28 de fevereiro de 2013

Site do Vaticano no período de Sé Vacante


O Site do Vaticano já traz as modificações com o encerramento do Pontificado de Bento XVI. Acesse http://www.vatican.va/bxvi/omaggio/index_po.html e emocione-se com o belíssimo e-book preparado com belas imagens de sua Santidade Bento XVI ao longo dos oito anos de sua jornada na cátedra de Pedro além de e trechos de mensagens, homilias, pronunciamentos e documentos diversos de autoria do pontífice emérito. Os links ao final de cada perícope conduzem aos documentos completos registrados no próprio site. 
Do lado esquerdo da tela, na coluna Focus, clique no 1º link intitulado "Benedictus XVI". O desafio é conter a emoção! :.)

O Adeus a Bento XVI: coisa de família


Recentemente li uma interpretação da palavra "ADEUS", na qual se entendia que deveríamos perceber que o vocábulo é formado por duas partes: "A" + "DEUS". E na explicação se seguia que dizer "ADEUS" não significava a priori uma "finalização" como passa a ideia de "despedida", mas antes uma "oferta a Deus daquilo que não podemos mais reter para nós". Não sei até que ponto a etimologia estaria correta, mas gostei dessa concepção. 
Nunca me esquecerei do momento que em que recebi a notícia da Renúncia do Papa Bento XVI. Dia 11 de Fevereiro de 2013, um dia antes do aniversário do meu irmão caçula, estava acompanhando no Acampamento de Carnaval da Comunidade Canção Nova em Cachoeira Paulista um belíssimo testemunho da missionária Eliana Ribeiro. Confesso que estava me controlando para não chorar, e ao mesmo tempo estava adicionando conteúdos no perfil do Facebook e twitter do grupo de oração que participo, em parceria com a Rcc-Brasília, que vivia também um dos mais belos Rebanhões que já fizemos na capital. Estava com minha família descansando e convivendo um pouco no feriado do Carnaval, mas quem é Igreja, não consegue se desligar por completo! De repente o Pe. Roger Araujo anunciou num plantão urgente de notícia: o Papa havia renunciado! Assim como a maioria dos católicos do mundo inteiro, minha surpresa foi tão grande que cheguei a ter uma indisposição física! Meu coração apertou, imaginando qual seria o motivo!... Fiquei confusa, meditava: "Pode isso, Arnaldo? Um Papa renunciar?!"... Meu marido me acompanhou na avalanche de sentimentos: ele com certa inquietação; eu, já sentia mesmo alguma angústia. Aí o controle do choro cedeu. Costumo dizer em tom de brincadeira que "sou espada" e que minha mãe sempre me ensinou a guardar as minhas lágrimas para quando ela morresse (mórbido, mas verdadeiro), porém não aguentei, fui tomada pela tristeza: chorei. Em certo ponto, Pe. Paulo Ricardo acalmou meu coração com sua sabedoria, dizendo ainda no Plantão de Notícias da TV Canção Nova: "É natural que algumas pessoas estejam sentindo alguma angústia por essa notícia e isso é um bom sinal, pois significa que grande amor temos pelo Papa! Mas tenhamos confiança em Deus!" E logo mais à tarde, em seu blog, ele praticamente descreveu meus sentimentos ao escrever:  "Nosso coração, cheio de gratidão pelo ministério de Bento XVI, gostaria que esta notícia não fosse verdade. Mas, se confiamos no Papa até aqui, porque agora negar-lhe a nossa confiança? Como filhos, nos vem a vontade de dizer: "não se vá, não nos deixe, não nos abandone!" Mas não estamos sendo abandonados. A Igreja de Cristo permanecerá eternamente. O que o gesto do Papa então pede de nós, é mais do que confiança. Ele nos pede a fé! Talvez seja este um dos maiores atos de fé aos quais seremos chamados, num ano que, providencialmente, foi dedicado pelo próprio Bento XVI à Fé." (Vale a pena ler o post completo http://migre.me/dsHOV).
De lá para cá, entre polêmicas midiáticas, formações sobre a Doutrina da Igreja para este acontecimento inédito e, é preciso admitir, uma certa melancolia revestida de saudades, chegamos ao dia de hoje, o último dia de Seu Pontificado. Em sua última Audiência Geral, dia 27 de fevereiro de 2013, Sua Santidade afirmou que recebeu muito carinho de todos, grandes e pequenos ao longo do planeta, e que estes últimos, entrando em contato com ele, apresentavam-se "como irmãos e irmãs ou como filhos e filhas, com o sentido de uma ligação familiar muito afetuosa". É exatamente isso! A Igreja é família, quem é Igreja sabe do que estou falando... Quem não é Igreja, não entende esse sentimento, esse amor pelo Papa, por exemplo... Mas isso não se explica apenas pela razão, nem ao menos só pelos sentimentos! Existem uma ação espiritual aí, que nos faz amar o Papa sem o conhecer pessoalmente e sem que ele ao menos imagine a nossa existência, isso desde os tempos apostólicos e em toda a história da Igreja! E não se explica esse amor, apenas se vive... Eu sempre imagino que o sangue de Cristo que comungamos e corre tanto em nossas veias quanto na dele nos une como verdadeira família... Assim compreendo também a Comunhão dos Santos, que une a Igreja militante, a padecente e a triunfante. Aplica-se também aos nossos superiores e todo clero de maneira geral. Verdadeiramente amamos o Papa e esse amor chega sim até ele, a ponto de ele ter afirmado na penúltima Audiência Geral do dia 13 de Fevereiro de 2013 quase poder sentir fisicamente nosso amor e nossas orações (Acesse aqui: http://migre.me/dsMqs) 
Chegou o dia em que Ele subirá ao Tabor do claustro, 28 de fevereiro de 2013, dia único na história da Igreja, na história da família-Igreja, e nosso coração aperta. Então me apego na ideia do começo desse post: não é uma despedida, mas antes uma entrega a Deus dessa pessoa que com certeza mudou o mundo e a história! Um teólogo mais que admirável, mais que brilhante, mais que genial, mas antes de tudo um pai, nosso pai, nosso Papa amado. Só temos a agradecer a Deus e nos comprometer a rezar sempre por Ele, pelo próximo Papa, pela Igreja, por toda nossa família de fé e de sangue, ainda que sangue eucarístico, aliás sobretudo por tal motivo. Quem é Igreja entende e sente! Que não é Igreja, não precisa se preocupar em entender ou aceitar: isso é coisa de família!...

