25 de maio de 2016

No mês de Maria, um testemunho por dia: nº 25


Quando me casei com meu esposo Juliano, com muito esforço e sacrifício, compramos um Chevette 79 para darmos conta de todos os nossos compromissos. Este carro foi responsável pelas maiores raivas que passei nesses primeiros tempos de casamento! Ele sempre nos deixava na mão! Sempre era um problema aqui, outro acolá, nos momentos mais inconvenientes e acho que gastamos mais dinheiro com consertos nele do que se tivéssemos comprado um carro mais novo. Mas fomos ficando com ele e dividíamos esse carro da melhor maneira que podíamos, um sempre esperando o outro, organizando os horários, traçando os itinerários, etc...
Nesta realidade, Juliano estudava e trabalhava no Plano Piloto, e eu trabalhava em Sobradinho e fazia estágio e ainda estudava no Plano em dias alternados. Os dias que ficava em Sobradinho, tinha carona no início da manhã e no final do dia apenas. Nos dias em que ia para o Plano Piloto, eu deixava Juliano no trabalho e ficava com o carro para ir ao estágio e às minhas aulas. Às 16hs estava liberada, então precisava esperar meu esposo até pelo menos 18hs, no final de seu expediente. Ele trabalhava num local meio afastado, o almoxarifado do Ministério Público Militar. A solução que eu encontrava era escolher alguma sombra de árvore por ali por perto e aguardar essas 2 horas (que muitas vezes se tornava 3 ou 4hs, dependendo das demandas do trabalho dele...
Lembro-me que aproveitava esse período para fazer todas as minhas tarefas, leituras, pesquisas e estudos da faculdade. Já comprava um lanchinho na saída da UnB, e me colocava a estudar e adiantar o que poderia ser adiantado por ali mesmo. Ligava o rádio na Nova Aliança, a emissora da Arquidiocese de Brasília, única Rádio Católica da época, e ia ouvindo os programas, as músicas enquanto fazia minhas atividades. Quando terminava as coisas da faculdade, colocava em dia os planejamentos dos trabalhos. Quando terminava, já fazia meu estudo da Palavra. Depois de tudo isso, muitas vezes olhava no relógio e ainda faltava muito tempo para pegar Juliano! 
Então era o momento de ficar quietinha, aproveitando da presença de Maria naquele "carro-casa"! Sim, a Mãe era a minha companhia nessas tardes de espera pelo Juliano. Ela me inspirava uma ligeira faxina no carro, nas inúmera sacolas e mochilas que mantínhamos nele (pois realmente muitas vezes vivíamos mais tempo nele do que em nossa casa!), organizava os livros que ficavam nele, os materiais da Igreja que carregávamos para cima e para baixo no pequeno porta-malas... Então, juntas, contemplávamos os mistérios do Terço... e muitas vezes do Rosário inteiro! E depois cantava para ela o Ofício inteirinho enquanto não dava a hora. 
Quando às vezes terminava e tinha dado a hora combinada com meu esposo, me dirigia ao estacionamento de seu serviço (que era fechado, mas o porteiro já me conhecia e me deixava entrar) e ficava esperando sua chegada para podermos ir embora para casa. Algumas vezes ele vinha me avisar que ia precisar demorar mais um pouco, então eu começava o "consagraço". Explico do que se trata: espontaneamente começava uma grande oração de consagração a Nossa Senhora de tudo o que o Espírito me trouxesse à mente! Eu digo "tudo", tudo mesmo que me viesse à mente. Começava por mim mesma e todas as "minhas coisas" (responsabilidades, missões, preocupações, estudos, trabalhos, saúde, coração, espiritualidade, etc), passava pro Ju e "suas coisas", meu pais, irmão, familiares, amigos, conhecidos, as pessoas e situações que haviam me pedido orações, Sobradinho, o Distrito Federal, Brasil, a Igreja, a humanidade, os jovens, as famílias, o clero, etc, etc, etc... Ia rezando, intercedendo, entregando tudo a Jesus, pelas mãos de Maria... Isso podia durar horas em oferta e súplicas! 
Quantas vezes até chegava a orar em línguas em meio ao "consagraço": era um verdadeiro combate de oração pelo qual eu  posso testemunhar que alcancei inúmeras graças, bênçãos especiais, restaurações, milagres... Eram momentos fortes de oração esses dias de espera! Nossa Senhora, a que sempre está envolvida com as sombras do Espírito (Lc 1, 35), era realmente um "canal especial de graça" para mim. Quem me conhece sabe que não há nada mais difícil para mim do que esperar! Mas naquela época eu não podia me dar ao luxo de ficar rodando com o carro (para não gastar gasolina!) fazendo outras coisas. Acredito, porém, que era a divina Providência me encaminhando para o "treino da espera", uma constante de Deus para mim, pela vivência desses momentos fortes de oração dentro daquele Chevette 79! 
Aquele carro foi para mim, naquela época, mais que um posto avançado de casa, mais que um escritório-biblioteca, ele  foi muitas tardes, verdadeira Capela! E todas as raivas que passamos com ele, hoje já fomos curados interiormente e o perdoamos, de todo coração! Lamentamos muito o dia em que ele foi roubado da frente da casa da minha mãe, uma lástima... E o "consagraço" se tornou um hábito que cultivo até os dias de hoje, em outras circunstâncias e momentos (adorações, nas caminhadas e corridas, etc), cuja eficácia ainda experimento e testemunho todo cuidado de Jesus e proteção de Maria Santíssima. Agradeço a Deus essa "escola de oração" pouco convencional que o Espírito providenciou em minha história, sempre na companhia de minha Mãe amada, a Virgem Santíssima! 

