Deus
sempre fala por Amor, Jesus pregou por amor. E seus discípulos, como devem
pregar? Estas palavras nos levam a questionar: o que deve motivar o evangelizador
a pregar e o que significa, em que consiste, pessoalmente, anunciar a Boa Nova
com amor. Afinal, é preciso, antes de tudo, fazer a reflexão: por que eu me
disponho a anunciar a Boa Nova? Por que é que eu estou nessa?
O
que deve motivar o pregador a pregar, na minha opinião, é a experiência de amor
que fez em sua vida, primeiro com Deus e depois com os irmãos. Deus me amou
tanto, me perdoou, me curou, libertou... isso é maravilhoso! Uma vida nova,
plena de amor, repleta de sentido... Todos deveriam poder experimentar isso!
Sentimos então o chamado a anunciar essas verdades que
são as únicas que podem fazer as pessoas verdadeiramente felizes. Anunciar
essas verdades com amor significa me colocar no lugar das pessoas que estão
recebendo esse meu anúncio, me lembrar que um dia já estive na situação de
ouvinte, de ovelha perdida, com minhas dúvidas, medos, pecados e que um dia,
por meio de alguém que pregava, me encontrei com esse Senhor que veio para nos
dar vida em abundância, um sentido novo para viver.
Por isso devemos anunciar a Boa Nova, este é o motivo:
Deus nos amou primeiro, fomos capacitados a retribuir esse amor, essa
experiência mudou nossas perspectivas para sempre, e todos deveriam poder
vivenciar isso. Que o Espírito Santo possa nos usar sempre para tal, afinal, o
Espírito é amor que une o Pai e o Filho e que se derrama sobre nós. Que nunca
nos coloquemos a anunciar, pregar a Palavra levados por outro sentimento
diferente do amor.
Isso não quer dizer que, por conta de um sentimento de
afeto, devamos cultivar o respeito humano e mitigar a força da verdade da
Palavra de Deus, ou seja: por medo de ferir os sentimentos das pessoas ou
desagradar certos grupos, lançar mão de “um discurso politicamente correto
feito pra adocicar o Evangelho e ao contrário do que se pretende, prestar um
desfavor a fé”, nas palavras de um sacerdote amigo meu, Pe. Luciano Carvalho. O
Papa Bento XVI em sua Encíclica Caritas in Veritate afirma que “a verdade há-de
ser procurada, encontrada e expressa na ‘economia’ da caridade, mas esta por
sua vez há de ser compreendida, avaliada e praticada sob a luz da verdade.
(...) Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo.” Não é no sentimentalismo
que Deus age com profundidade, mas no poder da Verdade iluminada pelo Amor.
Grande
desafio equilibrar esses dois pratos da balança, a verdade e o amor no
exercício da evangelização, no momento do anúncio da Palavra! Só conduzidos
pelo Espírito conseguiremos, assim como Jesus conseguiu conciliar perfeitamente
em sua missão. Nesta balança, o amor tem prioridade, pois é o caminho mais excelente
de todos; o maior dos dons é a caridade (1Cor 12, 31. 13, 13), mas a verdade
não pode ser mitigada!
Aprendi com o ministério de intercessão da RCC que a oração
mais eficaz pelo outro é aquela que é feita de uma pessoa que ama para outra
que é amada, em Espírito e em verdade. Da mesma forma, a pregação eficaz é
aquela movida pelo amor, justificada no amor (a Deus e aos ouvintes) e
executada com amor, igualmente em Espírito e em verdade. Como está escrito em 1
Cor 13 que mesmo que nós falássemos as línguas dos homens e dos anjos, sem amor,
nossas palavras seriam como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine, que
nossa pregação não valeria nada, seria inútil... Mas quando pregamos a verdade com
amor, nossa pregação se torna útil não só para quem ouve, mas antes e muito
mais para nós mesmos que pregamos, pois o ouvido mais próximo da nossa boca é o
nosso. Eu tenho feito a experiência de pregar me vendo na multidão, pregar
primeiro pra mim mesma e tenho colhido muitos frutos dessa prática.
Ainda assim muitos obstáculos aparecem nessa caminhada do
apostolado, nessa missão de anunciar, com amor, a Verdade que emana da Palavra
de Deus para a salvação dos irmãos. Muitas vezes nos falta esse amor no
ministério da pregação, em nossa missão em geral! Anunciamos a Palavra para
tantas pessoas sofridas, oprimidas de todos os lados, pressionadas pelas exigências
cotidianas! Nossa pregação deve ser totalmente imbuída da Verdade da Revelação,
mas principalmente, deve ser expressada com respeito, com benignidade,
compaixão, com ardor vinda do próprio Espírito de Amor! Como evangelizadores,
precisamos transbordar amor e não ser mais um peso no coração de nossos irmãos e não ser um martelo na cabeça deles de acusação, julgamento e condenação. Verdade dita com Amor toca, converte, transforma, liberta!
Novamente o Papa Emérito Bento XVI vem nos dizer
que o amor pode nos ser exigido pois antes nos é dado. São João esclarece: o
amor vem de Deus! (1 Jo 4, 7) É tarefa de toda a vida para os cristãos,
especialmente para os que são chamados a pregação, ao anúncio, ao apostolado, amar
não apenas com palavras e com a língua, mas antes de mais nada por atos e em
verdade (1 Jo 3,18). Que Deus nos faça evangelizadores, pregadores, apóstolos do
amor, por amor e com amor. Não de sentimentalismos e do respeito humano, mas
com o amor verdadeiro que deseja o bem do outro ainda que isso contrarie suas
vontades e questione seu proceder. Em nome de Jesus, amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário