Existe um rock nacional que canta: "Eu sei que é pra sempre /
Enquanto durar / Eu peço somente / O que eu puder dar"... Vemos no refrão a
paráfrase do verso famoso do Soneto da Fidelidade de Vinícius de Morais: "Eu
possa me dizer do amor (que tive): / Que não seja imortal, posto que é chama /
Mas que seja infinito enquanto dure."
A doutrina da Igreja Católica afirma que o verdadeiro amor é
exclusivo e o vínculo matrimonial é indissolúvel (CIC 1638), e isso exclui o
exercício da poligamia, infidelidade, adultério. Isto por que a união do casal
foi sonhada por Deus para ser uma expressão do amor de Deus ao homem, da
aliança que o Senhor fez com a humanidade desde Abraão, de maneira irrevogável
na Encarnação e no fim dos tempos, com a Igreja. O livro do profeta Oséias expressa
esse amor apaixonado de Deus pelo povo infiel, o Cântico dos Cânticos evidencia
esse amor esponsal e nas Epístolas do Novo Testamento, São Paulo compara o amor
de Cristo a Igreja ao amor conjugal.
Então quando analisamos o lirismo da ideia "enquanto durar", como cristãos, devemos ter em mente que num relacionamento sacramental, isso se remete à morte, e não até quando quisermos, até quando acharmos conveniente. Enquanto durar: tradução cristã = enquanto estivermos sobre essa terra, pois no sacrameto do matrimônio nos comprometemos livre e conscientemente num "amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para o com o outro até a morte"! (CIC 2361)
Ensina o Catecismo no parágrafo 2381:
O ADULTÉRIO É UMA INJUSTIÇA. Quem o comete falta com seus compromissos. Fere o sinal da Aliança que é o vínculo matrimonial, lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, violando o contrato que o fundamenta. Compromete o bem da geração humana e dos filhos, que têm necessidade da união estável dos pais.
E Jesus explicou claramente, sem rodeio nenhum, aos fariseus em Mt 19, 3-9:
Os fariseus vieram perguntar-lhe para pô-lo à prova: É
permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer? Respondeu-lhes Jesus: Não lestes que o
Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: “Por isso, o homem deixará
seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne?” Assim,
já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus
uniu. Disseram-lhe eles: Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de
divórcio à mulher, ao rejeitá-la? Jesus respondeu-lhes: É por causa da dureza
de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no
começo não foi assim. Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua
mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete
adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério.
Não falta JAMAIS a ajuda do alto para que os vocacionados ao matrimônio sejam fiéis e felizes em sua opção de fidelidade (antes a Deus e depois um ao outro).
CRISTO É A FONTE DESSA GRAÇA! Como outrora Deus tomou a iniciativa do pacto de amor e fidelidade com seu povo, assim agora o Salvador dos homens, Esposo da Igreja, vem ao encontro dos cônjuges cristãos pelo sacramento do Matrimônio. Permanece com eles, concede-lhes a força de segui-lo levando sua cruz e de levantar-se depois da queda, perdoar-se mutuamente, carregar o fardo uns dos outros, "submeter-se uns aos outros no temor de Cristo" (Ef 5,21) e amar-se com um amor sobrenatural, delicado e fecundo. Nas alegrias de seu amor e de sua vida familiar, Ele lhes dá, aqui na terra, um antegozo do festim de núpcias do Cordeiro. (CIC 1641-42)
Mas ainda assim, mesmo com toda o amor que os levou um dia a se unirem em matrimônio, mesmo com toda a graça divina que não para NUNCA de jorrar, os esposos se vêem tentados em sua fidelidade e correm o risco de se apaixonarem por outras pessoas. Embora o mundo venha se esforçando em relativizar o vínculo matrimonial, afirmando que o importante é "ser feliz", que "vale tudo para viver uma grande paixão", que as crianças superam pois "serão felizes na medida que os pais estejam felizes", deformando a essência da verdadeira felicidade, nós cristão verdadeiros GRITAMOS contra o mundo nosso testemunho de AMAR DE VERDADE não é desistir do outro, e sim se sacrificar. Não é buscar seu bem estar e prazer, mas antes ter mais alegria em dar que em receber. Não é trocar por outro(a) melhor, mas reconhecer e agradecer todos os esforços do outro e aceitá-lo(a) com seus defeitos e qualidades...