24 de maio de 2016

No mês de Maria, um testemunho por dia: nº 24


Comecei a estudar numa escola de freiras quando fiz 11 anos: o Instituto São José. Esta escola é de responsabilidade da Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade. Então desde cedo fui sendo catequizada e formada sobre essa devoção mariana especial que, de fato, sempre me tocou o coração. A realidade dos sofrimentos de Maria sempre me sensibilizaram, realmente me compadecia daquela pobre mulher que sentia todas as dores do Filho, embora, na minha imaturidade, não conseguia penetrar a profundidade deste mistério. 
Até que num dia assisti a um noticiário que informava sobre uma rebelião num presídio. Até aí, infelizmente, nada de novo, pois é um episódio que acontece com alguma regularidade em nosso país. Mas algo tocou profundamente meu coração, minhas entranhas, minha alma. Em determinado momento da reportagem o cinegrafista mostrou uma pobre mãe que, do lado de fora do muro do presídio, se desesperava ao assistir seu filho no telhado do prédio sendo alvejado e caindo. Ela gritava pelo nome dele e, em sua impotência, se descabelava e implorava em nome de Deus por socorro. 
Já se passaram mais de 20 anos que vi essa reportagem e ainda me vem lágrimas aos olhos quando me lembro disso. Imediatamente fiz a relação com Maria aos pés da Cruz, assistindo o martírio do amado Filho, ressalvando as óbvias diferenças: o sentimento de dor era similar. O peito materno se rasga de dor assistindo os sofrimentos dos filhos, não importa quem é a Mãe, não importa quem é o filho. Nunca mais vi Nossa Senhora da Piedade com os mesmos olhos. Sempre acompanho as Vias Sacras encenadas pela minha comunidade e seguro bem a onda. Só não dá pra segurar na hora de Maria aos pés da Cruz. Não dá pra segurar...
Assim, aquela imagem de Nossa Senhora recebendo o corpo do Filho morto tem um forte impacto sobre mim desde muito nova, e mais ainda depois que me tornei mãe! Infelizmente não pude colher os corpinhos dos dois bebês que perdi ainda em gestação, mas me identifico com as dores de Maria assim mesmo. Partilhei a dor de amigas amadas que viveram na carne a experiência da Pietá e chorei com toda a minha essência de mãe junto com elas, unida a Maria. Só quem experimentou a espada de dor transpassando a alma como foi predito pelo velho Simeão (Lc 2, 35) entende esse sentimento. 
A primeira viagem que fiz sozinha na minha vida foi uma viagem de trabalho. Na ocasião estava justamente trabalhando na escola em que estudei, junto com as irmãs de Nossa Senhora da Piedade. E o que era para ser uma viagem de formação profissional se tornou para mim numa verdadeira peregrinação espiritual. Viajamos para Lavras-MG, para um Congresso de Educação, mas para mim, foi um encontro com a Mãe da Piedade. Minas Gerais tem justamente como Padroeira Nossa Senhora da Piedade (eu amo Minas!!!!). Fomos muitíssimo bem acolhidas num convento que tinha uma capela maravilhosa, toda azul como o manto de Maria e, próximo ao sacrário, lá estava ela, a Mãe Piedosa. 
Depois dessa experiência iniciei uma jornada vocacional para discernimento: sentia-me profundamente envolvida pela vontade de servir a Deus e os irmãos neste carisma da piedade e da educação que essas irmãs traçavam. Trocamos cartas, marcamos encontros, mas o Espírito Santo foi me conduzindo para minha verdadeira missão: o matrimônio e a maternidade. De qualquer forma, fui selada com a devoção a Nossa Senhora da Piedade de maneira perpétua. 
Lembro-me de que em missão pelo ministério de dança Bailando no Espírito, numa ocasião, a graça divina nos inspirou uma coreografia profundamente complexa sobre a Santíssima Trindade, onde três bailarinas faziam as vezes das três pessoas da Santíssima Trindade. Todas as três vestiam a mesma roupa branca e ficavam unidas pelos braços por lenços brancos, numa tentativa de simbolizar a união das três pessoas na verdade da unicidade divina. Porém cada uma tinha um adereço de cor específica: a quem representava o Pai (no caso era eu) vestia vermelho; a que representava o Filho (a Karla Martins) vestia azul e a que representava o Espírito Santo (Fabiana Ferreira Lima) vestia dourado, e Maria era representada pela Daniele Amaro (na primeira versão dessa apresentação, pois a apresentamos diversas vezes depois, com outras participantes como a Ana Paula Lamounier, a Thaise Ribeiro, Luciana Farias do Nascimento, Tauana Rolim e nem me lembro mais quantas irmãs!...). 


