Conforme
está enunciado em nossa Constituição Federal, artigo V, inciso VI, temos no
Brasil liberdade religiosa, assim como em muitas partes do mundo. Mas ainda
hoje, em pleno século 21, neste mesmo ano de 2013, há lugares em nosso planeta
em que muitos cristãos são martirizados por causa da fé em Cristo. Não é
difícil encontrar notícias recentes de ataques a cristãos, muitas vezes
dizimando comunidades inteiras incendiadas ou fazendo verdadeira chacinas
durante a Missa, em lugares como Iraque, Nigéria, Paquistão, Egito, a maioria
de autoria de grupos extremistas islâmicos.
Essa
não é a nossa realidade, mas o martírio de sangue ainda acontece no mundo,
embora raramente ganhe destaque nas mídias sociais. Na Vigília de Pentecostes
de 2013, o Papa Francisco afirmou: “Há mais mártires hoje do que nos primeiros
séculos da Igreja. Sim, mais mártires! Irmãos e irmãs nossos, que sofrem! Levam
a fé até ao martírio. Mas o martírio nunca é uma derrota; o martírio é o grau
mais alto do testemunho que devemos dar. Nós estamos a caminho do martírio, de
pequenos martírios: ao renunciar a isto, ao fazer aquilo... vamos a caminho. E
eles, coitados, dão a vida, mas dão-na – acabámos de ouvir a situação no
Paquistão – por amor de Jesus, testemunhando Jesus.”
Um colega de curso, Douglas
Mazuco, explicitou seu entendimento sobre esse tema de uma forma excelente, que
transcrevo a seguir:
“A
palavra martírio vem do grego "martiyria" que quer dizer, testemunha. O
chamado de Atos 1, 8 é um chamado que transcende o tempo, sendo sempre atual: ‘E
descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo’.
Podemos, entender muito bem esse "sereis minhas testemunhas" por
"sereis meus mártires". Somos convidados a testemunhar o Cristo em
nossa vida, em nossa sociedade tão descrente. Não devemos nos ater apenas na proclamação,
mas devemos viver o Evangelho e anunciá-lo à toda criatura. E, se isso custar a
nossa vida, seria ainda muito pouco perto do que os mártires dos primeiros
séculos fizeram. Somos chamados hoje a um martírio testemunhal, morrer para o
mundo para anunciar para o mesmo que Jesus é a vida.”
“Sereis minhas testemunhas = sereis meus
mártires”. Em 2010, nosso querido papa emérito Bento XVI afirmou algo que eu,
pessoalmente, tenho vivido muito (e imagino que possivelmente você, que lê
agora este texto, também!), e guardado sempre em meu coração! Ele disse que hoje
em dia vivemos um novo tipo de martírio, o da ridicularização e da exclusão.
Pessoas que perdem o emprego por usarem um crucifixo no pescoço, jovens que são
tidos como perdedores por viverem a castidade, juízes de paz que são obrigados
a se demitirem por não aceitarem a realização de casamentos homoafetivos,
médicos desqualificados profissionalmente por se oporem ao aborto, cristãos
sempre retratados como corruptos, hipócritas ou imbecis na teledramaturgia,
etc, etc...
É, meus irmãos, vivemos sim,
tempos de martírio! Trágicos ou cotidianos, vermelhos ou brancos, mas
martírio... Que Deus nos dê forças para que permaneçamos firmes na fé,
preparados para de fato testemunhar que nada e nem ninguém pode nos separar do
amor que Cristo manifestou por nós: nem a tribulação, nem nenhuma angústia, nem
perseguição, ou fome, ou nudez, nem mesmo algum perigo ou espada! (Rom 8, 35)
Que, como afirmava Tertuliano, todo martírio da Igreja, seja ele por
derramamento de sangue ou por ridicularização, se converta sempre em semente de novos cristãos,
amém!
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