal independente do fato das pessoas optarem por continuarem a cometer crimes. A exceção constitucional para a pena de morte se trata de um caso excepcional e não está disponível ao arbítrio sequer do Congresso Nacional por constituir-se clausula pétrea e sempre haverá casos excepcionais, como já existe inclusive na atual legislação sobre aborto. Para mim, no aborto, sempre alguém acaba morto, um ser humano, um cidadão brasileiro, mas os favoráveis a flexibilização das leis ignoram esse fato. Sou contra e continuo contra, discordamos irremediavelmente. Acho absolutamente positivo que haja acompanhamento médico e psicológico para se evitar que a mulher chegue ao ponto do aborto, mas isso não depende da mudança da legislação. 

23 de maio de 2015

Pregar com amor


Deus sempre fala por Amor, Jesus pregou por amor. E seus discípulos, como devem pregar? Estas palavras nos levam a questionar: o que deve motivar o evangelizador a pregar e o que significa, em que consiste, pessoalmente, anunciar a Boa Nova com amor. Afinal, é preciso, antes de tudo, fazer a reflexão: por que eu me disponho a anunciar a Boa Nova? Por que é que eu estou nessa?
O que deve motivar o pregador a pregar, na minha opinião, é a experiência de amor que fez em sua vida, primeiro com Deus e depois com os irmãos. Deus me amou tanto, me perdoou, me curou, libertou... isso é maravilhoso! Uma vida nova, plena de amor, repleta de sentido... Todos deveriam poder experimentar isso!
            Sentimos então o chamado a anunciar essas verdades que são as únicas que podem fazer as pessoas verdadeiramente felizes. Anunciar essas verdades com amor significa me colocar no lugar das pessoas que estão recebendo esse meu anúncio, me lembrar que um dia já estive na situação de ouvinte, de ovelha perdida, com minhas dúvidas, medos, pecados e que um dia, por meio de alguém que pregava, me encontrei com esse Senhor que veio para nos dar vida em abundância, um sentido novo para viver.
            Por isso devemos anunciar a Boa Nova, este é o motivo: Deus nos amou primeiro, fomos capacitados a retribuir esse amor, essa experiência mudou nossas perspectivas para sempre, e todos deveriam poder vivenciar isso. Que o Espírito Santo possa nos usar sempre para tal, afinal, o Espírito é amor que une o Pai e o Filho e que se derrama sobre nós. Que nunca nos coloquemos a anunciar, pregar a Palavra levados por outro sentimento diferente do amor.
            Isso não quer dizer que, por conta de um sentimento de afeto, devamos cultivar o respeito humano e mitigar a força da verdade da Palavra de Deus, ou seja: por medo de ferir os sentimentos das pessoas ou desagradar certos grupos, lançar mão de “um discurso politicamente correto feito pra adocicar o Evangelho e ao contrário do que se pretende, prestar um desfavor a fé”, nas palavras de um sacerdote amigo meu, Pe. Luciano Carvalho. O Papa Bento XVI em sua Encíclica Caritas in Veritate afirma que “a verdade há-de ser procurada, encontrada e expressa na ‘economia’ da caridade, mas esta por sua vez há de ser compreendida, avaliada e praticada sob a luz da verdade. (...) Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo.” Não é no sentimentalismo que Deus age com profundidade, mas no poder da Verdade iluminada pelo Amor.
Grande desafio equilibrar esses dois pratos da balança, a verdade e o amor no exercício da evangelização, no momento do anúncio da Palavra! Só conduzidos pelo Espírito conseguiremos, assim como Jesus conseguiu conciliar perfeitamente em sua missão. Nesta balança, o amor tem prioridade, pois é o caminho mais excelente de todos; o maior dos dons é a caridade (1Cor 12, 31. 13, 13), mas a verdade não pode ser mitigada! 
Aprendi com o ministério de intercessão da RCC que a oração mais eficaz pelo outro é aquela que é feita de uma pessoa que ama para outra que é amada, em Espírito e em verdade. Da mesma forma, a pregação eficaz é aquela movida pelo amor, justificada no amor (a Deus e aos ouvintes) e executada com amor, igualmente em Espírito e em verdade. Como está escrito em 1 Cor 13 que mesmo que nós falássemos as línguas dos homens e dos anjos, sem amor, nossas palavras seriam como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine, que nossa pregação não valeria nada, seria inútil... Mas quando pregamos a verdade com amor, nossa pregação se torna útil não só para quem ouve, mas antes e muito mais para nós mesmos que pregamos, pois o ouvido mais próximo da nossa boca é o nosso. Eu tenho feito a experiência de pregar me vendo na multidão, pregar primeiro pra mim mesma e tenho colhido muitos frutos dessa prática.