27 de fevereiro de 2013

A Última Catequese do Papa Bento XVI



Catequese 
Praça São Pedro
Quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Boletim da Santa Sé
Fonte: Canção Nova Notícias
Venerados irmãos no Episcopado e no Sacerdócio!
Ilustres Autoridades!
Queridos irmãos e irmãs!
Agradeço-vos por terem vindo em tão grande número para esta minha última Audiência geral.
Obrigado de coração! Estou realmente tocado! E vejo a Igreja viva! E penso que devemos também dizer um obrigado ao Criador pelo tempo belo que nos doa agora ainda no inverno.
Como o apóstolo Paulo no texto bíblico que ouvimos, também eu sinto no meu coração o dever de agradecer sobretudo a Deus, que guia e faz crescer a Igreja, que semeia a sua Palavra e assim alimenta a fé no seu Povo. Neste momento a minha alma se expande para abraçar toda a Igreja espalhada no mundo; e dou graças a Deus pelas “notícias” que nestes anos do ministério petrino pude receber sobre a fé no Senhor Jesus Cristo, e da caridade que circula realmente no Corpo da Igreja e o faz viver no amor, e da esperança que nos abre e nos orienta para a vida em plenitude, rumo à pátria do Céu.
Sinto levar todos na oração, um presente que é aquele de Deus, onde acolho em cada encontro, cada viagem, cada visita pastoral. Tudo e todos acolho na oração para confiá-los ao Senhor: para que tenhamos plena consciência da sua vontade, com toda sabedoria e inteligência espiritual, e para que possamos agir de maneira digna a Ele, ao seu amor, levando frutos em cada boa obra (cfr Col 1,9-10).
Neste momento, há em mim uma grande confiança, porque sei, todos nós sabemos, que a Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja, é a sua vida. O Evangelho purifica e renova, traz frutos, onde quer que a comunidade de crentes o escuta e acolhe a graça de Deus na verdade e vive na caridade. Esta é a minha confiança, esta é a minha alegria.
Quando, em 19 de abril há quase oito anos, aceitei assumir o ministério petrino, tive a firme certeza que sempre me acompanhou: esta certeza da vida da Igreja, da Palavra de Deus. Naquele momento, como já expressei muitas vezes, as palavras que ressoaram no meu coração foram: Senhor, porque me pedes isto e o que me pede? É um peso grande este que me coloca sobre as costas, mas se Tu lo me pedes, sobre tua palavra lançarei as redes, seguro de que Tu me guiarás, mesmo com todas as minhas fraquezas. E oito anos depois posso dizer que o Senhor me guiou, esteve próximo a mim, pude perceber cotidianamente a sua presença. Foi uma parte do caminho da Igreja que teve momentos de alegria e de luz, mas também momentos não fáceis; senti-me como São Pedro com os Apóstolos na barca no mar da Galileia: o Senhor nos doou tantos dias de sol e de leve brisa, dias no qual a pesca foi abundante; houve momentos também nos quais as águas eram agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir. Mas sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Sua. E o Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, certamente também através dos homens que escolheu, porque assim quis. Esta foi e é uma certeza, que nada pode ofuscá-la.  E é por isto que hoje o meu coração está cheio de agradecimento a Deus porque não fez nunca faltar a toda a Igreja e também a mim o seu consolo, a sua luz, o seu amor.
Estamos no Ano da Fé, que desejei para reforçar propriamente a nossa fé em Deus em um contexto que parece colocá-Lo sempre mais em segundo plano. Gostaria de convidar todos a renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certo de que aqueles braços nos sustentam sempre e são aquilo que nos permite caminhar a cada dia, mesmo no cansaço. Gostaria que cada um se sentisse amado por aquele Deus que doou o seu Filho por nós e que nos mostrou o seu amor sem limites. Gostaria que cada um sentisse a alegria de ser cristão. Em uma bela oração para recitar-se cotidianamente de manhã se diz: “Adoro-te, meu Deus, e te amo com todo o coração. Agradeço-te por ter me criado, feito cristão…”. Sim, somos contentes pelo dom da fé; é o bem mais precioso, que ninguém pode nos tirar! Agradeçamos ao Senhor por isto todos os dias, com a oração e com uma vida cristã coerente. Deus nos ama, mas espera que nós também o amemos!
Mas não é somente a Deus que quero agradecer neste momento. Um Papa não está sozinho na guia da barca de Pedro, mesmo que seja a sua primeira responsabilidade. Eu nunca me senti sozinho no levar a alegria e o peso do ministério petrino; o Senhor colocou tantas pessoas que, com generosidade e amor a Deus e à Igreja, ajudaram-me e foram próximas a mim. Antes de tudo vós, queridos Cardeais: a vossa sabedoria, os vossos conselhos, a vossa amizade foram preciosos para mim; os meus Colaboradores, a começar pelo meu Secretário de Estado que me acompanhou com fidelidade nestes anos; a Secretaria de Estado e toda a Cúria Romana, como também todos aqueles que, nos vários setores, prestaram o seu serviço à Santa Sé: são muitas faces que não aparecem, permanecem na sombra, mas propriamente no silêncio, na dedicação cotidiana, com espírito de fé e humildade foram para mim um apoio seguro e confiável. Um pensamento especial à Igreja de Roma, a minha Diocese! Não posso esquecer os Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, as pessoas consagradas e todo o Povo de Deus: nas visitas pastorais, nos encontros, nas audiências, nas viagens, sempre percebi grande atenção e profundo afeto; mas também eu quis bem a todos e a cada um, sem distinções, com aquela caridade pastoral que é o coração de cada Pastor, sobretudo do Bispo de Roma, do Sucessor do Apóstolo Pedro. Em cada dia levei cada um de vós na oração, com o coração de pai.
