Pio XII explica a diferença entre "povo" e "massa"
Trecho da rádio-mensagem de Natal do papa Pio XII, em 1944:
Povo
e multidão amorfa ou, como se costuma dizer, «massa», são dois conceitos
diversos.
O povo vive e se move com vida própria; a massa é por si mesma
inerte, e não pode receber movimento sem ser de fora.
O povo vive da plenitude
da vida dos homens que a compõem, cada um dos quais — em seu próprio lugar e a
sua maneira — é pessoa consciente de suas próprias responsabilidades e de suas
convicções próprias.
A massa, pelo contrário, espera o impulso de fora, joguete
fácil nas mãos de um qualquer que explora seus instintos ou impressões,
disposta a seguir, cada vez uma, hoje esta, amanhã aquela outra bandeira.
Da
exuberância de vida de um povo verdadeiro, a vida se difunde abundante e rica
no Estado e em todos os seus órgãos, infundindo neles com vigor, que se renova
incessantemente, a consciência da própria responsabilidade, o verdadeiro
sentimento do bem comum.
Da força elementar da massa, habilmente manipulada e
usada, pode também servir-se o Estado: nas mãos ambiciosas de um só ou de
muitos agrupados artificialmente por tendências egoístas, pode o mesmo Estado,
com o apoio da massa reduzida a não ser mais que uma simples máquina, impor seu
arbítrio à melhor parte do verdadeiro povo: assim o interesse comum fica
gravemente ferido e por muito tempo, e a ferida é muitas vezes dificilmente
curável.
Com o dito aparece clara outra conclusão: a massa — como nós acabamos
de defini-la — é a inimiga capital da verdadeira democracia e de seu ideal de
liberdade e de igualdade.
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