1. Creio. … na Santa Igreja Católica… Esse ‘na’ significa: creio no que ela diz, ensina; mas também, creio em Deus ‘dentro’ dela. Não me focarei em me defender, nem em me explicar sobre os questionamentos protestantes. Meu foco será a minha fé: sou católica, e conseqüentemente sou eucarística e sou mariana. Papa Pio XII: “A fé da Igreja é esta: que um só e o mesmo é o Verbo de Deus e o Filho de Maria, que sofreu na cruz, que está presente na Eucaristia, e que reina no céu.”
2. Dom Bosco, o santo dos jovens, fundador da Família Salesiana, recebia com freqüência revelações de Deus através de sonhos. Eram verdadeiros sonhos proféticos. Certa noite sonhou com um mar tremendamente tempestuoso onde um barco era agitado pelas ondas e cercado de inimigos que o atacavam por todos os lados. Aproximando a visão, ele pôde ver que naquele barco, além dos tripulantes que lutavam para mantê-lo no meio da borrasca, havia bispos e cardeais e bem na proa do barco estava o papa de pé e de braços abertos. Em seguida, Dom Bosco percebe que, de repente, surge um vento soprando sobre as velas que a tripulação procura manter estendidas, e conduz aquele grande barco numa determinada direção. Dom Bosco não tem mais dúvida: aquele barco é o barco da Igreja. Daí ele entendeu também o porquê daquela tempestade e dos inimigos que o atacavam. Pouco tempo depois percebe que o barco, conduzido por aquele vento (que ele logo entende, é o vento do Espírito Santo), aporta no meio de duas grandes e fortes colunas. Em cima de uma está uma linda imagem de Nossa Senhora, a Auxiliadora dos cristãos, e sobre a outra um enorme ostensório com Jesus presente na Eucaristia. No momento em que o barco se posiciona entre Maria e a Eucaristia, a tempestade, num instante, se dissipa e os inimigos, que atacavam ferozmente o barco da Igreja, fogem espavoridos e se faz uma grande calmaria.
3. Nossa opção é por sermos cristãos eucarísticos e marianos. Deus nos quer eucarísticos e marianos, pois Ele quer nos dar a proteção e a paz conforme o sonho de Dom Bosco.
4. Nossa opção é levar Maria em consideração em nossa relação com Deus, uno e trino: nosso Pai-Amor; com Jesus, nosso Salvador e com o Espírito Santo, nosso santificador. Em Maria, a Santíssima Trindade teve a moradia mais bela e acolhedora entre todos os homens e mulheres. Gal 4, 4 -7 a: Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção. A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! Portanto já não és escravo, mas filho. Esse mesmo Espírito que Deus enviou a nossos corações e que chama dentro de nós Deus de Pai foi Ele de quem o anjo falou quando explicava a concepção do Filho do Altíssimo no ventre de Maria: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. (Luc 1, 32.35)
5. Por isso eu digo como o anjo a José: Não temas receber Maria, o que nela foi gerado provém do Espírito santo, da mesma forma que o Espírito Santo desce sobre as espécies eucarísticas e as transforma em corpo e sangue de Jesus.
6. Nossa opção como cristãos é nos subordinar à Palavra de Deus a respeito de Maria e da Eucaristia.
1º, Ele mesmo gostava de Maria de um jeito especial. O anjo disse: O Senhor é contigo, encontraste graça diante de Deus. (Luc 1, 28.30) Ora, se um dia um anjo declarou… Se a palavra ensinou que “desde agora te proclamarão bem-aventurada todas as gerações”: eu farei parte dessa geração que a proclama bem-aventurada. (Lc 1, 48).Se a Palavra diz que Jesus, suspenso na cruz, no exato momento histórico em que se realizava a nossa salvação, disse: Eis aí sua mãe!, eu, como o discípulo vou levá-la comigo para minha casa. Por fim, pregado na cruz, com lábios de sangue, Jesus entregou-nos a última dádiva de Salvação, a Sua própria Mãe. Cada um de nós ouviu no Calvário esta palavra memorável, doce, inesquecível: "Eis aí a tua Mãe"(Jo 19,27). Nenhum filho é feliz sem a sua mãe. Ele nos deu a sua própria Mãe! Que amor por nós!
