21 de junho de 2013

Precisaremos nos manifestar contra as manifestações? QUEREMOS PAZ!



O que eu quero perguntar é o seguinte: se numa casa a mãe é pacífica, o pai é pacífico, o filho é pacífico, a filha é pacífica, os avós são pacíficos, o cachorro é pacífico, o papagaio é pacífico, mas (sei lá, só um exemplo) o cunhado e o primo berram, agridem os outros, quebram a casa, roubam as coisas dos outros familiares, picham as paredes e quebram as janelas da residência, etc, etc... Podemos afirmar, embora a maioria da pessoas dessa casa serem pessoas de bem, que a situação seja "pacífica com apenas um pequeno grupo agindo inadequadamente"? A mídia tem que parar de chamar esses protestos de manifestações pacíficas, existem pessoas de bem e com boas intenções, mas assim como a casa descrita no início não está em paz, o Brasil não está em paz. As manifestações estão acabando toda noite em caos, violência e vandalismo. Já houve um morto, um cidadão, um filho de Deus que teve sua vida encerrada na confusão. Serão necessários vários mártires nesse movimento para que as pessoas percebam que a coisa pode ficar fora de controle?

Ah, mas o Brasil precisa de mudança, não é só pelos R$ 0,20, ninguém aguenta mais, etc, etc... Concordo!!! Podem até achar o tema da bandeira nacional determinista, cartesiano, antiquado, conservador, brega, sei lá... Mas o fato é que em tudo (tudo!) em nossa vida que não há ordem, não há progresso, não há evolução, não há melhoria. Será possível que precisaremos nos manifestar contra essas manifestações?!? Será que veremos os órgãos e monumentos públicos em todo o território nacional, um após outro, serem pichados, quebrados, queimados, invadidos? Será que vai ser preciso assistir policiais (e outros brasileiros) serem acossados, agredidos, mortos por esse tal de “pequeno grupo que não representa a belezura democrática dessa manifestação pacífica” para que algo seja feito? Será que chegaremos ao estado de sítio? À guerra civil? Ou será que as pessoas radicais, o "pequeno grupo que não representam o movimento", sem nenhuma intervenção de nenhuma parte, refletirá, cairá em si e modificará seu comportamento violento?

Aqui em Brasília, na manifestação de ontem (20/06/2013), a Catedral, que levou mais de ano para ser reformada com tanto sacrifício, em minutos foi depredada. O Palácio do Itamarati, obra arquitetônica de renome mundial, precisará de reparos que sairão dos bolsos dos contribuintes. Igrejas, prefeituras, lojas, ônibus e bancos, em todo o Brasil, são depredados sempre por esse “pequeno grupo”. O Brasil vai mesmo ficar refém desse pequeno grupo, dessa minoria, desse “cunhado e desse primo” que só o que fazem é destruir nossa casa, nossa família?  Correu pela internet uma tal de 5 causas lançados por um grupo mascarado que nem se considera um grupo, mas um ideia. Apaga tudo. A primeira causa URGENTE do Brasil é uma só: PAZ! A segunda, SEGURANÇA. Só a partir daí podemos respirar nessa casa, nessa terra! 

#EuEstouOrandoPelasManifestaçõesNoBrasil Estou orando para que os brasileiros sejam dignos da liberdade que desfrutam. Orando para que os políticos, autoridades, governantes ACORDEM para a seriedade do momento que vivemos. Orando para que essa manifestação, que tem propósito, que tem sentido, que realmente evidencia toda amargura, descrença e frustação de toda uma nação, não passe à história como um movimento de bandidos, mas de cidadãos decentes. SE FOR PARA HAVER MANIFESTAÇÕES EM FAVOR DO BRASIL, COMO É QUE ACEITAREMOS QUE SE DEPREDE, DESTRUA, AGRIDA O BRASIL E OS BRASILEIROS? SERÁ POSSÍVEL QUE PRECISAMOS CLAMAR POR SEGURANÇA ATÉ NAS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS?

Queremos PAZ, precisamos de PAZ, como povo e como pessoa. O que o mundo não entende é que a Paz não é um sentimento, nem uma coisa, nem uma série de atos, nem mesmo um comportamento... A Paz é uma Pessoa! A Paz é Jesus.

Rezemos com o Salmo 120 pelo nosso país, pelos nossos irmãos brasileiros que sofrem pela insegurança e pelo clima de guerra que pouco a pouco, por meio de poucos, vai se instaurando nessas manifestações. 

1. Para os montes levanto os olhos: de onde me virá socorro?
2. O meu socorro virá do Senhor, criador do céu e da terra.
3. Ele não permitirá que teus pés resvalem; não dormirá aquele que te guarda.
4. Não, não há de dormir, nem adormecer o guarda de Israel.
5. O Senhor é teu guarda, o Senhor é teu abrigo, sempre ao teu lado.
6. De dia, o sol não te fará mal; nem a lua durante a noite.
7. O Senhor te resguardará de todo o mal; ele velará sobre tua alma.
8. O Senhor guardará os teus passos, agora e para todo o sempre.


#MudaBrasil #VemPraRua #OGiganteAcordou #UmGiganteForaDeControle #VemPraRuaMasNãoDestrua #QueremosPaz #SemVandalismo #VerásQueUmFilhoTeuNãoFogeÀLuta #OBrasilÉDoSenhorJesus 

20 de junho de 2013

Pregação e Oração



(Trecho da pregação do Advento de 2011, do Frei Raniero Cantalamessa.)