Não é fácil! Jesus dizia: permaneçam comigo pois sem mim, nada podeis fazer! (Jo 15,5) Sem Jesus o casal seca como um galho arrancado de uma árvore e aí cai mesmo, peca, rompe sua ligação com Deus e com o seu companheiro(a) e consequentemente começa a se deteriorar num nível pessoal. Não podemos vacilar! Não podemos achar que nunca acontecerá conosco! Ninguém está livre de trair e também de ser traído. É uma via de mão dupla: tanto nossos comportamentos e atitudes quanto os dos nossos cônjuges podem fazer com que venhamos a trair ou sermos traídos. Precisamos orar e vigiar para não cairmos em tentação, pois o espírito pode até estar pronto (e nem sempre está!), mas a carne sempr será fraca. (Mt 26, 41).
A expressão "orar e vigiar" nos remete a duas esferas: a sobrenatural e a natural. A busca espiritual do casal é imprescindível. Já que buscaram o sacramento do Matrimônio, isso implica uma adesão a Cristo e a Igreja, pelo menos em tese. Se assim não fosse, qual o sentido de ir até a Igreja para pedir a bênção divina em sua união? Se foi apenas pela tradição, ainda assim, nunca cessa o convite amoroso do Pai, em Cristo, pelo Espírito, para que o busquem de coração sincero e recebam a força necessária para serem bons e consequentemente felizes nesta vida. É imprescindível buscar a Deus, servir a Deus, orar, participar da comunidade JUNTOS. Só assim teremos forças para não cairmos em tentação. E vigiar! Vigiar, não somente o cônjuge! Mas antes de tudo, a nós mesmos, nos conhecermos, saber quais são nossos limites, nossos pontos fracos, o que fazemos que pode provocar no outro algum sentimento que o deixe vunerável a ponto de cogitar estar com outra pessoa... A música citada no início dsse texto tem uma frase para fazer pensar: "Eu quero somente o que eu puder dar". Como tem sido nossas cobranças e exigências diante do que temos oferecido à pessoa que um dia escolhemos para nos tornar uma só carne, um só espírito, um só coração? Como vai nosso diálogo? Outra canção afirma: "Meu melhor amigo é o meu amor!" Seu esposo(a) tem ocupado o cargo de seu melhor amigo(a)? Você tem sido esse melhor amigo(a) na relação de vocês?
Para finalizar essa reflexão, quero partilhar dois artigos que podem colaborar para analisarmos nossas atitudes e os sinais de que algo em nosso agir possa estar facilitando as quedas (nossas e de quem amamos).
Por que uma esposa se apaixona por outro homem?: http://familia.com.br/por-que-uma-esposa-se-apaixona-por-outro-homem
Por que um marido se apaixona por outra mulher? http://familia.com.br/por-que-um-marido-se-apaixona-por-outra-mulher-cuide-para-que-isso-nao-aconteca-com-voce
E que Deus nos dê a graça de os nossos relacionamentos serem eternos, felizes, mais do efêmeras chamas, mas verdadeiramente imortais, fortes como a morte, e que as águas e torrentes jamais possam apagar (Ct 8, 6-7)! Que sejam testemunhos dignos do amor irrevogável, incondicional, que ultrapassa todos os sacrifícios e até mesmo a morte que Deus tem para com o homem! Com a força do Espírito Santo, amor do Pai e do Filho, isto é possível. Que Maria e José protejam nossos casamentos! Que assim seja! Amém!
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