Sobre
as minhas primeiras memórias bíblicas não tenho como precisar uma data, pois
desde antes de eu nascer, meus pais, por ordem do meu avô, se uniam toda
quarta-feira, sempre às 21hs, para um momento de oração familiar. Sentavam-se à
mesa, liam a Bíblia, algum outro livro espiritual e faziam orações espontâneas.
O mais interessante era que nem meu avô, nem meu pai eram católicos (só minha
mãe), mas assim era feito na nossa casa antes de eu nascer, na gravidez da
minha mãe, quando eu era bebê, quando vieram meus irmãos e continua a ser feito
até os dias de hoje! Passamos nossa infância (eu e meus irmãos) toda com essa
vivência: a Bíblia era lida, toda quarta-feira, às 21hs, em nossa casa. Meu pai
tinha também adquirido uma "Bíblia Ilustrada" que amávamos folhear,
pois os desenhos eram mesmo lindos!
Quando
eu tinha cerca de 10 anos, lembro-me que minha mãe passou a participar mais da
Igreja, passamos a estudar em colégio católico e ela comprou então uma Bíblia
grande, capa preta, por conta de uma novena de Natal em nossa rua. Ela ficava
sempre em um local de destaque na sala e passamos a lê-la nas nossas reuniões
de quartas. Também na escola havia muitos momentos de orações, terços, além das
aulas de religião, das quais eu gostava muito. Até hoje, mais de 20 anos
depois, eu tenho comigo guardados os meus cadernos de religião daquela época
com artes sobre a Criação, a Páscoa, o Natal, etc. Eram informações bíblicas
que me eram passadas por meio das práticas piedosas da minha mãe, dos
professores e das irmãs do colégio.
Com
11 anos fiz minha catequese e 1ª Comunhão. Nessa ocasião ganhei minha primeira
Bíblia (também a tenho comigo até hoje) e vez por outra lia. Na adolescência me
afastei da Igreja, voltando só com 16 anos, por um encontro de Grupo Jovem.
Nesse grupo fiz um grande amigo que, apesar de jovem, lia e sabia muito sobre a
Bíblia. Sempre gostava de tirar minhas dúvidas com ele e uma vez ele me
presenteou com uma Bíblia nova, pois a minha estava meio velhinha (ainda era
aquela, da minha catequese!): como fiquei feliz! Na capa dessa Bíblia ele, numa
dedicatória, escreveu: “Querida Manu, que tu possas sempre ser guiada pelo
Espírito Santo de Deus e seresse lindo reflexo da luz de Deus entre nós.” E
ainda acrescentou a citação do Salmo 119, 9-10: “Como poderá o jovem manter a
sua conduta irrepreensível? Cumprindo tua Palavra, procurando-te de todo
coração: ‘Não deixes que me desvie de teus mandamentos’.” Foi assim que esse
meu amigo conquistou meu coração, foi um de seus atos mais românticos e, com
certeza, um dos melhores presentes que ele me deu. Somos os melhores amigos um do
outro até hoje, pois nossa amizade foi fundada na rocha viva da Palavra de Deus
e nesse ano de 2013, eu e ele completamos 12 anos de casados (meu marido
Juliano).
Quando
eu fiz 18 anos, ingressando na RCC eu meio que me "viciei" na
Palavra! A partir da experiência do Batismo no Espírito Santo eu passei a ler a
Bíblia sem conseguir parar: em casa, no trabalho, na faculdade, no ônibus... Não
sentia vergonha de puxar a Bíblia que havia ganhado em lugar e ocasião nenhuma!
Tinha fome e sede da Palavra. Lembro-me que, numa das minhas aulas da
faculdade, uma professora gostava de implicar comigo pois me identificava como cristã
(estava sempre com as minhas camisetas do Grupo Jovem, de eventos da RCC e da
Arquidiocese, além da Bíblia na carteira) e, sabe-se se lá por que, ela se
mostrava muito hostil à religião. Uma vez, na frente de todos, ela me provocou
com um versículo bíblico. Perguntei a ela: “Mas, professora, o que a senhora
sabe sobre Bíblia?” Ela então me inquiriu: “Você já leu a Bíblia toda”?
Respondi que ainda não havia lido a Bíblia inteira, mas que a lia sempre. Ela
me disse então: “Pois eu já li sim, a Biblia todinha, do Gênesis ao Apocalipse!”
Fiquei sem palavras e não descansei enquanto não fiz o mesmo. Ora, vejam só: minha
professora ateia foi a grande incentivadora para que eu lesse a Bíblia inteira
pela primeira vez! (Valeu, professora!)
Caminhando
com a RCC, fui aprendendo a manusear a Palavra, conhecê-la, usá-la, proclamá-la
e buscar a cada dia vivê-la e anunciá-la. Foi no trabalho pastoral, pelas
demandas dele, que a meditação da Palavra foi se tornando um hábito em minha
vida. Foi no aprofundamento da minha relação com o Senhor Jesus que a minha
Bíblia foi promovida de “livro de cabeceira” a uma “amiga espiritual”. Minhas
Bíblias (hoje tenho algumas) são mesmo uma categoria de objeto diferente para
mim, eu as acaricio, carrego para cima e para baixo, beijo, cheiro, abraço,
marco, grifo, faço anotações... Elas vivem tão presentes no dia-a-dia que
muitas vezes precisei salvá-las dos meus filhos pequenos! Eles tanto sabem que
aquele é um livro diferente que, sempre que trazem algum trabalhinho ou desenho
especial para a mamãe da escola ou da Igreja, logo falam: “Coloca dentro da sua
Bíblia, mamãe!” Faço de tudo para estar com seu conteúdo em minha mente, minha
alma, meu coração, minha boca para anunciar, dentro da minha casa para educar
meus pequenos, na ponta dos meus dedos para transmiti-la pela palavra escrita,
digitada, pela internet... Eu tenho sido aquela “chata” que toca no
assunto de Bíblia, oportuna e inoportunamente ( 2 Tm 4, 2) para a minha
comunidade, meus amigos, minha família, não por mérito meu, mas por graça e
misericórdia do Senhor que me conduz...
E eu
quero incentivar, você que agora lê essas linhas: leia a Sagrada Escritura!
Você já leu a Bíblia toda? Quanto tempo faz que você não ouve a voz suave do
Senhor nessas linhas? Faça da leitura da Bíblia um hábito! Permita que o
Espírito Santo “ative” em você essa fome e essa sede da Palavra Dele! Quantas
respostas que você espera da vida estão nessas páginas! Quanto força, quanto
consolo! Não perca mais tempo! Não espere não ter nada para estudar! Não
priorize a televisão ou a internet! Não dependa de nenhum método, atenha-se a
dois passos, os únicos necessários: 1. Comece! 2. Não pare. Apenas pegue sua
Bíblia, abra e leia, meditando, orando, hoje, amanhã e a cada dia, um pouquinho
de cada vez. Não complique e nem procure desculpas: simplesmente faça. Coragem!
Atitude! Fidelidade! O Senhor te espera em cada uma daquelas folhas...
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