Gostaria que a minha saudação e o meu agradecimento alcançasse todos: o coração de um Papa se expande ao mundo inteiro. E gostaria de expressar a minha gratidão ao Corpo diplomático junto à Santa Sé, que torna presente a grande família das Nações. Aqui penso também em todos aqueles que trabalham para uma boa comunicação, a quem agradeço pelo seu importante serviço.
Neste ponto gostaria de agradecer verdadeiramente de coração todas as numerosas pessoas em todo o mundo, que nas últimas semanas me enviaram sinais comoventes de atenção, de amizade e de oração. Sim, o Papa não está nunca sozinho, agora experimento isso mais uma vez de um modo tão grande que toca o coração. O Papa pertence a todos e tantas pessoas se sentem muito próximas a ele. É verdade que recebo cartas dos grandes do mundo – dos Chefes de Estado, dos Líderes religiosos, de representantes do mundo da cultura, etc. Mas recebo muitas cartas de pessoas simples que me escrevem simplesmente do seu coração e me fazem sentir o seu afeto, que nasce do estar junto com Cristo Jesus, na Igreja. Estas pessoas não me escrevem como se escreve, por exemplo, a um príncipe ou a um grande que não se conhece. Escrevem-me como irmãos e irmãs ou como filhos e filhas, com o sentido de uma ligação familiar muito afetuosa. Aqui pode se tocar com a mão o que é a Igreja – não uma organização, uma associação para fins religiosos ou humanitários, mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que une todos nós. Experimentar a Igreja deste modo e poder quase tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor é motivo de alegria, em um tempo no qual tantos falam do seu declínio. Mas vejamos como a Igreja é viva hoje!
Nestes últimos meses, senti que as minhas forças estavam diminuindo e pedi a Deus com insistência, na oração, para iluminar-me com a sua luz para fazer-me tomar a decisão mais justa não para o meu bem, mas para o bem da Igreja. Dei este passo na plena consciência da sua gravidade e também inovação, mas com profunda serenidade na alma. Amar a Igreja significa também ter coragem de fazer escolhas difíceis, sofrer, tendo sempre em vista o bem da Igreja e não de si próprio.
Aqui, permitam-me voltar mais uma vez a 19 de abril de 2005. A gravidade da decisão foi propriamente no fato de que daquele momento em diante eu estava empenhado sempre e para sempre no Senhor. Sempre – quem assume o ministério petrino já não tem mais privacidade alguma. Pertence sempre e totalmente a todos, a toda a Igreja. Sua vida vem, por assim dizer, totalmente privada da dimensão privada. Pude experimentar, e o experimento precisamente agora, que se recebe a própria vida quando a doa. Antes disse que muitas pessoas que amam o Senhor amam também o Sucessor de São Pedro e estão afeiçoadas a ele; que o Papa tem verdadeiramente irmãos e irmãs, filhos e filhas em todo o mundo, e que se sente seguro no abraço da vossa comunhão; porque não pertence mais a si mesmo, pertence a todos e todos pertencem a ele.
O “sempre” é também um “para sempre” – não há mais um retornar ao privado. A minha decisão de renunciar ao exercício ativo do ministério não revoga isto. Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, recepções, conferências, etc. Não abandono a cruz, mas estou de modo novo junto ao Senhor Crucificado. Não carrego mais o poder do ofício para o governo da Igreja, mas no serviço da oração estou, por assim dizer, no recinto de São Pedro. São Benedito, cujo nome levo como Papa, será pra mim de grande exemplo nisto. Ele nos mostrou o caminho para uma vida que, ativa ou passiva, pertence totalmente à obra de Deus.
Agradeço a todos e a cada um também pelo respeito e pela compreensão com o qual me acolheram nesta decisão tão importante. Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que busquei viver até agora a cada dia e que quero viver sempre. Peço-vos para lembrarem-se de mim diante de Deus e, sobretudo, para rezar pelo Cardeais, chamados a uma tarefa tão importante, e pelo novo Sucessor do Apóstolo Pedro: o Senhor o acompanhe com a sua luz e a força do seu Espírito.
Invoquemos a materna intercessão da Virgem Maria Mãe de Deus e da Igreja para que acompanhe cada um de nós e toda a comunidade eclesial; a ela nos confiemos, com profunda confiança.
Queridos amigos! Deus guia a sua Igreja, a apoia mesmo e sobretudo nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo. No nosso coração, no coração de cada um de vós, haja sempre a alegre certeza de que o Senhor está ao nosso lado, não nos abandona, está próximo a nós e nos acolhe com o seu amor. Obrigado!
BENTOXVI_assinatura

