3 de junho de 2013

Lançar sementes e redes na evangelização pela internet


São Paulo afirma: “Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9, 16)
Tenho empreendido a evangelização pela internet como um chamado feito por Deus a mim num período de grande deserto. Percebi que o mundo da web, a blogosfera, as redes sociais são um campo sedento da Palavra da Vida. Para mim, evangelizar pela internet muitas vezes significa enfrentar uma boca de venda de drogas, um ponto de prostituição, um ambiente ateu e hostil à religião, onde acontece pornografia, pedofilia, corrupção, roubos, etc, etc.
A internet, é verdade, é só uma ferramenta que pode ser utilizada tanto pro bem quanto para o mal, tanto para a vida quanto para a morte, para bênção ou para a maldição. E de que lado estamos? Temos lançado sementes da Palavra nesse imenso campo onde estão cada vez mais plantadas milhares de almas humanas, filhos de Deus? Ou temos procurado apenas falar de nós mesmos? O Papa Bento XVI na 45º Mensagem do Dia Mundial das Comunicação Social adverte para o perigo de empreendermos uma interação parcial, com uma tendência a comunicar só algumas partes do próprio mundo interior e o risco de cair numa espécie de construção da auto-imagem que pode favorecer o narcisismo. A tentação é grande!
Por graça e misericórdia de Deus, desde 2008 eu tenho tentado lançar as sementes do Reino pela internet, seja nesse blog, seja nas redes sociais, seja no que eu chamo “a pastoral do email”. Compartilho “oportuna e inoportunamente” a Bíblia, o Magistério, palestras, pregações, dicas, partilhas, etc, etc... Tudo o que o Espírito me inspirar, pois acredito que a semente do Evangelho merece ser lançada, e o ser humano tem o direito de recebê-la! Para mim, é uma obrigação que se me impõe! Temos que ser como Paulo e dar esse testemunho público de nossa fé: “Animados pelo mesmo espírito de fé, como está escrito: Eu acreditei, portanto, eu falei, nós também acreditamos e, portanto, falamos” (2 Coríntios 4, 13), nós acreditamos e, portanto, teclamos, twittamos, postamos!
Eu penso que a partir do momento que o Vaticano tem um site, toda paróquia do mundo tem o dever de ter uma página na internet também! Sempre digo que se o Papa Francisco twitta em média umas três vezes por semana palavras de paz, de amor, QUEM SOU EU, QUEM SOMOS NÓS para não lançar as sementes também pela internet?! A desculpa de não ter tempo não cola, já que perde-se tanto tempo twittando, ‘facebookand’, navegando em tantas outras coisas!! Duvido que qualquer um de nós seja mais ocupado que o nosso Papa Francisco! Às vezes enchemos o coração de vontade e a boca de discursos para falar de missão, mas somos incapazes de anunciar do conforto das nossas casas pela internet em nossos horários vagos! Precisamos refletir na URGÊNCIA da evangelização pela internet...
Quantas pessoas só tem a internet como opção para encontrar Deus de seus leitos de enfermidade! Quantas e quantas pessoas só tem por amiga a tela do computador! Quantos filhos e filhas de Deus perdidos jamais passarão perto de nossos grupos jovens, grupos de oração, missas, etc, mas ficam horas e horas na internet! E eles estão se perdendo por falta de quem anuncie! Por falta de quem lance as sementes da Palavra que cura, que salva, que converte! Precisamos nos convencer que os confins do mundo de Atos 1, 8, atualmente, também é o ciber-espaço.
Muitas vezes, nessa empreitada, me sinto como a voz que clama no deserto! Twittando sobre Deus, postando sobre a Bíblia, divulgando sobre as atividades da minha comunidade, e percebo pouco retorno, pouca interação. Tenho plena consciência de que o mundo é hostil a Deus, o virtual também (talvez até mais que o real!). O Papa Bento XVI nos alerta na mesma mensagem citada acima que “devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua “popularidade” ou da quantidade de atenção que lhe é dada.” Mas é difícil sentir essa solidão na missão.
Muitas vezes buscamos resultados, lançamos a semente e queremos ver a planta romper a terra, queremos ver o broto, as folhas, as flores, os frutos... Eu também sou assim! Mas aí vem a Palavra de Deus e consola nosso coração: Um é o que semeia, outro o que colhe (Jo 4, 37).
Recentemente me escreveram nas redes sociais: “Não deixe de passar mensagens, sempre fará um bem a quem você menos espera!” Quando penso que estou sozinha, clamando no deserto, o Senhor me providencia tais coisas, pequenas coisas que vai me dando a certeza de que todos esses esforços não são em vão! Que eu preciso continuar lançando sementes sem racionalizar se elas cairão à beira dos caminhos, nas pedras ou nos espinhos. Que eu preciso ter confiança de que a semente é boa, indubitavelmente boa, e o meu trabalho é simplesmente semear! Fazer como diz o Padre Raniero Cantalamessa: “Semear então e depois… ir dormir! Ou seja, semear e depois não estar lá o tempo todo olhando, quando brota, onde brota, quantos centímetros está crescendo diariamente. A germinação e o crescimento não é nosso negócio, mas de Deus e do ouvinte.” (Leia na íntegra: http://www.cantalamessa.org/?p=1131&lang=pt)

E quando eu me cansar, quando me sentir só, quando já tiver trabalhado a noite inteira sem retorno aparente nenhum, que eu possa fazer como Pedro naquela ocasião de Lucas 5, 1-11: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede.” 

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