A jornada de Jesus era um entrecruzar-se admirável de oração e pregação. Ele não rezava apenas antes de pregar, mas rezava para saber o que pregar, para buscar na oração o que anunciar ao mundo. “O que digo, é como o Pai o disse a mim” (Jo 12,50). Era dali que surgia em Jesus a “autoridade” que tanto impressionava em seu falar.


O esforço por uma nova evangelização está exposto a dois perigos. Um deles é a inércia, a preguiça, o não fazer nada e deixar que os outros façam tudo. 

E o outro é se lançar num ativismo humano febril e vazio, com o resultado de perder pouco a pouco o contato com a fonte da palavra e da sua eficácia. 

Mas como ficar tranquilos pregando enquanto tantas exigências reclamam a nossa presença? Como não correr enquanto a casa está pegando fogo? 

Imaginemos o que aconteceria com um corpo de bombeiros que corresse para apagar um incêndio e, quando chegasse ao local, percebesse que não trouxe nos reservatórios nenhuma gota d’água. 

Somos nós, quando corremos para pregar sem rezar.

19 de junho de 2013

E o Senhor, no curso da História?



As manifestações que estão acontecendo em nosso país são um retrato da nossa sociedade. Nesse movimento social que temos presenciado, entrevejo alguns personagens que participam direta ou indiretamente: 

  •  Artistas*, atletas*, semi-celebridades e pseudo-intelectuais, os executores do “Circo” do “Pão e Circo”, apressados em emitir suas superficiais opiniões formadas sobre tudo, tendo estas sido solicitadas ou não (embora sempre ouvidas com reverência deslumbrada por muitos), diretamente das redomas distantes e protegidas de seus mundinhos fantasiosos. (*Obviamente, não são todos, mas possivelmente, quase todos.).
  • Uma imprensa* imatura, despreparada, parcial, tendenciosa, sempre destacando o que dá mais IBOPE ( o que na prática significa explorar ao máximo a notícia em sua faceta mais negativa). (*Não consigo ver exceção aqui, além da TV Canção Nova, embora concorde que ainda possa melhorar muito).
  • Sindicatos, partidos e políticos* que se aproveitam da situação para tentar levar alguma vantagem se arvorando patética e oportunisticamente como líderes do movimento. (*Nós já sabemos quais são, aliás, são sempre os mesmos!).
  • Governantes* que não se furtam em desqualificar e desvalorizar as iniciativas populares, afirmando sempre que nada é possível, que estão sempre fazendo o que podem, pisando em ovos para continuarem com sua dinâmica de não apoiar nem discordar de nenhuma das partes envolvidas (muito pelo contrário!) para assim não correrem o risco de perderem o poder político que tanto lutaram para alcançar (muitas vezes vendendo as almas para grupos e empresários com interesses que precisam de retornos por parte de seus ‘protegidos’). (*Os que estão atualmente em mandato mas também e, principalmente, os que querem chegar, ou voltar).
  • Pessoas violentas, envolvidas e sustentadas por práticas criminosas, que roubam, agridem, vandalizam, que tratam os outros seres humanos, o ambiente e a propriedade (pública ou privada) com desrespeito cruel e animalesco, beirando a psicopatia mais extrema, sempre presentes em tudo o que se faz nesse país, seja em grandes eventos comunitários (populares, esportivos, culturais ou até mesmo religiosos), seja mesmo invadindo espaços menores ou particulares (casas, fazendas, escritórios, consultórios, shoppings, praias). Esses participam e se manifestam sempre! (São a minoria da população, é o que queremos crer).
  • Militares que, sem o preparo técnico e a inteligência estratégica necessárias são obrigados a se colocar no olho do furacão por dever de ofício, aguentando o que a maioria dos brasileiros jamais aguentariam (especialmente se levarmos em conta o salário que recebem para tal), relutando em sobre quem devem obedecer, ora sendo perseguidos como inimigos nacionais, ora sendo carrascos de uma liberdade que centrifuga diante de seus olhos a falta de respeito de cidadãos “pacíficos e apenas bem humorados” e criminosos disfarçados de “radicais”, que não hesitariam (e não tem hesitado) em torturarem e tirar-lhes a vida se puderem.
  • Pessoas que se consideram com um alto nível de consciência crítica, bem informados, bem posicionados em suas convicções sociais (características advindas da educação que puderam receber, muitas vezes não sem dificuldades próprias ou dos pais), que afirmam querer o bem comum, que gritam até mesmo ter fome e sede de justiça, que exigem participar democraticamente de tudo (até de esferas que não pensam em tomar parte, como por exemplo, as orientações e dogmas das instituições religiosas), organizando inúmeras manifestações para tudo e qualquer coisa, que afirmam se preocupar verdadeiramente com o próximo, com o povo que luta, sofre e paga altos impostos sem verem o retorno disso, que querem concretamente interferir nos rumos do país, que se expressam (pelo menos em teoria) pacificamente, com criatividade e, se tudo estiver calmo, também com irreverência, que se revoltam com a corrupção mas que não estão isentos de cometerem suas pequenas corrupções diárias apelidadas carinhosamente de “jeitinho”, que criticam mas usam e abusam dos meios de comunicação fazendo da TV uma espécie de altar religioso doméstico, que se utilizam da internet para fomentar, organizar e dar maior destaque às suas lutas e ideologias e, PRINCIPALMENTE, que tem disponibilidade (de tempo e de dinheiro) para se fazerem presentes em acontecimentos sociais de massa. (São provavelmente a maioria dos manifestantes que temos visto "mobilizados"); 
  • Por fim, as pessoas que continuam à margem dos protestos, prosseguindo em sua rotina normal, talvez alienados, talvez desinformados, provavelmente menos conscientes socialmente, pois não tiveram acesso à educação de qualidade para se tornarem esse cidadão crítico e/ou consciente idealizado, aqueles que não vivem, mas sobrevivem, e não podem se dar ao luxo de perder o dia de trabalho sem serem despedidos, pois ninguém vai pagar por suas despesas e compromissos. (Esses são a grande maioria da população, que assistem de longe, ora apoiando ora criticando, dependendo do noticiário de preferência ou das postagens que tiveram acesso pelo Facebook, que pagarão R$ 0,20 e até mais para usar um péssimo meio de transporte diariamente pois não tem outra opção para se locomover e que não deixarão de acompanhar e torcer pela seleção nos jogos da Copa do Mundo).
Como o restante desse texto, somente compartilho minhas análises íntimas e questionamentos pessoais, pois não consegui me encaixar totalmente em nenhuma categoria acima explicitada: vejo essas manifestações e não tenho certeza do seu significado e propósito; sinto-me insegura pela violência frequente, sempre de “um pequeno grupo” e desconfiada da aparente falta de liderança e amplitude (ou ausência) de reinvindicações. Ainda não consigo interpretar tudo isso. Nem tenho participado ativamente, nem tenho me omitido de, mesmo indiretamente, tomar parte.