24 de fevereiro de 2013

O Último Angelus de Bento XVI



Angelus
Praça São Pedro
Domingo, 24 de fevereiro de 2013
Queridos irmãos e irmãs,
Obrigado pelo vosso afeto!
Hoje, segundo domingo da Quaresma, temos um Evangelho particularmente belo, aquele da Transfiguração do Senhor. O Evangelista Lucas coloca especial atenção para o fato de que Jesus se transfigurou enquanto rezava: a sua é uma experiência profunda de relacionamento com o Pai durante uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive em um alto monte na companhia de Pedro, Tiago e João, os três discípulos sempre presentes nos momentos da manifestação divina do Mestre (Lc 5,10; 8,51; 9,28). O Senhor, que pouco antes tinha predito a sua morte e ressurreição (9, 22) oferece aos discípulos uma antecipação da sua glória. E também na Transfiguração, como no batismo, ressoa a voz do Pai celeste: “Este é o meu filho, o eleito; escutai-o!” (9, 35). A presença então de Moisés e Elias, que representam a Lei e os Profetas da antiga Aliança, é ainda mais significativa: toda a história da Aliança é orientada para Ele, o Cristo, que cumpre um novo “êxodo” (9, 31), não para a terra prometida como no tempo de Moisés, mas para o Céu. A intervenção de Pedro: “Mestre, é bom estarmos aqui” (9, 33) representa a tentativa impossível de parar esta experiência mística. Comenta Santo Agostinho: “[Pedro] … sobre o monte … tinha Cristo como alimento da alma. Por que ele iria descer para voltar aos trabalhos e dores, enquanto lá estava cheio de sentimentos de amor santo para Deus e que o inspiravam, portanto, a uma conduta santa? (Discurso 78,3: PL 38,491).
Meditando sobre esta passagem do Evangelho, podemos aprender um ensinamento muito importante. Antes de tudo, o primado da oração, sem a qual todo o empenho do apostolado e da caridade se reduz ao ativismo. Na Quaresma aprendemos a dar o tempo certo à oração, pessoal e comunitária, que dá fôlego à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e das suas contradições, como no Tabor queria fazer Pedro, mas a oração reconduz ao caminho, à ação. “A existência cristã – escrevi na Mensagem para esta Quaresma – consiste em um contínuo subir ao monte do encontro com Deus, e depois voltar a descer trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus” (n. 3).
Queridos irmãos e irmãs, esta Palavra de Deus a sinto de modo particular dirigida a mim, neste momento da minha vida. Obrigado! O Senhor me chama a ‘subir o monte’, a dedicar-me ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, ao contrário, se Deus me pede isto é para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual tenho buscado fazê-lo até agora, mas de modo mais adequado à minha idade e às minhas forças. Invoquemos a intercessão da Virgem Maria: ela nos ajude a todos a seguir sempre o Senhor Jesus, na oração e nas obras de caridade.

BENTOXVI_assinatura

22 de fevereiro de 2013

Via Sacra para Crianças


Disponibilizei num álbum da nossa página no Facebook uma proposta de Via Sacra simplificada para ser meditada com as crianças nas sextas-feiras da Quaresma. 
Explicamos espontâneamente cada estação, conduzimos as breves orações e cantamos para eles.
Momento mais sóbrio mas que, na simplicidade, tenho certeza, vai infundindo nos coraçõezinhos a piedade, o amor a Jesus e a compreensão do grande amor do Senhor por nós!
Acesse por este link logo a seguir e curta nossa página no Facebook!
https://www.facebook.com/pages/Blog-cat%C3%B3lico-EU-TENHO-DEUS-E-DEUS-ME-TEM/261286340579304

20 de fevereiro de 2013

Jornalismo arregão e a renúncia do Papa



O jornal Gazeta do Povo publicou hoje um artigo do publicitário Sílvio Medeiros que responde à opinião da colunista Barbara Gancia  vinculada no jornal Folha de São Paulo no dia 15 de Fevereiro de 2013 a respeito da renúncia de Sua Santidade o Papa Bento XVI. Para os que não ficaram sabendo da polêmica, a dita colunista fez piada da decisão do Pontífice de renunciar, publicando um texto superficial, vulgar, pobre, numa linguagem que só demonstra como o jornalismo brasileiro se encontra num período não de crise moral, mas antes, de crise de competência e profissionalismo. Cito apenas este episódio expondo o artigo que responde com civilidade e inteligência à aberração da imprensa-lixo representada pela Folha de São Paulo e sua colunista, a Gancia (cuja transcrição disponibilizo abaixo*), mas recomendo a postagem do Blog do Pe. Paulo Ricardo intitulado "A renúncia do Papa e os oportunistas da imprenssa secular" (http://padrepauloricardo.org/blog/a-renuncia-do-papa-e-os-oportunistas-da-imprensa-secular) que evidencia como só ele poderia fazer a mediocridade da mídia secular e o desserviço que promovem com seu despreparo e falta de seriedade profissional. 


*Bento XVI e o jornalismo arregão

Já foi dito por muitos católicos que acompanhar a cobertura desta renúncia papal e do próximo conclave por determinada imprensa era um tipo excelso de sacrifício. Não é de se admirar. Já teve jornal de primeira linha divulgando desde que a renúncia criava um precedente para se acabar com a infalibilidade papal - oi? - até que o momento era uma deixa para um Concílio Vaticano III. Mas até aí, sejamos tolerantes, opiniões jogadas ao vento, aceitas por qualquer papel.

O nível geral, no entanto, desceu drasticamente na última sexta feira, dia 15, quando a Folha de São Paulo divulgou o artigo de Barbara Garcia sobre o tema em questão.

Muito diferente dos outros textos, em que opiniões e especulações - por mais mirabolantes que fossem - eram colocadas em pauta com um mínimo de fundamento e seriedade, esse artigo chocou pelo seu caráter estrito de folhetim, propaganda e ataque pessoal. Dá para ver o veneno contido por entre a tipografia. Ao que tudo indica, a idéia era mesmo debochar, invocar ar de superioridade e capitalizar.

