O Catecismo da Igreja
Católica explica em seu parágrafo 1508 sobre cura e doença:
O Espírito Santo dá a
algumas pessoas um carisma especial de cura para manifestar a força da graça do
ressuscitado. Todavia, mesmo as orações mais intensas não conseguem obter a
cura de todas as doenças. Por isso, São Paulo deve aprender do Senhor que
"basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que minha força manifesta todo
o seu poder" (2Cor 12,9), e que os sofrimentos que temos de suportar podem
ter como sentido "completar na minha carne o que falta às tribulações de
Cristo por seu corpo, que é a Igreja" (Cl 1,24).
Jesus disse: “Eu vim para
que todos tenham vida, e vida plena” (Jo 10,10). A Palavra ensina (Mt 8, 17) que
a profecia de Isaías 53, 4 que diz “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e
carregou nossas doenças” se aplica a Jesus. Ainda assim Jesus não curou (e não
cura) todos os doentes. O Catecismo, nos parágrafos 1505-1506, esclarece ainda:
Suas curas eram sinais da vinda
do Reino de Deus. Anunciavam uma cura mais radical: a vitória sobre o pecado e
a morte por sua Páscoa. Na cruz, Cristo tomou sobre si todo o peso do mal e
tirou o "pecado do mundo" (Jo 1,29). A enfermidade não é mais do que
uma conseqüência do pecado. Por sua paixão e morte na cruz, Cristo deu um novo
sentido ao sofrimento, que doravante pode configurar-nos com Ele e unir-nos à
sua paixão redentora. Cristo convida seus discípulos a segui-lo, tomando cada
um sua cruz. Seguindo-o, adquirem uma nova visão da doença e dos doentes.
Essa configuração do doente
e de Cristo é tão radical que em Mt 25, 36. 39-40 Jesus afirma que o que
fizermos a um enfermo, estaremos fazendo a Ele próprio. Acho que Deus “sabe o que
faz” quando permite que experimentemos em nossa história os dois lados: o do
doente e o do que cuida/convive com um doente.
Uma vez um médico me esclareceu
em tom de brincadeira, mas baseado na sua experiência profissional,
parafraseando Euclides da Cunha (que escreveu a célebre frase “O sertanejo é, antes
de tudo, um forte”): “O doente é, antes de tudo, um chato.”
Quando estamos sem
saúde, com dores, mal-estar, fracos, debilitados, nosso ânimo, nossa disposição
emocional e psicológica automaticamente se abalam. Nossa tendência é reduzir
toda a existência a essa nossa realidade. Toda e qualquer conversa, por mais
simples que seja, pode passar de uma mera reclamação a um drama em um piscar de
olhos. Nem todo mundo tem a paciência e a solidariedade suficiente para
aguentar o doente, para visitá-lo, para consolá-lo, para buscar entender tanta “chatice,
reclamação, drama”. Se você tem um doente na família, sabe bem do que estou
dizendo: não é fácil!
Por outro lado eu afirmo, da
pequenez da minha experiência pessoal, só sabe a tristeza, a vulnerabilidade e
a solidão que experimenta uma pessoa enferma quem já passou pela mesma
experiência. Nos dias de hoje, raríssimas pessoas tem a iniciativa e a
disponibilidade de ir ao encontro do enfermo. Nem mesmos dos próprios
familiares! Essa é a realidade. Triste é não ter saúde, some-se a isso a
solidão de quem tenta se restabelecer enquanto as pessoas que formam sua rede
de convivência estão muito ocupadas simplesmente por seguir suas vidas, ocupações
e responsabilidades. Por um lado entendemos que o mundo não para, por outro
estamos frágeis, necessitados de amor tanto quanto do tratamento. Se você está
doente atualmente, talvez num hospital sozinho ou mesmo em casa, passando pelas
agruras dos efeitos colaterais, sintomas, desconfortos de cateteres, sondas,
amargura... talvez até mesmo medo da morte! Só quem já esteve (ou está) nessa
situação entende esse sentimento de abandono descrito na Bíblia com exatidão no
Salmo 87 e ao longo do livro de Jó.
Seja qual lado estejamos no
momento, seja no do enfermo, seja no lado do que é chamado a ser o bom
samaritano para o próximo, aprendamos o valor da ORAÇÃO nesse contexto. “A
oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá” (Tg 5, 15). E mesmo
que não seja ainda a vontade do Senhor a cura, pela oração, nos colocando em
contato com Ele, nos predispomos à fé, à paz, a uma abundância de graças e
bênçãos que ultrapassam aquele momento, aquela necessidade. Só pela oração
podemos conseguir a graça da paciência, da compreensão, da sensibilização pela
dor alheia. Só pela oração poderemos também nessa circunstância tão dura fazer
a experiência de ser forte quando somos fracos (2 Cor 12, 10), de mesmo
enfermos, sermos guerreiro (Joel 4, 10).
Assim sendo, compartilho com
vocês essas duas orações do Pe. Alberto Gambarini (adaptadas do livro “Orações
de Cura e Libertação) para que sejam um incentivo para que nós nos voltemos a Deus
em oração nessa situação de doença, nossa ou de quem assistimos. Estejamos com
o Senhor sempre, na saúde ou na doença!
ORAÇÃO DA MANHÃ DE UM
ENFERMO
Obrigado, Senhor, por
mais este dia em que me concedes a graça de viver.
Acompanha-me com a
tua luz e com o teu amor. Faze que eu cumpra a tua vontade e viva no teu amor.
Dá-me força e
resignação para suportar as minhas dores e minhas dificuldades.
Que eu saiba ser compreensivo
e bondoso com todas as pessoas que me cercam. Livra-me do desânimo, da
impaciência e de todo mal.
Que eu chegue ao fim
desse dia com o coração agradecido e cheio de paz e minha boca cante os teus
louvores.
Virgem Maria, fica
comigo, eu me consagro todo a ti! Tu és minha mãe e eu confio na tua
intercessão.
Amém!
ORAÇÃO DA NOITE DE UM
ENFERMO
Obrigado, Senhor, por
mais esse dia que acabo de viver. Procurei vive-lo no teu amor e nada me
faltou. Na tua companhia suportei os meus sofrimentos e não me senti inútil.
Confiei em ti e
aceitei tua vontade. Não fui perfeito, mas procurei ser bom. Perdoa as minhas faltas,
Senhor, e acolhe-me.
Dá-me uma noite
tranquila e que, por tua graça, o descanso restaure as minhas forças. Diminui as
minhas dores e restaura a minha saúde.
Faze que amanhã eu
esteja pronto para cumprir a tua vontade e acolher todos os meus irmãos com
amor.
Virgem Maria, fica
comigo e vela sobre mim essa noite. Tu és minha mãe e eu confio em teu amor.
Amém.
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