Nesse panorama, numa terra que ufana para o mundo a nacionalidade divina, eu me pergunto: onde entra Deus? Onde se insere o Reino de Deus? Como se manifesta o Evangelho e a pessoa de Jesus? Existe lugar para a dimensão espiritual nessas ondas de protestos e passeatas? O Estado é laico, alguém poderia responder. Mas e o povo, é laico? O povo brasileiro é ateu ou somos uma nação formada por pessoas religiosas? O povo de Deus também terá espaço para se manifestar? Terá iniciativa e coragem para tal? Se manifestará somente a favor daquilo que passa ou também do que é eterno?

Por mais que tentem, não poderão retirar o Senhor do curso da História, até que o arranquem do coração humano. Ele está presente, Ele tudo vê, Ele tem agido. Não podemos ter a clareza de como é essa Sua presença e atuação, mas temos a certeza de que não está ausente nem muito menos indiferente a tudo o que está se passando no Brasil por esses dias. Está atento, em especial, às atitudes, posicionamentos e manifestações dos que se dizem seus filhos e servos, daqueles que Ele separou.

Voltemos nosso olhar para o alto nesses dias. Oremos, oremos ininterruptamente por cada irmão(a) brasileiro(a) que talvez se encaixe numa dessas categorias acima descritas a título de exemplificação, ou que, como eu, está se sentindo inseguro e sem conseguir decifrar o que se passa. Oremos por nós mesmos, por aqueles que amamos, por esta terra na qual a Providência nos fez nascer. Sem sombra de dúvidas vivenciamos um momento histórico. Que seja manifestado por ele a Misericórdia do Senhor por esta nação, acima de Sua Justiça pelo qual não poderemos esperar muito além de Sua ira por tantas mazelas, blasfêmias e profanações ao seu Santo Nome que ocorrem nos últimos tempos (mas também ao longo dos séculos) em nosso país.


17 de junho de 2013

O Povo e a "Massa"


Pio XII explica a diferença entre "povo" e "massa"

Trecho da rádio-mensagem de Natal do papa Pio XII, em 1944:

Povo e multidão amorfa ou, como se costuma dizer, «massa», são dois conceitos diversos. 

O povo vive e se move com vida própria; a massa é por si mesma inerte, e não pode receber movimento sem ser de fora. 

O povo vive da plenitude da vida dos homens que a compõem, cada um dos quais — em seu próprio lugar e a sua maneira — é pessoa consciente de suas próprias responsabilidades e de suas convicções próprias. 

A massa, pelo contrário, espera o impulso de fora, joguete fácil nas mãos de um qualquer que explora seus instintos ou impressões, disposta a seguir, cada vez uma, hoje esta, amanhã aquela outra bandeira. 

Da exuberância de vida de um povo verdadeiro, a vida se difunde abundante e rica no Estado e em todos os seus órgãos, infundindo neles com vigor, que se renova incessantemente, a consciência da própria responsabilidade, o verdadeiro sentimento do bem comum. 

Da força elementar da massa, habilmente manipulada e usada, pode também servir-se o Estado: nas mãos ambiciosas de um só ou de muitos agrupados artificialmente por tendências egoístas, pode o mesmo Estado, com o apoio da massa reduzida a não ser mais que uma simples máquina, impor seu arbítrio à melhor parte do verdadeiro povo: assim o interesse comum fica gravemente ferido e por muito tempo, e a ferida é muitas vezes dificilmente curável. 

Com o dito aparece clara outra conclusão: a massa — como nós acabamos de defini-la — é a inimiga capital da verdadeira democracia e de seu ideal de liberdade e de igualdade.

12 de junho de 2013

Dez conselhos práticos para se viver um Namoro Santo



10. Ouvir os mais experientes. Ouve os conselhos, aceita a instrução: tu serás sábio para o futuro (Pr 19, 20). Claro que vocês não podem dar ouvidos para todos que quiserem dar ‘pitacos’ no relacionamento de vocês, mas com certeza o Senhor mostrará aquelas pessoas sábias, de caminhada, enviados por Ele mesmo para ajuda-los com unção e discernimento. Não é bom não ter ninguém de confiança para ensinar com os critérios bíblicos! Sejamos humildes e dóceis para ouvir as críticas e instruções e buscar sempre melhorar como casal de Deus!