O artigo se intitula "Bento XVI, o Arregão". O escopo do artigo versa que Bento XVI se acovardou diante dos desafios da Igreja, que sua renúncia foi um sinal de "derrotismo", "frouxidão", e que este sai "de cena mordido", incapaz de imitar a Cristo. Começa criticando o fato do papa ter renunciando em latim - não ficou claro qual seria a sugestão para se falar diante de cardeais do mundo inteiro que falam em comum, o latim - depois entra nos clichês sobre pedofilia e encerra de forma épica qualificando João Paulo II de misógino. Mas a idéia toda do artigo é a exploração do próprio título, sendo o conteúdo conseguinte apenas desculpa para se divulgar o rótulo e ridicularizar.
Bento XVI, seria então arregão.

19 de fevereiro de 2013

Dica de conteúdo para formação pessoal na Quaresma



Minha sugestão para o dia de hoje para nosso aprofundamento da vivência da Quaresma é o Canal Especial para a Semana Santa do Portal do Santuário Nacional de  Aparecida.
Com o título de "Semana Santa", a aba Home oferece entretanto primeiramente um link sobre a Quaresma! Muito conteúdo de excelente qualidade para nossa formação pessoal, além de um design belíssimo. 
Destacaria os textos dos bispos na aba Artigos: A Quaresma no Ano da Fé, de Dom Odilo Scherer; Apelos da Quaresma, de Dom Walmor Azevedo, entre outros. São breves, didáticos, bem escritos e muito esclarecedores.
Na aba Notícias, a matéria Internautas da Mãe Aparecida buscam espiritualidade no Portal A12 disponibiliza um link para a Via Sacra Virtual: maravilhoso!. 
Para quem ama aquela santa Casa da Mãe Aparecida como eu, também pode curtir muito a aba Fotos, tudo muito bem organizado, lindas imagens... 
A aba Vídeos traz um ótimo material também, entre sermões, palestras, mensagens diversas. 
Vale a pena navegar nesse link: www.a12.com/semanasanta
#ficaadica   ;)

Quaresma no Ano da Fé




Com a Quarta-feira de Cinzas, iniciamos a Quaresma e nossa preparação para a Páscoa. É tempo de ouvir e acolher com atenção renovada a Palavra de Deus, que nos chama ao encontro e à comunhão com o Deus misericordioso e salvador. É tempo de revisão, para avaliarmos como anda a nossa vida cristã e se cumprimos nossos compromissos batismais com Deus e com a Igreja, observando seus mandamentos.

Na Quaresma deste Ano da Fé, faço um convite especial para nos confrontarmos com a fé que recebemos e professamos com a Igreja.

1. Temos uma fé firme? Procuremos o encontro pessoal com Deus, na leitura da Palavra de Deus, nos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação? Peçamos a Deus, como os Apóstolos: “Senhor, aumenta a nossa fé!”. Dá-nos uma fé viva, que frutifique na esperança, na caridade e em toda obra boa!

2. Temos uma fé esclarecida, capaz de explicar a nós e aos outros o que cremos, enquanto católicos? Procuremos ler e estudar o Catecismo da Igreja Católica, que nos explica a fé da Igreja. A fé pouco esclarecida e que não tem raízes profundas e fortes, pode facilmente ser desviada ou perdida.

3. Abandonamos a fé, ou negamos alguma parte da fé da Igreja? Façamos penitência e peçamos o perdão de Deus. A infidelidade na fé é pecado contra Deus. É fechar as portas a Deus e afastar-se dele. Peçamos perdão a Deus pelos pecados contra a fé.

Em todo o caso, procuremos e peçamos a fé, pois é ela que nos possibilita entrar em comunhão com Deus e receber dele a vida. Deus não deixa de dar a fé a quem a pede.

Durante a Quaresma, preparemo-nos para fazer a renovação alegre e convicta de nossa fé, no Sábado Santo, durante a celebração da Vigília Pascal.

Para a Quaresma, aconselho a ler novamente minha Carta Pastoral – Senhor, aumentai a nossa fé – escrita para toda a Arquidiocese de São Paulo em vista do Ano da Fé. Se ainda não a tem em mãos, procurar no site da Arquidiocese de São Paulo (http://www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/node/185010).
Boa Quaresma de 2013 a todos! Boa preparação para a Páscoa!

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo




Fonte: http://www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/quaresma-no-ano-da-f%C3%A9

17 de fevereiro de 2013

Catequese Familiar: Meditação dos Evangelhos da Quaresma com as crianças



Pela graça do sacramento do matrimônio, os pais receberam a responsabilidade e o privilégio de evangelizar os filhos. Desde tenra idade devem iniciá-los nos mistérios da fé, de que são os "primeiros arautos". (...)  A educação da fé por parte dos pais deve começar desde a mais tenra infância. Faz-se já quando os membros da família se ajudam mutuamente a crescer na fé pelo testemunho duma vida cristã, de acordo com o Evangelho. A catequese familiar precede, acompanha e enriquece as outras formas de ensinamento da fé. Os pais têm a missão de ensinar os filhos a rezar e a descobrir a sua vocação de filhos de Deus. (Catecismo da Igreja Católica, §2225-2226)