8. Como cristãos, optamos por entrar na escola de Maria e aceitarmos sua companhia. Afinal, se eu sou um membro de Jesus Cristo como diz a palavra, então Maria é minha mãe também. E se Cristo é a cabeça e nós os membros não seria possível a Maria ser mãe apenas da cabeça e não ser também dos membros.
9. 2º, Se a palavra diz em Jo 6 que Jesus tem poder sobre a matéria, tem poder sobre seu próprio corpo e se ele diz que seu corpo é verdadeiramente comida e seus sangue verdadeiramente bebida, então eu pergunto, como Pedro: “A quem iremos nós? Só Tu tens palavras de Vida eterna!” Ele, não satisfeito em dar a nós graças exteriores a si mesmo, deu-nos a si próprio na Eucaristia nesse mesmo momento de cruz. Nós ouvimos essas palavras: "Isto é o meu corpo"(Mc 14,22). "Este é o meu sangue"(Mc 14,24). Esta é a maior prova do amor de Jesus por nós; Ele próprio dado a nós. “Sendo Deus onipotente, não pôde dar mais; sendo sapientíssimo, não soube dar mais; e sendo riquíssimo, não teve mais o que dar.”
10. Eu sou mãe. Eu sei que até pelas leis biológicas os meus filhos são carne da minha carne, e sangue do meu sangue. Meu sangue os nutriu dentro de mim, o ar que eu respirei, meu corpo foi o sustento da vida deles enquanto eles iam sendo formados dentro de mim pelo poder criador de Deus. Em Maria se deu algo semelhante, Jesus compartilhou do corpo e sangue de Maria e apesar de não ter sido criado como nós fomos, mas gerado pelo Pai naquele seio, aquele corpo daquela mulher foi o sustento daquela Vida. E Maria, na anunciação, concebeu o Filho divino também na realidade física do corpo e do sangue, em certa medida antecipando n'Ela o que se realiza sacramentalmente em cada crente quando recebe, no sinal do pão e do vinho, o corpo e o sangue do Senhor. Existe, pois, uma profunda analogia entre o fiat pronunciado por Maria, em resposta às palavras do Anjo, e o amen que cada fiel pronuncia quando recebe o corpo do Senhor. Impossível imaginar os sentimentos de Maria, ao ouvir dos lábios de Pedro, João, Tiago e restantes apóstolos as palavras da Última Ceia: « Isto é o meu corpo que vai ser entregue por vós » (Lc 22, 19). Aquele corpo, entregue em sacrifício e presente agora nas espécies sacramentais, era o mesmo corpo concebido no seu ventre! Receber a Eucaristia devia significar para Maria quase acolher de novo no seu ventre aquele coração que batera em uníssono com o d'Ela e reviver o que tinha pessoalmente experimentado junto da Cruz.
11. Como cristãos, fazemos a opção de sermos nutridos por esse corpo e esse sangue, nascido de Maria. Assim como Maria disse no Magnificat que ela seria proclamada bem-aventurada pelo fato de Deus ter olhado para a humildade dela, assim na pobreza das espécies eucarísticas do pão e do vinho o próprio Jesus, Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fil 2, 6-8). E não satisfeito foi além: assumiu a condição de alimento e bebida, sendo exteriormente reconhecido em nossa barca sob a aparência de pão e de Vinho. Ele é o verdadeiro pão nosso de cada dia nos dai hoje que rezamos no Pai Nosso.
12. Como cristãos, optamos por sermos imitadores de Cristo considerando também o modelo que foi Maria. Quando comungamos e adoramos Jesus Eucarístico “Não somos nós que transformamos Jesus Cristo em nós, como fazemos com os outros alimentos que tomamos, mas é Jesus Cristo que nos transforma nele.” E assim como Maria, desejamos ser como sacrários vivos Dele quando o comungamos. Quando contemplamos a hóstia consagrada em adoração, desejamos ter o mesmo olhar apaixonado, extasiado de Maria, quando contemplava o rosto de Cristo recém-nascido. Desejamos nos tornar aquilo que nossos olhos contemplam.