9.    Fugir das tentações. Foge às ocasiões de pecado (Eclo 17, 20). Quanto mais tempo o casal vai convivendo e se conhecendo mutuamente, mais tem condições de perceber o que se torna uma oportunidade de a carne falar mais alto. Pode ser os dois ficarem sozinhos, pode ser um decote mais ousado, talvez algum tipo de dança, ou quem sabe até mesmo certas carícias. Ao detectar o que possa ser pedra de tropeço, retirá-la do caminho de vocês com toda responsabilidade e radicalidade.

8. Trocar a “DR” pelo “DO”. Quem responde antes de ouvir, passa por tolo e se cobre de confusão (Pr 18, 13). Ao invés de Discutir a Relação, Dialogue em Oração. Se algo incomoda, não pode ser omitido. Numa relação de Deus, os sentimentos obrigatoriamente viram palavras, tanto os bons quanto os não tão bons assim. Assim como a mentira pode destruir qualquer relação, o diálogo pode salvá-la. Esmerem-se na arte de ouvir e falar, sem segredos, com total franqueza e carinho, colocando-se sempre no lugar do outro. Não é fácil, é um processo que evolui com a intimidade e a cumplicidade ao mesmo tempo em que solidifica a união para o presente e também para o futuro. Por isso deve ser sempre colocado em prática em clima de oração.

7. Valorizar seu namorado/ sua namorada como a si mesmo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mc 12, 31). Não abandone sua família, as amizades ou negligencie nenhuma área da vida por causa do namoro. Não se isole, ao invés disso, insira seu(a) namorado(a) em sua vida. Não perca sua identidade nem anule sua personalidade para agradar. Saiba que o parâmetro da reciprocidade no relacionamento do namoro é o amor próprio, de modo que aquele que se anula por causa do outro está garantindo uma relação unilateral na qual seus sonhos, planos e desejos estarão num patamar inferior. Não se trata de um amor de si exacerbado, mas apenas consciente da própria grandiosidade: Deus me considera seu (a) filho (a) e me ama (1 Jo 3,1)! Sou valioso assim como o outro também é, pois a ele Deus também ama. E é na medida dessa verdade que eu posso me amar também, e transbordar esse amor para o outro.

6. Ser Igreja, de preferência juntos. Não relaxeis o vosso zelo. Sede fervorosos de espírito. Servi ao Senhor (Rm 12, 11). Este item poderia ser redundante em se tratando de uma proposta cristã de relacionamento, entretanto vários casais de Deus conforme vão avançando em seus relacionamentos, seus estudos, carreiras profissionais, tendem a assumir cada vez mais compromissos e, na agitação da vida madura, acabam por ficar sobrecarregados. E, em grande parte das vezes, qual o primeiro item da lista do ativismo que é riscado? Exato: a pastoral, o ministério, a Igreja. E quando nos afastamos da comunidade, é como se fôssemos amputados do corpo ao qual pertencemos, secamos como o ramo arrancado da videira, e consequentemente estaríamos deformando nosso relacionamento que se iniciou fundamentado na rocha. Faz parte do namoro santo incentivar sempre o outro a perseverar na obra de Deus e buscar caminhar juntos no caminho de Deus, já em vistas a uma vida futura em conjunto.

5. Pedir a intercessão de São José. José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa (Mt 1, 24). Para quem busca um namoro santo, São José é o modelo perfeito para o rapaz! Cada detalhe que podemos ver nas entrelinhas do pouco que se fala dele no Evangelho serve de receita precisa de como ser um namorado santo: justo, respeitador, puro, casto, protetor, acolhedor, corajoso, homem de iniciativa, sensível às coisas sobrenaturais, conhecedor da Lei e obediente a Deus. O rapaz deve imitar-lhe as características e ambos devem contar e rogar por sua intercessão.

4. Ter Maria como Mãe. Disse ao discípulo: Eis aí tua mãe (Jo 19, 27). Quem busca um namoro santo não pode prescindir de ter Maria por Mãe de maneira especial, imitando suas virtudes, contando com sua intercessão, orando a ela constantemente. O casal de namorados que reza junto o Rosário coloca como que uma ‘cerca elétrica espiritual’ em seu relacionamento, verdadeiramente protegendo-o de todas as investidas de Satanás. O Diabo investe furiosamente nos casais que buscam um namoro santo, pois destes nascerão famílias santas! Mas Maria é aquela que pisa a cabeça da serpente, e na luta contra o Dragão ela sempre leva a melhor, pela graça de Deus! Ela é canal especial da graça da castidade, da pureza, da humildade, da paz no relacionamento! Ter Maria e José como parâmetro respectivamente para a namorada e para o namorado faz gerar Cristo para os amigos, os familiares, a comunidade, a sociedade, a Igreja.