Como já temos o costume de fazer, meu marido e eu, preparamos uma catequese doméstica com as crianças sobre os Evangelhos dos Domingos da Quaresma. Sentimos que uma simples ilustração desperta muito mais a atenção e curiosidade delas para o que pretendemos passar e as partilhas ficam riquíssimas! Elas expõe mais as suas dúvidas, pedem exemplos, contam "causos"... enfim, o difícil é finalizar a meditação! Para todos nós, eles e nós dois como pais, cada vez mais essas catequeses são um momento de aprendizado, entrosamento familiar, intimidade! E tudo isso na presença de Jesus e de Maria! Nos disponibilizamos a ensiná-los, mas quem sempre aprende algo somos nós! Deus age em nós enquanto pais quando servimos a Deus no serviço aos nossos filhos: os filhos contribuem para o crescimento dos seus pais na santidade. (CIC § 2227) 
Recomendamos muito, preparem esses momentos com suas crianças! Esforcem-se por catequizá-las com amor! Custa tão pouco, em meia hora organizamos essa apresentação de power point usando imagens do google (acesse nesse álbum da nossa página no Facebook: ) e nos surpreendemos com a interação que vivenciamos com eles. Valeu muito a pena. SEMPRE vale muito a pena! Como diria o meu segundo filho, o José Luiz: "Uma Santa e abençoada Quaresma pra vocês!" :)

16 de fevereiro de 2013

Com licença, vou me retirar: é Quaresma!


Uma dica sempre presente no rol das atividades quaresmais é o "Retiro Popular" de Dom Alberto Taveira Corrêa. Esse ano de 2013, com o título "A quem iremos, Senhor?", o arcebispo de Belém-PA nos convida, nessa experiência que é "a mesma e sempre nova", também nós sendo os mesmos de sempre, que nos abramos à renovação do Espírito para "mudarmos para melhor, com a graça de uma Quaresma bem vivida". 

Baseando-se nos temas da Fé e da Juventude, em consonância com a Igreja que vive o Ano da Fé e que refletirá sobre os Jovens na Campanha da Fraternidade e na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro no mês de Junho, Dom Taveira propõe a vivência desses 40 dias meditando sobre os textos que ele selecionou mas também intensificando a "prática cotidiana das realidades essenciais do cristianismo", recebidas da Igreja e da família, a qual faz de nós verdadeiros discípulos e missionários: oração pessoal (com destaque à Lectio Divina), jejum, mortificação e caridade.

Penso que participar de um retiro espiritual de um final de semana, por exemplo, é um tempo cujos frutos colhemos para o resto de nossas vidas. Ainda que por vezes seja cansativo e um verdadeiro combate interior por conta do silêncio, da intensidade das vivências espirituais, da nossa falta de hábito com tanta oração, da nossa pouca intimidade com Deus, para a maioria das pessoas que se aventuram em participar desses retiros, para aquelas pessoas que se abrem à ação de Deus, é uma ocasião de graça e bênção. 
A proposta do Retito Popular apresenta-se como um desafio especial, já que é um retiro feito na vida, no dia-a-dia, em casa, no trabalho... Somos chamados e introduzir a Quaresma em nosso cotidiano, a como que espalhar em nossa rotina a beleza das práticas quaresmais! Que belo desafio! Como se diz por aí pelo mundo virtual: "só para os fortes"! 
Nos retiremos, então! E façamos bem-feito, como orienta Dom Taveira! De fato pedindo licença às correrias e urgências que nos demandam sem cessar! Tenhamos a coragem, a atitude de nos recolher por um momento para professarmos nossa Fé, passo a passo, dentro das nossas capacidades e limitações e desse modo vivermos a experiência do discipulado na amizade com o Mestre! Entremos em nossos quartos, nos retirando durante esse tempo litúrgico maravilhoso para que daí possamos sair para a vida, para o mundo em missão, partilhando e testemunhando as maravilhas advindas dessa experiência salutar!  Diga a si mesmo, ao tempo que nunca vai parar de correr, à TV, à internet, às pessoas, aos trabalhos, a tudo, durante esses dias: "Com licença, vou me retirar: é Quaresma!"

14 de fevereiro de 2013

A Última Mensagem para a Quaresma do Papa Bento XVI (2013)




Nesta Quaresma de 2013, na qual teremos além do costumeiro espírito de contrição e sobriedade que lhe é peculiar, uma certa melancolia extra pela renúncia de Sua Santidade, vale a pena examinar com atenção, oração e amor sua última mensagem para esse tempo tão rico. Nela, Bento XVI quis evidenciar a indissolúvel relação entre a Fé e a Caridade. Neste ano da Fé o Pontífice retorna ao seu tema predileto, a Caridade, sobre o qual já se aprofundou em encíclicas e escritos diversos e nos presenteia com mais uma mensagem de sábia profundidade e humilde simplicidade.
O texto não é extenso e a linguagem, como de costume, é elegantemente didática. Com o título “Crer na caridade suscita caridade” e o  fundamento bíblico em 1 Jo 4, 16 (Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele.), o Papa enumera quatro pontos com os quais desenvolve sua mensagem:
1.                 A fé como resposta ao amor de Deus
2.                 A caridade como vida na fé
3.                 O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade
4.                 Prioridade da fé, primazia da caridade
Afirma o Sumo Pontífice que a descoberta de Deus pelo encontro místico e pessoal (“Sim, existe um Deus! Existe “O” Deus! Único e verdadeiro! Eu O encontrei!”) tem como consequência outras descobertas (“Sim, esse Deus é amor! Mais que isso: Esse Deus me ama!”) Desse processo que engloba coração e intelecto simultaneamente e que se desdobra continuamente sem se concluir ou se completar em definitivo, brota a fé do cristão como uma RESPOSTA (“Diante de uma amor como esse, como eu poderia ficar indiferente e inerte? Preciso fazer algo! Preciso corresponder!”).
Assim se manifestada uma consciência desse amor divino por nós e também uma compreensão de que o “procedimento principal que distingue os cristãos é precisamente o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado”.
Ah, como o mundo seria outro se os cristãos assumissem essa condição que os distingue! Assim se diria: “Cristãos? É aquele povo que ama! Que ama por que tem fé! Que tem fé porque ama!” Eis um ponto interessante para meditarmos na Quaresma: “eu me distingo em meu contexto, em meu dia-a-dia, diante dos homens, por ser alguém que tem fé e ama?”