13. Como cristãos, optamos por CRER, acima de tudo, no valor de Maria e na verdade da Eucaristia. Não nos perdemos tentando entender racionalmente o mistérios dessas duas colunas, mas contentamo-nos com a resposta do anjo: Como se dará? Como é que Maria pode ser minha mãe e mãe da Igreja? Como é que Jesus pode dar seu corpo e sangue como alimento e bebida? Resposta: O Espírito Santo vem e realiza todas as coisas. Se a razão experimenta os seus limites diante deste mistério, o coração iluminado pela graça do Espírito Santo intui bem como comportar-se, entranhando-se na adoração e num amor sem limites. De certo modo, Maria praticou a sua fé eucarística ainda antes de ser instituída a Eucaristia, quando ofereceu o seu ventre virginal para a encarnação do Verbo de Deus. A Eucaristia, ao mesmo tempo que evoca a paixão e a ressurreição, coloca-se no prolongamento da encarnação. Ou seja, Maria estava aberta e unida a Jesus no momento da encarnação, no momento da Paixão, no momento da Ressurreição, na vinda do Espírito Santo em Pentecostes e até os dias de hoje, pois Maria e Eucaristia são inseparáveis, já que a Eucaristia é seu Filho, seu nenê Jesus. Na Eucaristia Maria perpetua e estende a sua maternidade.
14. Para finalizar, como cristãos, optamos por contar com Maria como amiga, auxiliar, modelo, alguém que admiramos e com a qual contamos. A Bíblia nos dá um exemplo de como age Maria. Em Caná da Galiléia, Jesus, Maria e os discípulos participavam de um casamento. Faltou vinho, sinal da alegria. Maria recorre a Jesus e comunica: Eles não tem mais vinho. Maria comunica sua percepção a Jesus e orienta os serventes, confiante na missão de seu Filho. Maria sabia que Jesus é a possibilidade da comunhão perfeita entre Deus e os seus, uma comunhão sem limites> a ponto de ser nosso corpo com o Corpo dele, nosso sangue e o sangue dele, comunhão material e espiritual. {Música: o corpo que era dele, eu comerei agora, o sangue que era dele meu será… a vida que era dele, eu viverei agora, o sonho que era dele, meu será… E dela também.} Jesus realiza então o sinal. A água se torna vinho, e o melhor vinho. Sinal prefigurativo de outro, o do sacramento do vinho em sangue tornado, sangue da nova e eterna aliança…
15. Maria se uniu-se aos noivos em seu casamento e necessidade. Ela assumiu aquela situação como se fosse própria dela mesma. Levou consigo aquela necessidade, vista, percebida e assumida por ela, até Jesus.
16. Maria se uniu aos serventes, operários-ajudantes das ações de Jesus. Levou a eles um pedido: sejam disponíveis a tudo o que Ele vos pedir, vos disser.
17. Maria se uniu a Jesus em sua missão. Mas o sinal foi JESUS que realizou, e a fé que vem do sinal deve ser dirigida a Jesus. Não há com que se comparar, perfeito é quem te criou, mas se o Criador te coroou… Da mesma forma aqui, nós rezamos por vc, mas quem realiza?
18. E qual seria a porção de Maria? Maria se alegra com o vinho novo da união de Deus com cada discípulo em Jesus Cristo. Ela agora prossegue como Mãe da Igreja em sua missão de levar mais e mais filhos e filhas à união com Jesus e a comunhão entre si até que Cristo se torne tudo em todos.
19. Meus irmãos, estamos nessa barca do sonho de Dom Bosco, agora mesmo, enquanto estamos aqui ouvindo e meditando nessa palavras. E mesmo que o mundo não nos aceite, não nos compreenda e nos ataque, numa posição de inimizade mesmo, dentro dessa barca estaremos seguros, sendo levados pelo vento do Espírito Santo. E tenhamos a certeza de que a partir do momento em que nós, dentro dessa barca, nos posicionarmos entre Maria e a Eucaristia, virá sobre nosso coração, nossa alma, nossas famílias, essa calmaria.
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