3. Confissão: pedir perdão e perdoar.  Deus que, em Cristo, reconciliava consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados dos homens, pôs em nossos lábios a mensagem da reconciliação. Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus! (2 Cor 5, 19a.20b) Somos todos seres humanos, suscetíveis ao erro, e o remédio para isso é a reconciliação. A Confissão frequente é como uma vacina que age fortalecendo o organismo contra os males externos e as fraquezas internas. Não existe namoro santo sem o Sacramento da Confissão! A Misericórdia do Pai é inesgotável nele e nos provoca, nos desafia a sermos tolerantes também com nosso próximo. A Confissão é escola de perdão para o casal. A falta de perdão entre namorados é uma rachadura que vai se cristalizando em mágoa e termina por trincar e quebrar a relação. Namorar santamente é ter vida de reconciliado, primeiramente com o Senhor, e depois entre si.

2. Eucaristia: se alimentar do Senhor para se transformar Nele. Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo. (Apo 3, 20) Nada há mais sagrado nesta terra que a Sagrada Comunhão, pela qual Jesus cumpre a promessa de estar conosco todos os dias. A Eucaristia é o alimento dos santos! Precisamos desejar estar na Ceia do Senhor adequadamente, com as vestes próprias (Mt 22, 11-14), ou seja, em estado de graça. Quanto mais o casal estiver na presença do Corpo e Sangue do Senhor, comungando-O, adorando-O, mais estará ajustado a Ele! Quanto mais nutridos pelo Pão da Vida o casal estiver, mas Cristo viverá em cada um! Assim o namoro vai se configurando mais e mais ao Evangelho.

1. Buscar a santidade independente do namoro! Vós vos santificareis e sereis santos, porque Eu sou santo (Lv 11, 44). Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito (Mt 5, 48). Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação (1 Ts 4, 3).  Assuma isso para a sua vida: eu sou batizado(a), sou templo do Espírito Santo, eu quero ser santo(a)! Almeje a santidade por si mesmo(a), antes por causa da Palavra do que por qualquer outra coisa. Queira ser santo para agradar ao Pai, para imitar ao Filho, para obedecer ao Espírito Santo que quer conduzir nosso agir. Assim sendo, seu namoro só poderia ser um namoro santo! Não tenha vergonha dessa expressão, não tenha medo de dizer para seu namorado ou namorada: eu quero que a gente tenha um namoro santo! Pois a santidade é a nossa meta de vida individualmente e, óbvio, também junto a pessoa que nós amamos.



Mensagem aos Namorados


ENCONTRO COM OS JOVENS NAMORADOS - XXV CONGRESSO EUCARÍSTICO NACIONAL Visita Pastoral a Ancona (Itália) Domingo, 11 de setembro de 2011

