17 de maio de 2011

O Ministério da Dança na realidade eclesial (Parte 1)


“A dança é uma das raras atividades humanas em que o homem
se encontra totalmente engajado: corpo, espírito e coração.”
(Dançar a vida, Maurice Béjart, Ed. Nova Fronteira, 1980.)

 

O lugar da Dança


Na vida: Dança é expressão subordinada ao ritmo. Desde a vida intra-uterina o homem o homem é “sensível aos ritmos, aos sons ritmados, à musica (...) o que, desde já, se constitui uma forma de dança.” (Educação Artística: luxo ou necessidade, Louis Percher, Ed. Summus, 1982). A criança, ainda pequena, quando se movimenta e “ilustra o canto com gestos simbólicos e com mímicas variadas (...) e quando brinca de roda (...) já está dançando”. (Percher, 1982). Na vida cotidiana está presente uma espécie de “essência da dança”, observável em sua ligação com os ritmos elementares que estruturam esse mesmo cotidiano, à cultura popular e ao contexto sócio-histórico. (Percher, 1982) “O lugar da dança é nas casas, nas ruas, na vida” (Béjart, 1980).

Na arte: “A dança é a arte do movimento e da expressão, onde a estética e a musicalidade prevalecem. (...) O corpo humano é o instrumento da arte da dança.” (Ballet: arte, técnica e interpretação. Dalal Achcar, Ed. Artes Gráficas, 1980). “É a arte de fazer passar emoções e ações à alma do espectador pela expressão verdadeira dos movimentos e dos gestos”. (Noverre)



1.     Dança para o louvor: se caracteriza pelo aspecto informal e comumente faz parte do que se convencionou chamar de “momento de animação”. Normalmente é ministrada por um animador, na companhia de uma equipe que o acompanha. Se constitui de coreografias simples, que acompanham estritamente a letra da música e objetiva criar um clima de descontração, interação social e alegria no Espírito Santo. Pode ser justificada pelas palavras de Santo Agostinho: “A dança liberta o ser humano do peso das coisas e une o solitário à comunidade”.
2.    Dança de expressão estética: se caracteriza por uma maior preocupação técnica e estética e se destina principalmente ao uso na liturgia (solenidades) e/ou homenagens (Ex.: Missas Solenes, Homenagens à Nossa Senhora, etc.). Tem o papel de “embelezar” o momento e se justifica pelo desejo de dar maior glória à Deus por meio de oferecimento do Dom da dança: “ A arte sacra é verdadeira e bela quando corresponde, por sua forma, à sua vocação própria: evocar e glorificar, na fé e na adoração, o mistério transcendente de Deus (...)”.*
3.    Dança complementar à evangelização: se caracteriza também por uma maior preocupação técnica e se destina a ser auxílio “audiovisual” ao objetivo da evangelização (Ex.: dança sobre o tema do evento e/ou da pregação). Justifica-se pela capacidade de arrematar as informações antes transmitidas verbalmente de forma “observável”, possibilitando uma melhor “visualização” da palavra ministrada e tocando na sensibilidade dos fiéis: “(...) a verdade pode encontrar outras formas de expressão humana, complementares, sobretudo quando se trata de evocar o que ela contém de indizível, as profundezas do coração humano, as elevações da alma, o mistério de Deus. (...) Dá forma à verdade de uma realidade na linguagem acessível à vista e ao ouvido ”. *
*Cf. Catecismo da Igreja Católica, pg. 643 e 644.

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