8 de fevereiro de 2013

Redescobrir e Fortalecer nossa amizade com Cristo


Discurso do Papa ao Pontifício Conselho da Cultura 


Audiência com os participantes da plenária do Pontifício Conselho da Cultura - 
"As culturas juvenis emergentes"
Sala Clementina do Palácio Apostólico
Quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Queridos amigos,

Tenho o prazer de encontrar-vos na abertura da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho da Cultura, durante a qual vocês irão se concentrar na compreensão e aprofundamento, a partir de diferentes perspectivas, nas “culturas juvenis emergentes”. Eu cordialmente cumprimento o Presidente, Cardeal Gianfranco Ravasi, e agradeço a ele pelas gentis palavras a mim dirigidas em nome de todos vós. Eu cumprimento os Membros, os Consultores e todos os Colaboradores do Discatério, na esperança de que seu trabalho seja frutífero e dê uma útil contribuição para o trabalho da Igreja em relação à realidade juvenil; uma realidade complexa, como foi dito, e uma das que não pode ser entendida dentro do contexto de um universo culturalmente homogêneo, mas em um horizonte que pode ser definido como “multiverso”, que é determinado por uma pluralidade de visões, perspectivas e estratégias. Portanto, é apropriado falar de “culturas jovens”, uma vez que os elementos que distinguem e diferenciam os fenômenos e as áreas culturais prevalecem sobre aqueles que, em vez disso, eles têm em comum. Vários fatores de fato estão contribuindo para traçar uma paisagem cultural cada vez mais fragmentada, em constante e rápida evolução, para a qual não são estranhas as mídias sociais, as novas ferramentas de comunicação, que facilitam e, por vezes, são a própria causa de contínuas e rápidas mudanças na mentalidade, costumes, comportamento.

Existe, portanto, um clima de instabilidade que toca a esfera cultural, bem como a política  e econômica- esta último também marcada por dificuldades dos jovens em encontrar um emprego – afetando as pessoas principalmente em um nível psicológico e relacional. A incerteza e fragilidade que caracterizam tantos jovens frequentemente os empurra para as margens, tornando-os quase invisíveis e ausentes nos processos culturais e históricos das sociedades. E cada vez mais frequentemente fragilidade e marginalidade resultam no fenômenos da dependência das drogas, desvio e violência. As esferas sentimental e emocional, a esfera dos sentimentos, bem como a esfera corporal, são fortemente afetadas por este clima e tempestades culturais que se seguem expressas, por exemplo, em fenômenos aparentemente contraditórios, como o espetáculo da vida íntima e pessoal e relacionamentos íntimos e o foco individualista e narcisista sobre as necessidades e interesses pessoais. A dimensão religiosa, a experiência de fé e de membros na Igreja são muitas vezes vistas em uma perspectiva privada e emocional. 

Todavia, há fenômenos decididamente positivos. A generosidade e coragem de tantos jovens voluntários que dedicam seus melhores esforços para o outro necessitado, a sincera e profunda experiência de fé de tantos jovens garotos e garotas que alegremente dão testemunho da sua participação nos esforços da Igreja para construir, em muitas partes do mundo, sociedades capazes de respeitar a liberdade e a dignidade de todos, começando com os pequenos e mais indefesos. Tudo isso nos conforta e nos ajuda a desenhar uma imagem mais precisa e objetiva das culturas juvenis.  Nós não podemos, no entanto, nos contentar com uma visão dos fenômenos da cultura juvenil ditada por paradigmas estabelecidos, que tornaram-se clichês, analisá-los com métodos que não são mais úteis, com ultrapassadas e inadequadas categorias culturais. 

Nós estamos, afinal, diante de uma realidade extremamente complexa, mas fascinante, que precisa ser bem entendida e amada com um grande espírito de empatia, cuja linha de fundo e desenvolvimento nós devemos compreender cuidadosamente. Olhando, por exemplo, para os jovens em muitos países do chamado “Terceiro Mundo”, nós percebemos que eles representam, com suas culturas e necessidades, um desafio para a sociedade de consumo global, para a cultura de privilégios estabelecidos, que beneficia um pequeno grupo da população do mundo ocidental. As culturas juvenis, como um resultado, “emergem” no sentido de que exibem uma profunda necessidade, um pedido de socorro ou mesmo uma “provocação” que não pode ser ignorada ou negligenciada, seja pela sociedade civil ou pela comunidade eclesiástica. Eu tenho frequentemente expressado, por exemplo, minha preocupação e a de toda a Igreja com a chamada “emergência educativa”, que certamente é uma dentre outras “emergências” que afetam diferentes dimensões da pessoa e relações fundamentais e que não podem ser respondidas de forma evasiva e banal. Penso, por exemplo, nas dificuldades crescentes no campo de trabalho ou o esforço que é necessário para permanecer fiéis às responsabilidades que assumimos ao longo do tempo. Um empobrecimento, não somente econômico e social, mas também humano e espiritual poderia seguir, para o futuro do mundo e de toda a humanidade: se os jovens não mais têm esperança, se eles não mais progridem, se eles não mais se inserem em dinâmicas históricas com a sua energia, sua vitalidade, suas habilidades para antecipar o futuro, nós encontraríamos uma humanidade voltada para si mesma, sem confiança e uma perspectiva positiva para o futuro. 