Queridos namorados!
Estou feliz por concluir esta intensa jornada, cume do Congresso Eucarístico Nacional, encontrando-me convosco, quase desejando confiar a herança deste evento de graça às vossas jovens vidas. A Eucaristia, dom de Cristo para a salvação do mundo, indica e contém o horizonte mais verdadeiro da experiência que estais vivendo: o amor de Cristo enquanto plenitude do amor humano. Agradeço ao Arcebispo de Ancona-Osimo, Dom Edoardo Menichelli, pela sua cordial saudação, e a todos vós por essa vivaz participação; obrigado também pelas perguntas que me tendes dirigido e que eu acolho confiando na presença em meio a nós do Senhor Jesus: Ele somente tem palavras de vida eterna, palavras de vida para vós e para o vosso futuro!
Aquelas que apresentais são interrogações que, no atual contexto social, assumem um peso ainda maior. Gostaria de oferecer-vos algumas orientações para uma resposta. Em certos aspectos, o nosso não é um tempo fácil, sobretudo para vós, jovens. A mesa está preparada com tantas coisas deliciosas, mas, como no episódio evangélico das bodas de Caná, parece que veio a faltar o vinho da festa. Sobretudo a dificuldade de encontrar um trabalho estável estende um véu de incerteza sobre o futuro. Essa condição contribui para adiar a tomada de decisões definitivas, e incide de modo negativo sobre o crescimento da sociedade, que não chega a valorizar plenamente a riqueza das energias, das competências e da criatividade da vossa geração.
Falta o vinho da festa também em uma cultura que tende a prescindir de claros critérios morais: na desorientação, cada um é forçado a mover-se de maneira individual e autônoma, muitas vezes apenas no perímetro do presente. A fragmentação do tecido comunitário reflete-se em um relativismo que mina os valores essenciais; a harmonia de sentimentos, estados de ânimo e de emoções parece mais importante que a partilha de um projeto de vida. Também as escolhas de fundo, portanto, tornam-se frágeis, expostas a uma perene revogabilidade, que muitas vezes é tida como expressão de liberdade, mesmo que assinale, mais que tudo, a carência. Pertence a uma cultura privada do vinho da festa também a aparente exaltação do corpo, que, na realidade, banaliza a sexualidade e tende a fazê-la viver fora de um contexto de comunhão de vida e de amor.
Queridos jovens, não tenhais medo de afrontar esses desafios! Não percais nunca a esperança. Tendes coragem, também nas dificuldades, permanecendo firmes na fé. Estais certos de que, em cada circunstância, sois amados e protegidos pelo amor de Deus, que é a nossa força. Por isso, é importante que o encontro com Ele, sobretudo na oração pessoal e comunitária, seja constante, fiel, exatamente como é o caminho do vosso amor: amar a Deus e sentir que Ele me ama. Nada nos pode separar do amor de Deus! Estejais certos, pois, que também a Igreja vos é próxima, vos sustenta, não cessa de olhar para vós com grande confiança. Ela sabe que tendes sede de valores, aqueles verdadeiros, sobre os quais vale a pena construir a vossa casa! O valor da fé, da fé, da família, das relações humanas, da justiça. Não vos desencorajeis diante das carências que parecem tirar a alegria da mesa da vida. Nas núpcias de Caná, quando vem a faltar o vinho, Maria convidou os servos a dirigir-se a Jesus e deu-lhes uma indicação preciosa: "Fazei o que ele vos disser" (Jo 2,5). Tenhais como um tesouro a essas palavras, as últimas de Maria reportadas no Evangelho, quase o seu testamento espiritual, e tereis sempre a alegria da festa: Jesus é o vinho da festa!
Como namorados, vos encontrais a viver uma época única, que abre à maravilha do encontro e faz descobrir a beleza de existir e de ser preciosos para alguém, de poder-vos dizer reciprocamente: tu és importante para mim. Vivais com intensidade, gradualidade e verdade esse caminho. Não renuncieis a perseguir um ideal alto de amor, reflexo e testemunho do amor de Deus! Mas, como viver essa fase da vossa vida, testemunhar o amor na comunidade? Gostaria de dizer-vos, antes de tudo, que eviteis vos trancar em relacionamentos íntimos, falsamente tranquilizadores; façais, mais que tudo, que a vossa relação torne-se levedo de uma presença ativa e responsável na comunidade. Não esqueçais, pois, que, para ser autêntico, também o amor exige um caminho de amadurecimento: a partir da atração da inicial e do "sentir-se bem" com o outro, educai-vos a "querer bem" ao outro. O amor vive de gratuidade, de sacrifício de si, de perdão e de respeito pelo outro.
Queridos amigos, cada amor humano é sinal do Amor eterno que nos criou, e cuja graça santifica a escolha de um homem e de uma mulher em dar-se reciprocamente a vida no matrimônio. Vivais esse tempo do namoro na expectativa confiante de tal dom, que é acolhido percorrendo uma estrada de consciência, de respeito, de atenções que não deveis nunca ferir: somente nessa condição a linguagem do amor permanecerá significativa também ao passar dos anos. Educai-vos, pois, desde agora à liberdade da fidelidade, que leva a se proteger reciprocamente, até viver um pelo outro. Preparai-vos para escolher com convicção o "para sempre" que conota o amor: a indissolubilidade, antes que condição, é dom a ser desejado, pedido e vivido, para além de todas as mutáveis situações humanas. E não pensais, segundo uma mentalidade difusa, que a convivência seja garantia para o futuro. Queimar as etapas leva a "queimar" o amor, que, ao contrário, tem necessidade de respeitar os tempos e a gradualidade nas expressões; tem necessidade de dar espaço a Cristo, que é capaz de tornar um amor humano fiel, feliz e indissolúvel. A fidelidade e a continuidade do vosso querer-vos bem vos tornarão capazes também de ser abertos à vida, de serem pais: a estabilidade da vossa união no Sacramento do Matrimônio permitirá aos filhos que Deus desejar vos dar crescer confiantes na bondade da vida. Fidelidade, indissolubilidade e transmissão da vida são os pilares de cada família, verdadeiro bem comum, patrimônio precioso para toda a sociedade. Desde agora, fundai sobre tudo isso o vosso caminho rumo ao matrimônio e testemunhai-o também aos vossos coetâneos: é um serviço precioso! Sejais gratos a quantos, com compromisso, competência e disponibilidade vos acompanham na formação: são sinal da atenção e do cuidado que a comunidade cristã vos reserva. Não sejais sós: busqueis e acolheis por primeiro a companhia da Igreja.
Gostaria de voltar ainda sobre um ponto essencial: a experiência do amor tem no seu interior a tensão rumo a Deus. O verdadeiro amor promete o infinito! Fazei, portanto, deste vosso tempo de preparação ao matrimônio um itinerário de fé: redescubrais para a vossa vida de casal a centralidade de Jesus Cristo e do caminhar na Igreja. Maria ensina-nos que o bem de cada um depende do escutar com docilidade a palavra do Filho. Em quem se confia n'Ele, a água da vida cotidiana transforma-se no vinho de um amor que torna boa, bela e fecunda a vida. Caná, de fato, é anúncio e antecipação do dom do vinho novo da Eucaristia, sacrifício e banquete no qual o Senhor nos alcança, renova e transforma. Não firais a importância vital desse encontro: a assembleia litúrgica dominical vos encontre plenamente participantes; da Eucaristia brota o sentido cristão da existência e um novo modo de viver (cf. Exort. ap. postsin.Sacramentum caritatis , 72-73). Não tenhais, então, medo de assumir a comprometedora responsabilidade da escolha conjugal; não temais em entrar neste "grande mistério", no qual duas pessoas tornam-se uma só carne (cf.Ef 5,31-32).
Caríssimos jovens, confio-vos à proteção de São José e de Maria Santíssima; seguindo o convite da Virgem Mãe – "Fazei o que ele vos disser" – não vos faltará o sabor da verdadeira festa e sabereis levar o "vinho" melhor, aquele que Cristo dá para a Igreja e para o mundo. Gostaria de dizer-vos que também eu sou próximo a vós e a todos aqueles que, como vós, vivem esse maravilhoso caminho do amor. Abençoo-vos de todo o coração!
Papa Bento XVI 


(Fonte: Canção Nova)

7 de junho de 2013

O amor que nasce na Igreja



Esta foi uma "matéria-testemunho" que saiu no Jornal Informativo "MIGRANTE", da nossa Paróquia (Bom Jesus dos Migrantes, Qd. 04, Sobradinho-DF) do mês de Junho de 2013 para a qual eu e Juliano (meu marido) colaboramos. 

