Aqui
em casa tentamos catequizar as crianças para o Ano Litúrgico vivendo-o no
dia-a-dia. Eles já sabem quando estamos no Advento pois enfeitamos a casa com luzes,
presépio, a Coroa do Advento, anjos e a Árvore de Natal e mais importante do que isso, por que os levamos todo final de semana às Missas. Eles percebem que está
perto do Natal por causa da novena que fazemos especialmente adaptada a eles.
Sabem
que está começando a Quaresma pois vamos sempre todos juntos à Missa de
Quarta-feira de Cinzas. Eles são crianças, mas já sabem que vamos fazer juntos
algum gesto concreto na Quaresma, que vamos rezar a Via Sacra nas
sextas-feiras, que vamos participar de mais Missas nesse período e que vamos
rezar mais terços, e ler mais a Bíblia, etc. Ficam atentos para aprender e
costumam gostar das músicas da Campanha da Fraternidade! Eles sabem que a
Semana Santa está chegando pois vamos sempre na Missa de Domingo de Ramos, participando
da procissão, de preferência.
E
enquanto nós mesmos, os pais, vamos vivendo a ciclicidade dos Tempos Litúrgicos e das
festas religiosas, vamos comentando, explicando, passando um filme, um vídeo,
lendo um livro, fazendo uma ou outra atividade de artes ou devoção relacionada à
época em questão. Ora, o que é fundamental para os pais é passado espontaneamente para os filhos. Não são só valores teóricos, crianças não absorvem nem assimilam discursos, e sim hábitos e comportamentos reais.
Ultimamente
os mais velhos tem podido também se aprofundar na catequese paroquial, na
evangelização infantil no Ministério para as Crianças no Grupo de Oração, ajudando
no serviço da Liturgia (fazendo leituras, preces, segurando a cestinha no
ofertório, entregando os folhetos da Missa e, eventualmente, ajudando no altar
como coroinha), participando conosco em retiros, encontros e formações.
Assim,
quando chega a Semana Maior da nossa fé, eles já estão “no clima” da vivência.
Fazemos de tudo para não viajarmos nesse período mas mesmo quando viajamos,
vivemos integralmente as celebrações onde quer que estejamos.
São
pequenas coisas, detalhes sutis que evidenciam a diferença do tempo que estamos
vivendo. Ovo de Páscoa e coelhos? Passam longe daqui de casa. Nada contra, nem
a favor, muito pelo contrário: indiferença. Estamos normalmente muito ocupados
com a vivência da riqueza que é a nossa fé para perder tempo com tradições
comerciais que pouco agregam nesse quesito.
Na
Quinta-feira Santa, na medida do possível, já colocamos mais músicas religiosas
ao invés de outras, rádios católicas, TVs católicas ao invés dos programas habituais
(mesmo os infantis). Fazemos sempre um esforço para levá-los todos à Missa do
Lava Pés e após ela, já iniciamos a custosa tarefa de silenciarmos mais a casa.
Na
Sexta-Feira Santa, tentamos levá-los (pelo menos os mais velhos) para a
meditação da Via Sacra com a comunidade. Esse ano participamos da encenação do
Grupo da nossa comunidade sempre explicando todas as dúvidas e perguntas que
surgiam, em clima de oração e com muita piedade. Impressionante o efeito do
teatro nas crianças! O visual tem muito impacto nelas e eu me comovi com a
emoção que foi brotando delas com o passar das estações.
A TV,
o rádio e a internet são desligados. Não tem passeios, não tem lazer, não tem sobremesa,
não tem carne e nem pratos elaborados com fartura de peixes e frutos do mar. O
cardápio quase sempre é o clássico e bom arroz-feijão-e-ovo, no máximo uma
salada ou sardinha. Sim, meus filhos fazem jejum e mortificações, e por que
não? E não há tantas crianças que o fazem cotidianamente em sua pobreza? Sempre
mencionamos e rezamos por tantas crianças que vivem assim sem confortos ou
luxos diariamente, oramos por elas e ajudamos concretamente sempre que possível e os
estimulamos a serem agradecidos por tudo o que tem.
Vamos
sempre todos juntos à Celebração da Paixão, nos recolhemos, assistimos a um
filme da história de Jesus e insistimos nos motivos de todas essas nossas
práticas. Tentamos ao máximo responder as dúvidas deles (e como eles tem
perguntas!). Rezamos o Terço, vamos dormir cedo, muita calma, muito silêncio...
realmente tenho a impressão que o Espírito Santo desce sobre nossa casa,
normalmente tão ruidosa e festiva e tudo fica sereno. Ou melhor, não tenho
impressão: eu creio nisso!
Sábado
continuamos em clima de oração. Já ligamos a TV, rádio, internet mas em coisas
religiosas. Evitamos atividades que possam nos fazer sair do clima de oração ao
máximo e participamos juntos da Vigília Pascal. É verdade que é uma Missa
longuíssima e super difícil para participar com crianças, mas mesmo assim,
participamos sempre juntos. Eu e meu marido amamos muito a Vigília Pascal e
sempre falamos com empolgação sobre ela, buscamos assim motivá-los a perceberem
como tudo nela é lindo. Conforme vamos vivendo a Celebração, vamos explicando e
mostrando para eles os detalhes da fogueira, do Círio Pascal, a beleza da
Igreja iluminada pelas velas, o “Super Glória” e o “Super Aleluia”, o altar
sendo enfeitado, as músicas, os sinos... A família que se encontra na Igreja (avós, tios,
primos), os amigos, os irmãos de comunidade... Com muito diálogo, paciência,
sempre dá certo e eles voltam pra casa cantando o glória ou o aleluia ou algum
refrão dos muitos salmos que eles mais tenham gostado.
Domingo
de Páscoa nunca foi um dia em que nos preocupássemos com chocolate ou falsas pegadas
de coelho espalhadas pela casa. Também não é um dia para passarmos a manhã toda na cozinha
preparando banquetes. Nos reunimos e fazemos um almoço de domingo com a família
sim, mas tudo simples, sem muito estresse. Meus filhos comem ovos de páscoa?
Sim, eles normalmente ganham de presente de amigos e familiares sempre com a
melhor das intenções e aos quais agradecemos sempre tanto carinho, mas jamais
isso será o foco para nós assim como os presentes debaixo da árvore não são e nunca serão o foco
dos nossos Natais.
Nosso
centro é Jesus, nosso foco é a Fé, nosso destaque é a vida religiosa na comunidade da Igreja! Para os pais passarem isso para os filhos
precisam antes crer e viver. Felizmente tenho um marido que crê e vive essas
Verdades Eternas comigo e sempre que é preciso, um anima e conduz o outro nessa
caminhada. Não é algo de fora pra dentro, mas de dentro pra fora. Ou melhor, é algo de cima para dentro, de Deus com Sua graça para nossos corações! É apenas um
continuar do que vivemos em nosso cotidiano, mas nesses momentos fortes da
nossa fé católica, com mais intensidade, atenção, consciência, piedade, ainda
mais amor. Assim as crianças são contagiadas: aprendem pelo exemplo, se
habituam a valorizar o sagrado posto que é simplesmente a vida que se vive corriqueiramente,
ano após ano, e ainda assim, de maneira sempre nova.
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