Aproxima-se
o Carnaval e a maioria das pessoas trata de se programar para o que quer que
pretenda fazer neste que é considerado por muitos o verdadeiro reveillon brasileiro,
após o qual o ano realmente se inicia. O brasileiro é um povo de cultura
riquíssima e alegria indestrutível e o verão é a estação do ano que geralmente conjuga
as férias e o famoso ócio criativo que culminam nas manifestações populares carnavalescas
antecipadas, já que na mentalidade tupiniquim, nada justificaria sua limitação aos
dias oficiais do evento.
Há quem
afirme não gostar de festas, multidões e barulho e aproveita os dias de
Carnaval para outras atividades de lazer, descanso, etc, já que independente de
ser folião ou não, o país valoriza tanto o evento que dispensa 4 dias “oficialmente”
para tal!
O povo
brasileiro é igualmente religioso e pipocam nessa época do ano não apenas os blocos
de folia, mas também os encontros de espiritualidade. A RCC Brasil enunciou
pela internet que o “Brasil é o país dos Retiros de Carnaval” e isso é
facilmente constatável em qualquer cidade de nosso país! Só aqui na
Arquidiocese de Brasília já contei quatro grandes eventos de espiritualidade e
evangelização para o Carnaval 2013!
Não sei se
seria possível se manter em estado de graça e simultaneamente se divertir no
Carnaval. Seria talvez, mais ou menos comparável à história contada por Jesus
envolvendo o rico, um camelo e o fundo de uma agulha. Mais ou menos como tentar
reunir todos os confetes jogados para cima ou reenrolar com perfeição a
serpentina lançada no ar, sempre ficam as marcas dessa dispersão. Não pretendo
aqui julgar as opções das pessoas. Só quero propor uma reflexão para qual já
não tenho dúvidas alguma: aquele que optar por essas atividades neste feriado
que o faça consciente de que está transitando em território inimigo.
As festas
de Carnaval brasileiras nos parâmetros atuais torna praticamente impossível ao
cristão não se contagiar (ou contaminar) em obras da carne que o façam romper
com a santidade da presença de Cristo em seu ser. Não é fato desconhecido que
em suas origens, o Carnaval era justamente uma ocasião em que as pessoas
aproveitavam para extravasar antes do período da Quaresma, que é de sobriedade.
Lembremo-nos disso quando os foliões estiverem cantando o convite mundano: “Extravasa!
Libera e joga tudo pro ar! Eu quero ser feliz antes de mais nada!” O YouCat no nº 281 ensina: “Deus colocou em
nosso coração uma ânsia tão infinita de felicidade QUE SÓ ELE A CONSEGUE
SATISFAZER.” Estejamos atentos e conscientes de nossas escolhas, do nosso agir
onde quer que estejamos. Não nos iludamos na empolgação do som alto e da
adrenalina liberada nas danças, pois como dizia melancolicamente o poeta, às
vezes se trabalha o ano inteiro por um momento de sonho, se fantasiar e fugir
da realidade para que depois tudo se acabe na quarta-feira...
Quer você
opte por vivenciar a cultura carnavalesca, descansar ou participar de um
momento de espiritualidade, lembre-se: NADA PODE TE SEPARAR DO AMOR DE CRISTO!
(Rom 8,35-39) E esteja você onde estiver, fazendo o que estiver fazendo, tenha
seus olhos abertos para saber que Jesus estará ao seu lado, olhando por você e
suas ações.
Para mim,
esse ano, o Espírito inspirou uma frase: “Para o católico, Carnaval é
PREPARAÇÃO PARA A QUARESMA.” Para o católico autêntico, essa preparação tem
prioridade sobre outras escolhas. Nem afirmo que se deva excluir outras
possibilidades, mas que a preparação para a Quaresma tenha a primazia no lugar
onde tudo fica às claras, sem máscaras, diante de Deus: o nosso coração.
Existem
pessoas que passam o retiro de Carnaval inteiro brigando, fofocando, tristes,
de mal para a vida, fechados à graça do amor de Deus. Talvez haja quem possa
brincar o Carnaval de forma saudável, com moderação e sem excluir a Cristo em
seus pensamentos e obras. Então não é o lugar ou atividade que será decisivo,
mas nossa disposição interior.
Dito isso,
desejo a todos “um santo e abençoado Carnaval”! Preparemo-nos para viver a
Quaresma onde quer que estejamos, tempo riquíssimo de misericórdia de Deus para
nós!
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