27 de maio de 2013

Martírio: o testemunho da fé

Conforme está enunciado em nossa Constituição Federal, artigo V, inciso VI, temos no Brasil liberdade religiosa, assim como em muitas partes do mundo. Mas ainda hoje, em pleno século 21, neste mesmo ano de 2013, há lugares em nosso planeta em que muitos cristãos são martirizados por causa da fé em Cristo. Não é difícil encontrar notícias recentes de ataques a cristãos, muitas vezes dizimando comunidades inteiras incendiadas ou fazendo verdadeira chacinas durante a Missa, em lugares como Iraque, Nigéria, Paquistão, Egito, a maioria de autoria de grupos extremistas islâmicos.
Essa não é a nossa realidade, mas o martírio de sangue ainda acontece no mundo, embora raramente ganhe destaque nas mídias sociais. Na Vigília de Pentecostes de 2013, o Papa Francisco afirmou: “Há mais mártires hoje do que nos primeiros séculos da Igreja. Sim, mais mártires! Irmãos e irmãs nossos, que sofrem! Levam a fé até ao martírio. Mas o martírio nunca é uma derrota; o martírio é o grau mais alto do testemunho que devemos dar. Nós estamos a caminho do martírio, de pequenos martírios: ao renunciar a isto, ao fazer aquilo... vamos a caminho. E eles, coitados, dão a vida, mas dão-na – acabámos de ouvir a situação no Paquistão – por amor de Jesus, testemunhando Jesus.”
Um colega de curso, Douglas Mazuco, explicitou seu entendimento sobre esse tema de uma forma excelente, que transcrevo a seguir:
“A palavra martírio vem do grego "martiyria" que quer dizer, testemunha. O chamado de Atos 1, 8 é um chamado que transcende o tempo, sendo sempre atual: ‘E descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo’. Podemos, entender muito bem esse "sereis minhas testemunhas" por "sereis meus mártires". Somos convidados a testemunhar o Cristo em nossa vida, em nossa sociedade tão descrente. Não devemos nos ater apenas na proclamação, mas devemos viver o Evangelho e anunciá-lo à toda criatura. E, se isso custar a nossa vida, seria ainda muito pouco perto do que os mártires dos primeiros séculos fizeram. Somos chamados hoje a um martírio testemunhal, morrer para o mundo para anunciar para o mesmo que Jesus é a vida.”
 “Sereis minhas testemunhas = sereis meus mártires”. Em 2010, nosso querido papa emérito Bento XVI afirmou algo que eu, pessoalmente, tenho vivido muito (e imagino que possivelmente você, que lê agora este texto, também!), e guardado sempre em meu coração! Ele disse que hoje em dia vivemos um novo tipo de martírio, o da ridicularização e da exclusão. Pessoas que perdem o emprego por usarem um crucifixo no pescoço, jovens que são tidos como perdedores por viverem a castidade, juízes de paz que são obrigados a se demitirem por não aceitarem a realização de casamentos homoafetivos, médicos desqualificados profissionalmente por se oporem ao aborto, cristãos sempre retratados como corruptos, hipócritas ou imbecis na teledramaturgia, etc, etc...
É, meus irmãos, vivemos sim, tempos de martírio! Trágicos ou cotidianos, vermelhos ou brancos, mas martírio... Que Deus nos dê forças para que permaneçamos firmes na fé, preparados para de fato testemunhar que nada e nem ninguém pode nos separar do amor que Cristo manifestou por nós: nem a tribulação, nem nenhuma angústia, nem perseguição, ou fome, ou nudez, nem mesmo algum perigo ou espada! (Rom 8, 35) Que, como afirmava Tertuliano, todo martírio da Igreja, seja ele por derramamento de sangue ou por ridicularização, se converta sempre em semente de novos cristãos, amém!

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