Nós, eu e meu marido Juliano, nos conhecemos dentro da Igreja, no Grupo Jovem Imago Dei, da Comunidade São Vicente. O Juliano participava primeiro, desde 1991 e eu passei a frequentar as reuniões a partir do 5º encontro, em 1996. Tivemos a oportunidade de trabalhar juntos em várias ocasiões, inclusive coordenando a equipe de Liturgia. Então, nos tornamos grandes amigos de fé, de caminhada na Igreja mas somente em 1998, começamos a perceber que os nossos sentimentos estavam passando da admiração mútua e simples amizade para algo diferente. Como nessa ocasião tanto um quanto o outro se encontrava em meio à experiência de discernimento vocacional, o que ocorreu foi que nos aproximamos ainda mais por partilharmos as dúvidas e as orações um pelo outro e nessa aproximação, o discernimento foi que o nosso chamado não era nem para a vida religiosa nem para o sacerdócio, mas para a vocação matrimonial. Conosco foi assim, o discernimento da nossa vocação ao matrimônio determinou nossa história de amor! Antes de iniciarmos nosso relacionamento houve muita reflexão, diálogo e oração. Só começamos a namorar meses depois, em 1999 e, pela graça de Deus, continuamos juntos até hoje.

A Igreja sempre nos incentivou, antes de mais nada, a tentarmos ser pessoas melhores individualmente e a buscarmos em todos os nossos relacionamentos seguir o “jeito de Jesus”. Obviamente que nem sempre conseguimos, mas dentro da comunidade de fé tivemos e temos essa formação para o diálogo, a tolerância e o perdão.  O contato com a Palavra de Deus e a vida sacramental nos fez perceber o que de fato importa nessa vida, incluindo o nosso relacionamento. Desde o tempo do namoro fomos aprendendo dentro da Igreja sobre nossa missão de formar uma família que fosse unida, amorosa, decente, de Deus. A Igreja também sempre nos alertou que tudo isso é uma caminhada e que nem tudo são flores, mas que devemos buscar força no amor de Deus e na proteção de Maria. Caminhando no Imago Dei e posteriormente na RCC, aprendemos sobre castidade, namoro santo, família, amor conjugal etc. Desde os tempos do nosso namoro a Igreja tem sido de fato “Mãe e Mestra” para nós, até os dias de hoje (completamos 11 anos de casados esse ano).

Acreditamos que o fato de um casal se formar dentro da Igreja pode ser vantajoso tanto para seu relacionamento particular quanto para a vida da comunidade.  No caso do casal, quando ambos já tem a mesma busca, os mesmos anseios e mesma visão da vida, são grandes as chances de permanecerem unidos e crescerem no relacionamento por partilharem objetivos similares. Quando inseridos e participantes das atividades da Igreja, tem grande possibilidade de crescerem juntos na fé, serem o apoio mútuo nas horas difíceis e empreenderem um futuro enraizados nos mesmos fundamentos. Para a comunidade é sempre importante poder contar com o testemunho e o serviço de casais realmente compromissados com a fé e o trabalho pastoral.

Quanto ao namoro nos dias de hoje, pelo que temos visto, muitos casais não tem aproveitado esse tempo especial para se conhecerem e fortalecerem aquela amizade sem a qual o verdadeiro amor não se sustenta. Muitas vezes os relacionamentos atingem um grau de intimidade na área sexual que não é acompanhado na mesma proporção de uma cumplicidade emocional e nem muito menos espiritual. Na nossa opinião, há um tempo para cada coisa (Ecle 3, 1) e namoro não é tempo mais oportuno para a relação sexual, mas para o diálogo, o conhecimento mútuo, o companheirismo, etc. Não há também uma perspectiva de continuidade em muitos relacionamentos, tudo parece transitório e muitas vezes superficial. É uma pena, mas temos visto muito individualismo e dificuldades de dialogar e buscar um entendimento nas relações, sejam os namorados jovens ou até mesmo os mais maduros. Felizmente, não podemos generalizar e afirmar que todos os casais sejam assim. Graças a Deus também conhecemos alguns casais de namorados que buscam juntos serem bons um para o outro e para a comunidade, sem se fecharem só em si mesmos, mas juntos fazendo a diferença na vida de muitas pessoas.

Nossa experiência em aconselhar jovens casais nessa área da vida afetiva é que antes de pedir um “José” ou uma “Maria” em sua vida, você deve orar para discernir sua vocação! Se o que o Senhor sonhou para você é a vocação do matrimônio, se a sua missão enquanto batizado for, em primeiro plano, no seio de uma família, Ele com certeza não o (a) deixará sem seu respectivo “José” ou “Maria”! Ore, peça o discernimento e peça a Ele que conduza sua vocação a termo! Estando já num relacionamento, nossa mensagem é que vale a pena ser um casal de Deus! Então busquem juntos conhecer a Palavra de Deus, participem da vida da Igreja, cresçam na fé, na tolerância, no diálogo e na oração em conjunto, para que o futuro de vocês seja construído na rocha que é Jesus pois, se assim for, quando vierem as chuvas, as enchentes e os ventos, os dois permaneçam inabaláveis! (Mt 7, 25) Deus é amor, permaneçamos Nele e Ele permanecerá em nós (1 Jo 4, 16), só assim nosso relacionamento será fecundo, um reflexo do amor da Trindade para o mundo!