            Ainda assim muitos obstáculos aparecem nessa caminhada do apostolado, nessa missão de anunciar, com amor, a Verdade que emana da Palavra de Deus para a salvação dos irmãos. Muitas vezes nos falta esse amor no ministério da pregação, em nossa missão em geral! Anunciamos a Palavra para tantas pessoas sofridas, oprimidas de todos os lados, pressionadas pelas exigências cotidianas! Nossa pregação deve ser totalmente imbuída da Verdade da Revelação, mas principalmente, deve ser expressada com respeito, com benignidade, compaixão, com ardor vinda do próprio Espírito de Amor! Como evangelizadores, precisamos transbordar amor e não ser mais um peso no coração de nossos irmãos e não ser um martelo na cabeça deles de acusação, julgamento e condenação. Verdade dita com Amor toca, converte, transforma, liberta! 
Novamente o Papa Emérito Bento XVI vem nos dizer que o amor pode nos ser exigido pois antes nos é dado. São João esclarece: o amor vem de Deus! (1 Jo 4, 7) É tarefa de toda a vida para os cristãos, especialmente para os que são chamados a pregação, ao anúncio, ao apostolado, amar não apenas com palavras e com a língua, mas antes de mais nada por atos e em verdade (1 Jo 3,18). Que Deus nos faça evangelizadores, pregadores, apóstolos do amor, por amor e com amor. Não de sentimentalismos e do respeito humano, mas com o amor verdadeiro que deseja o bem do outro ainda que isso contrarie suas vontades e questione seu proceder. Em nome de Jesus, amém!

22 de maio de 2015

Ter a consciência missionária


Desde o começo, os primeiros discípulos ardiam de desejo de anunciar a Cristo: "pois não podemos, nós, deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos" (At 4,20). Ser pregador e pregadora implica num ardor missionário, num calor tão intenso de anunciar a Boa Nova por aí.
Se você teve um encontro pessoal com Jesus e viveu a experiência da Efusão do Espírito Santo, com certeza já sentiu esse ardor missionário de pregar a palavra de Deus com tanta paixão e afinco. Um dos Frutos de uma vivência profunda de Pentecostes é essa consciência da necessidade de sair em missão, com ardor, assim como saíram os apóstolos depois que aquele vento impetuoso tomou o Cenáculo e aquelas línguas de fogo iluminaram e aqueceram suas cabeças, levando-os a superar inclusive a diversidade  de idiomas no anúncio das maravilhas do Senhor, prometidas e concretizadas naquele dia de Pentecostes (Atos 2, 1-4).
Depois de terem recebido o Espírito Santo, os apóstolos simplesmente não puderam permanecer escondidos, reclusos em oração, mas precisaram ir, partir em Missão! 
A experiência do ardor missionário, na minha vida, se dá por duas vias: pela vivência na comunidade e pela minha busca pessoal em ter um relacionamento com o Senhor na intimidade. Penso que uma vivência equilibra a outra, pelo menos no meu caso específico.
            Na comunidade vejo as necessidades do povo, seu sofrimento, sua sede de Deus, e até muitas vezes, percebo as tentativas das trevas do mundo e do pecado em derrubar os filhos da luz. Tudo isso me motiva muito a anunciar, a falar de Cristo, de salvação, de sua libertação, de sua Volta. Além disso, a companhia dos irmãos de caminhada, que compartilham do mesmo ideal me fortalece e anima! Sozinha sou fraca, com os irmãos, sou mais feliz e mais forte! "Dois homens juntos são mais felizes que um isolado, porque obterão um bom salário de seu trabalho. Se um vem a cair, o outro o levanta. Mas ai do homem solitário: se ele cair não há ninguém para o levantar". (Ecle 4, 9s)
            Também individualmente, na vida que tento ter de oração, de meditação da Palavra, de estudos da doutrina... quanto mais me aproximo do Senhor, mais quero agradá-Lo, servi-Lo, honrá-Lo! E para tal anunciar aos meu irmão a Salvação que Jesus nos trouxe por Sua Paixão, Morte e Ressurreição é um ato absolutamente irrenunciável, é mandamento do Senhor: “Ide pelo mundo e proclamai a Boa Nova a toda criatura!” (Mc 16, 15)
            Não vou mentir, nem sempre é fácil anunciar o Evangelho! Muitas vezes as perseguições, incompreensões e hostilidades me desanimam humanamente. Além disso muitas vezes me vejo em meio a grandes dilemas encarando minhas misérias e o quanto ainda sou indigna da Palavra que muitas vezes me vejo a anunciar, mas simplesmente não posso me calar e nem desistir, pois dentro de mim existe aquele fogo devorador de que “reclamava” Jeremias (Jr 20, 9), vivo, incômodo que não me deixa em paz! Existe no meu coração uma Voz que não se cala e que me provoca quando vejo mentiras, injustiças, leviandades. Existe na minha mente uma Luz que não se conforma em assistir pessoas se destruindo no pecado, se desviando do Caminho que as fará verdadeiramente felizes e indo em direção às trevas.