Apesar de estarmos conscientes de muitas situações problemáticas, que também afetam a área da fé e os membros da Igreja, nós renovamos a nossa fé nos jovens, para reafirmar que a Igreja vê sua condição, sua cultura, como um essencial e inevitável ponto de referência para seu trabalho pastoral. Por esta razão, eu gostaria de retomar algumas significantes passagens da Mensagem que o Concílio Vaticano II dirigiu aos jovens, como base para reflexão e inspiração para as novas gerações. Primeiro foi dito: “A Igreja olha para vocês com confiança e amor ... Ela possui o que constitui a força e o encanto da juventude, isto é, a habilidade de alegrar-se com o que está para começar, para doar-se sem reservas, para renovar a si mesmo e partir para novas conquistas”. O Venerável Paulo VI dirigiu este apelo para os jovens do mundo “é em nome desse Deus e de Seu Filho, Jesus, que nós exortamos vocês a abrir seus corações para as dimensões do mundo, a escutar o apelo de seus irmãos, a colocar a sua energia juvenil a seu serviço. Lutem contra todo egoísmo. Recusem-se a dar livre curso aos instintos de violência e ódio que geram guerras e todo seu cortejo de misérias. Sejam generosos, puros, respeitosos e sinceros, e construam com entusiasmo um mundo melhor do que os seus antepassados tiveram”. 

Eu também quero reafirmá-lo com força: a Igreja tem confiança nos jovens, ela espera neles e em suas energias, ela precisa deles e da sua vitalidade, para continuar a viver a missão confiada por Cristo com renovado entusiasmo. Espero sinceramente, portanto, que o Ano da Fé seja, mesmo para as jovens gerações, uma preciosa oportunidade para redescobrir e fortalecer nossa amizade com Cristo, que  traz alegria e entusiasmo para transformar profundamente culturas e sociedade. 

Queridos amigos, obrigado pelos esforços que vocês generosamente colocam a serviço da Igreja, e pela sua especial atenção para com os jovens, sobre vós eu cordialmente concedo minha Benção Apostólica. 


Fonte: 
http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=288632

7 de fevereiro de 2013

CARNAVAL DO CATÓLICO É PREPARAÇÃO PARA A QUARESMA



Aproxima-se o Carnaval e a maioria das pessoas trata de se programar para o que quer que pretenda fazer neste que é considerado por muitos o verdadeiro reveillon brasileiro, após o qual o ano realmente se inicia. O brasileiro é um povo de cultura riquíssima e alegria indestrutível e o verão é a estação do ano que geralmente conjuga as férias e o famoso ócio criativo que culminam nas manifestações populares carnavalescas antecipadas, já que na mentalidade tupiniquim, nada justificaria sua limitação aos dias oficiais do evento.
Há quem afirme não gostar de festas, multidões e barulho e aproveita os dias de Carnaval para outras atividades de lazer, descanso, etc, já que independente de ser folião ou não, o país valoriza tanto o evento que dispensa 4 dias “oficialmente” para tal!
O povo brasileiro é igualmente religioso e pipocam nessa época do ano não apenas os blocos de folia, mas também os encontros de espiritualidade. A RCC Brasil enunciou pela internet que o “Brasil é o país dos Retiros de Carnaval” e isso é facilmente constatável em qualquer cidade de nosso país! Só aqui na Arquidiocese de Brasília já contei quatro grandes eventos de espiritualidade e evangelização para o Carnaval 2013!
Não sei se seria possível se manter em estado de graça e simultaneamente se divertir no Carnaval. Seria talvez, mais ou menos comparável à história contada por Jesus envolvendo o rico, um camelo e o fundo de uma agulha. Mais ou menos como tentar reunir todos os confetes jogados para cima ou reenrolar com perfeição a serpentina lançada no ar, sempre ficam as marcas dessa dispersão. Não pretendo aqui julgar as opções das pessoas. Só quero propor uma reflexão para qual já não tenho dúvidas alguma: aquele que optar por essas atividades neste feriado que o faça consciente de que está transitando em território inimigo. 

1 de fevereiro de 2013

Dez conselhos de São João Bosco aos pais




1. Valorize o seu filho. Quando respeitado e estimado, o jovem progride e amadurece.

2. Acredite no seu filho. Mesmo os jovens mais ´difíceis´ trazem bondade e generosidade no coração.

3. Ame e respeite o seu filho. Mostre a ele, claramente, que você está ao seu lado, olhe-o nos olhos. Nós é que pertencemos a nossos filhos, não eles a nós.

4. Elogie seu filho sempre que puder. Seja sincero: quem de nós não gosta de um elogio?

5. Compreenda seu filho. O mundo hoje é complicado, rude e competitivo. Muda todo dia. Procure entender isto.Quem sabe ele está precisando de você, esperando apenas um toque seu.

6. Alegre-se com o seu filho. Tanto quanto nós, os jovens são atraídos por um sorriso; a alegria e o bom humor atraem os meninos como mel.

7. Aproxime-se de seu filho. Viva com o seu filho. Viva no meio dele.Conheça seus amigos. Procure saber onde ele vai, com quem está. Convide-o a trazer seus amigos para a sua casa. Participe amigavelmente de sua vida.

8. Seja coerente com o seu filho. Não temos o direito de exigir de nosso filho atitudes que não temos. Quem não é sério não pode exigir seriedade. Quem não respeita, não pode exigir respeito.O nosso filho vê tudo isso muito bem, talvez porque nos conheça mais do que nós a ele.

9. Prevenir é melhor do que castigar o seu filho. Quem é feliz não sente a necessidade de fazer o que não é direito. O castigo magoa, a dor e o rancor ficam e separam você do seu filho. Pense, duas, três, sete vezes, antes de castigar. Nunca com raiva. Nunca.

10. Reze com seu filho. No princípio pode parecer “estranho”. Mas a religião precisa ser alimentada. Quem ama e respeita a Deus vai amar e respeitar o seu próximo. “Quando se trata de educação não se pode deixar de lado a religião”.