A oração como ação da religiosidade humana
O Catecismo da Igreja Católica se refere ao fenômeno religioso com a designação de “mistério da fé” e trata, em sua quarta parte, do tema da oração como sendo a celebração da fé dos que crêem, numa perspectiva relacional entre Deus e o homem. Citando Santa Teresa do Menino Jesus, oferece uma conceituação poética do que seja oração como “um impulso do coração, (…) um olhar lançado ao céu, (…) um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria” (§ 2558).
De fato, quando o ser humano vivencia uma experiência particular com Deus, inicia-se em sua vida uma relação interpessoal, um verdadeiro encontro recíproco, no qual, porém, a iniciativa é sempre Dele. ARENAS (2001, p. 56) descreve esse fato afirmando que Deus se dirige ao homem, interpelando-o e comunicando-lhe seus mistérios, e o homem por sua vez responde, dando adesão com sua fé. Nessa “chamada-resposta” se observa um diálogo real, divino-humano, cuja expressão mais característica é a oração.
Esta conexão do homem com Deus ganhou uma perspectiva totalmente Nova com a Encarnação de Jesus na história. É verdade que o ser humano desenvolveu a atividade religiosa desde seu aparecimento na face da terra, e não só este ou aquele grupo de uma época histórica particular, mas a humanidade inteira, abarcando todo e qualquer tempo e local (MONDIN, 2009, p. 92). Já o povo hebreu desde antiqüíssima data se relacionou com Deus no decorrer de sua história, contudo, com Jesus, o Sagrado se tornou o Pai Nosso. Assim, esta ligação transcendente se estreitou sob a perspectiva cristã: “pode haver mais entre Deus e você. Pode haver uma amizade” (MÁRQUEZ, 2007, p. 19). Isto pode ser exemplificado pelas próprias palavras de Jesus: “Eu vos chamei amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai” (cf. Jo 15, 15b).
ARENAS, Octávio Ruiz. Jesus, epifania do amor do Pai. 2.ed. São Paulo: Loyola, 1995.
MARQUÉZ, Manuel J. Fernández. Sabedoria do coração: para uma pedagogia da oração. Tradução Maria Stela Gonçalves. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2007.
MONDIN, Batista. Introdução à filosofia: problemas, sistemas, autores, obras. 17. Ed. São Paulo: Paulus, 2009.
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