            As coisas que vivi com o Senhor me motivam a anunciá-Lo. É uma obrigação de amor, de gratidão, de consideração. Como não anunciar depois de tudo o que vivemos juntos, depois de tudo o que Ele já fez em minha vida e na vida de minha família? Como não anunciar a Palavra depois de tudo o que já vi o Senhor realizar no meio do seu povo? Então eu sigo em frente e percebo que esse ardor não é mesmo algo humano, mas dom do Espírito Santo.

Jesus, o Centro da nossa Família


(Texto de Rafael Vitola Brodbeck compartilhado pelo Facebook)

Aqui em casa, as crianças NÃO estão no centro. Tampouco, nós, os pais, estamos. Quem está no centro de nosso lar é Cristo, Nosso Senhor. Tudo gira em torno d'Ele. Tudo é feito tendo em conta Suas vontades. Tudo é pensado a partir de Seus critérios.

Na prática, isso significa que não são as crianças quem vão definir os programas de TV ou a música que escutaremos no carro, nem mesmo o tipo de passeio que vamos realizar. Por outro lado, não significa que, por sermos os adultos, iremos assistir a tudo o que quisermos, sem levarmos em conta as necessidades dos pequenos, e nem que não faremos razoáveis e justas abdicações de nossas vontades em prol do bem estar ou até mesmo do prazer delas, quando entendemos possível e correto. Enfim, não implica não cedermos aos filhos, quando percebemos que não é capricho.

Equilíbrio e ponderação auxiliam na tomada de decisões, respeitando, claro, a dinâmica de cada família e suas circunstâncias e características próprias.

O que importa é que a criança não reine absoluta, não seja o centro da família e o fiel da balança na tomada de decisões, e que se evite, igualmente, que os pais, que precisam, sim, ser as autoridades do lar, transmutem o justo governo da casa em uma tirania.

Colocar o Senhor em Seu devido lugar - o centro não só da Igreja, como da família, verdadeira Igreja Doméstica - ajuda nesse processo (além de ser indispensável para que o lar seja realmente cristão).

É d'Ele, é n'Ele e é com Ele que pensamos, sentimos, decidimos e agimos. Sabemos que os filhos não são eternas crianças - a infância não é um fim em si mesmo, mas uma preparação para a vida adulta, e isso implica em treino, em disciplina, em estímulo, em motivação e em rigor aplicado com amor, o que não significa que devam ser miniadultos desde já. 

Sabemos que eles não são nossos. Mas também não são do mundo. São de Deus. Somos pais apenas por participarmos, por um decreto do Senhor, de Sua própria Paternidade divina. E só imitando a Deus, ao Deus Encarnado, que é Homem como nós, e entronizando-O como Rei e Senhor de nossa residência e das almas e corpos que lá vivem, teremos não apenas a vida eterna no céu, mas uma sua antecipação em felicidade cá na terra, com pais firmes e carinhosos, e filhos alegres, responsáveis, decididos e livres.