O
Catecismo da Igreja Católica nos ensina que a Igreja é UNA, e explica o
mistério da UNIDADE da Igreja em seus números 813 ao 822. Segundo o Catecismo,
a Igreja é Una por sua fonte (a Trindade que é um só Deus), por seu Fundador
(Jesus, que reconciliou todos em Si mesmo) e por sua alma (o Espírito Santo,
que opera tudo em todos) e, apesar da grade diversidade de pessoas, culturas,
espiritualidades e carismas, nada disso se opõe à sua unidade. Entretanto, existem
feridas nas estruturas eclesiais.
Essa
questão das divisões dentro da Igreja sempre me incomoda muito. Cada um de nós
que fazemos parte de uma paróquia vivenciamos essa realidade. Vivemos na carne
aquela música interessantíssima da Banda Exodus:
Eu sou católico,
apostólico, romano.
Há muito tempo
pratico a religião.
A minha Igreja exige
fé e compromisso,
Ser fiel a tudo isso
sempre foi minha intenção.
Mas, como eu, tem
muita gente que se esquece
De vez em quando da
sua obrigação.
Um só quer reza, o
outro só quer trabalhar,
Como pudessem separar
o serviço da oração.
Enquanto houver
divisão ou parte contrária
A vida comunitária
vai ser essa "arengação".
Tem que varrer a
igreja, mas ninguém quer.
Tem que pintar o
muro, mas ninguém quer.
Tem que tocar o sino,
mas ninguém quer.
Entrar no paraíso
todo mundo quer.
Tem que dobrar o
joelho, mas ninguém quer.
Tem que fazer novena,
mas ninguém quer.
Jejum e abstinência,
mas ninguém quer.
Entrar no paraíso
todo mundo quer.
(
http://letras.mus.br/banda-exodus/1119401/ )
Acredito que a causa
das divisões dentro da Igreja está no pecado individual de seus fiéis, ou seja,
cada um de nós, e nesse contexto esse pecado pode ser ambição, vaidade, intolerância,
etc. Também não excluiria a ação de Satanás, o divisor por excelência, que age
sempre que encontra alguma brecha... Em tudo isso, destacaria a desobediência,
pois ainda haja discordâncias e conflitos, se houvesse sempre obediência, não
haveria divisões. Já dizia Santa Faustina: "O demônio pode ocultar-se
atrás do manto da humildade, mas não pode vestir o manto da obediência.”
Não obstante Jesus
tenha feito a Oração Sacerdotal (Jo 17) clamando ao Pai pela unidade dos
cristãos, já por conhecer o ser humano e ter mesmo a expectativa de que haveria
divisões na Igreja, não compreendo como muitas pessoas podem optar
conscientemente por ser agentes de conflitos e polêmicas no meio do povo de
Deus ao invés de se buscar uma convivência pacífica amparando-se no que une em
detrimento de somente focar no que separa.
O caminho para a
unidade, acredito, é num primeiro momento, a ORAÇÃO e o DIÁLOGO. Pela primeira
a Igreja se une a Cristo, suas diretrizes, suas ordens, sua maneira de ser e
agir; pelo segundo, poderemos ultrapassar as diferenças de entendimento e a
grande variedade de visões de espiritualidade e ação pastoral. Aquele que ora,
capacita-se sempre mais na caridade, sem a qual o diálogo ficaria infrutífero. Na
hora dos conflitos, quando a divisão ameaça rachar a comunidade de fé, se
persistir o orgulho e a opinião pessoal for priorizada sobre a obra de Deus,
Satanás invade e a nossa carne facilmente sucumbe ao pecado, gerador das
heresias, apostasias e cismas (CIC 817).
Além desses dois
aspectos, para alcançarmos a unidade é imprescindível a OBEDIÊNCIA aos nossos
superiores, seja o coordenador do grupo, o pároco, o bispo, o Papa. Quando não
se obedece, o que estava só trincado termina por rachar, quebrar, dividir, e o
resultado é o escândalo, e já sabemos, “ai daquele por quem vierem os
escândalos”! (Lc 17,1-2)
Como eu sonho com a
possibilidade dentro de uma comunidade paroquial, por exemplo, de os movimentos
e pastorais poderem se articular para uma ação mais integrada! Imaginemos que o
Ministro da Eucaristia fosse levar a comunhão para um idoso doente juntamente
com a Pastoral da Saúde. Nesse contexto, vendo a necessidade material da
família, os Vicentinos seriam acionados. Percebendo que a situação estava
afetando todas as relações familiares, se convidaria a RCC para fazer uma
oração naquela casa, se encaminharia o casal para o Encontro de Casais, o
rapazinho seria acolhido no Grupo Jovem e as crianças na Catequese. Todos com
seus trabalhos autônomos mas assumindo uma co-responsabilidade pelos filhos de
Deus necessitados da ação da Igreja!
Vejo muitos católicos
cheios de opiniões sobre Movimento X e Pastoral Y, muitas críticas aos
padres... Gostaria de ver esse mesmo empenho para o blá blá blá se converter em
trabalho duro e mãos na massa no serviço do Reino, com muita oração e diálogo,
fechando toda e qualquer fresta para a ação do inimigo de Deus e priorizando a
obediência aos superiores! Não digo uma obediência cega e alienada, mas com
aquela confiança filial na Palavra de Deus que nos garante que “não há
autoridade que não venha de Deus” (Rm 13,1), sempre com tolerância, espírito de
oração e diálogo (insisto, muito diálogo!). A autoridade constituída é instrumento
de Deus para o nosso bem! (Rm 1, 4)
Não percamos o foco: todas
as obras da Igreja tem como meta a santificação dos homens em Cristo e à
glorificação de Deus (CIC 824). Fomentar a divisão só atrapalha nossos
objetivos (Mt 12,25ss). Sejamos instrumentos de paz e unidade, lutemos por essa
causa! Que sejamos UM, como Ele queria...
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