3 de junho de 2013

Lançar sementes e redes na evangelização pela internet


São Paulo afirma: “Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9, 16)
Tenho empreendido a evangelização pela internet como um chamado feito por Deus a mim num período de grande deserto. Percebi que o mundo da web, a blogosfera, as redes sociais são um campo sedento da Palavra da Vida. Para mim, evangelizar pela internet muitas vezes significa enfrentar uma boca de venda de drogas, um ponto de prostituição, um ambiente ateu e hostil à religião, onde acontece pornografia, pedofilia, corrupção, roubos, etc, etc.
A internet, é verdade, é só uma ferramenta que pode ser utilizada tanto pro bem quanto para o mal, tanto para a vida quanto para a morte, para bênção ou para a maldição. E de que lado estamos? Temos lançado sementes da Palavra nesse imenso campo onde estão cada vez mais plantadas milhares de almas humanas, filhos de Deus? Ou temos procurado apenas falar de nós mesmos? O Papa Bento XVI na 45º Mensagem do Dia Mundial das Comunicação Social adverte para o perigo de empreendermos uma interação parcial, com uma tendência a comunicar só algumas partes do próprio mundo interior e o risco de cair numa espécie de construção da auto-imagem que pode favorecer o narcisismo. A tentação é grande!
Por graça e misericórdia de Deus, desde 2008 eu tenho tentado lançar as sementes do Reino pela internet, seja nesse blog, seja nas redes sociais, seja no que eu chamo “a pastoral do email”. Compartilho “oportuna e inoportunamente” a Bíblia, o Magistério, palestras, pregações, dicas, partilhas, etc, etc... Tudo o que o Espírito me inspirar, pois acredito que a semente do Evangelho merece ser lançada, e o ser humano tem o direito de recebê-la! Para mim, é uma obrigação que se me impõe! Temos que ser como Paulo e dar esse testemunho público de nossa fé: “Animados pelo mesmo espírito de fé, como está escrito: Eu acreditei, portanto, eu falei, nós também acreditamos e, portanto, falamos” (2 Coríntios 4, 13), nós acreditamos e, portanto, teclamos, twittamos, postamos!
Eu penso que a partir do momento que o Vaticano tem um site, toda paróquia do mundo tem o dever de ter uma página na internet também! Sempre digo que se o Papa Francisco twitta em média umas três vezes por semana palavras de paz, de amor, QUEM SOU EU, QUEM SOMOS NÓS para não lançar as sementes também pela internet?! A desculpa de não ter tempo não cola, já que perde-se tanto tempo twittando, ‘facebookand’, navegando em tantas outras coisas!! Duvido que qualquer um de nós seja mais ocupado que o nosso Papa Francisco! Às vezes enchemos o coração de vontade e a boca de discursos para falar de missão, mas somos incapazes de anunciar do conforto das nossas casas pela internet em nossos horários vagos! Precisamos refletir na URGÊNCIA da evangelização pela internet...
Quantas pessoas só tem a internet como opção para encontrar Deus de seus leitos de enfermidade! Quantas e quantas pessoas só tem por amiga a tela do computador! Quantos filhos e filhas de Deus perdidos jamais passarão perto de nossos grupos jovens, grupos de oração, missas, etc, mas ficam horas e horas na internet! E eles estão se perdendo por falta de quem anuncie! Por falta de quem lance as sementes da Palavra que cura, que salva, que converte! Precisamos nos convencer que os confins do mundo de Atos 1, 8, atualmente, também é o ciber-espaço.
Muitas vezes, nessa empreitada, me sinto como a voz que clama no deserto! Twittando sobre Deus, postando sobre a Bíblia, divulgando sobre as atividades da minha comunidade, e percebo pouco retorno, pouca interação. Tenho plena consciência de que o mundo é hostil a Deus, o virtual também (talvez até mais que o real!). O Papa Bento XVI nos alerta na mesma mensagem citada acima que “devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua “popularidade” ou da quantidade de atenção que lhe é dada.” Mas é difícil sentir essa solidão na missão.
Muitas vezes buscamos resultados, lançamos a semente e queremos ver a planta romper a terra, queremos ver o broto, as folhas, as flores, os frutos... Eu também sou assim! Mas aí vem a Palavra de Deus e consola nosso coração: Um é o que semeia, outro o que colhe (Jo 4, 37).
Recentemente me escreveram nas redes sociais: “Não deixe de passar mensagens, sempre fará um bem a quem você menos espera!” Quando penso que estou sozinha, clamando no deserto, o Senhor me providencia tais coisas, pequenas coisas que vai me dando a certeza de que todos esses esforços não são em vão! Que eu preciso continuar lançando sementes sem racionalizar se elas cairão à beira dos caminhos, nas pedras ou nos espinhos. Que eu preciso ter confiança de que a semente é boa, indubitavelmente boa, e o meu trabalho é simplesmente semear! Fazer como diz o Padre Raniero Cantalamessa: “Semear então e depois… ir dormir! Ou seja, semear e depois não estar lá o tempo todo olhando, quando brota, onde brota, quantos centímetros está crescendo diariamente. A germinação e o crescimento não é nosso negócio, mas de Deus e do ouvinte.” (Leia na íntegra: http://www.cantalamessa.org/?p=1131&lang=pt)

E quando eu me cansar, quando me sentir só, quando já tiver trabalhado a noite inteira sem retorno aparente nenhum, que eu possa fazer como Pedro naquela ocasião de Lucas 5, 1-11: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede.”