Com absoluta certeza foi a coreografia mais sofisticadas que preparamos e a mais solicitada de toda a história do ministério! Apresentamos essa dança em quase todas as cidades do DF, inúmeros eventos da RCC e da Arquidiocese de Brasília, múltiplas vezes em Sobradinho-DF (a das fotos acima foi no Anuncia-me, no Ginásio Agostinho Lima), mas também apresentamos na paróquia Bom Jesus, na Capela São Vicente, em quase todas as Igrejas de Sobradinho, Teatro de Sobradinho e sei lá quantos outros lugares, por alguns anos. 
Lembro-me que muitas e muitas vezes as pessoas nos procuravam com lágrimas nos olhos e a menção principal era a da cena final, na qual Maria adentrava e finalizávamos montando a cena da Pietá, com Maria segurando a "Pessoa do Filho" nos braços, a "Pessoa do Pai" abençoando por um lado e a "Pessoa do Espírito Santo" acima de todos com os braços abertos, abarcando toda a cena. Vários padres e diáconos, quando dançávamos durante as Missas, na homilia faziam verdadeiras análises teológicas ilustrando com os movimentos da coreografia as verdades da Fé católica, especialmente sobre Maria e sua imersão no seio da Trindade Santa. Realmente obra do Espírito Santo!
Quando tive a oportunidade de, no Vaticano, na Basílica de São Pedro, poder estar alguns minutos em contemplação a obra original da Pietá do grande Michelangelo, não contive mesmo as lágrimas. Em todas as capelas e partes da Basílica a bagunça era grande dos turistas, muitos católicos, muitos não, com conversas, risadas, fotos e flashes... exceto diante da Pietá. Ali havia um silêncio reverencial, uma empatia da parte de todos pelo que aquela imagem representava, a dor da Mãe era um pouco mais respeitada. 
Peço então a Mãe da Piedade que nos ensine a estar de pé diante das nossas Cruzes e das cruzes das pessoas que amamos! Que nos dê a dignidade e a fé nos momentos de nossa vida de maior sofrimento, pacificados pela esperança e confiança em seu Filho Jesus, que venceu a morte e nos promete a vitória! Amém! 

23 de maio de 2016

No mês de Maria, um testemunho por dia: nº 23


Estava eu numa manhã dessas bem tranquila na escola das crianças, aguardando uma "hora cívica", uma coroação de Nossa Senhora e singela homenagem feita por alguma turmas, dentre elas a turminha de um dos meus filhos. Eu não perco nenhuma! Acho lindo demais eles vestidos de anjinhos, cantando "Mãezinha do Céu", jogando pétalas em Nossa Senhora e coroando com amor, fé e devoção... 
Eu só não esperava que minha amiga e professora de religião das crianças, Kátia Nóbrega, fosse me chamar de surpresa para "dar uma palavrinha rápida sobre Maria" para as crianças e os pais e professores ali presentes. Meu Deus! Sei que temos que estar sempre prontos para anunciar nossa fé e dar as razões de nossa esperança, mas eu fiquei assustada por ter sido pega desprevenida! Aceitei, fechei rapidamente meus olhos e pedi socorro ao Espírito Santo e à Mãe: "Valha-me Nossa Senhora do Perpétuo Socorro! Agora me ajuda nessa, Mãezinha!"

A inspiração foi a de pegar a Bíblia que providencialmente eu sempre trago em minha bolsa e abrir em Efésios 6, 1-3 e ler: "Filhos, obedecei a vossos pais segundo o Senhor; porque isto é justo. O primeiro mandamento acompanhado de uma promessa é: Honra teu pai e tua mãe, para que sejas feliz e tenhas longa vida sobre a terra." E falei rapidamente e com simplicidade, para as crianças e para os adultos ali presentes algo mais ou menos assim:
"Quem aí quer viver bem muito? Quem aí quer ser feliz? A receita está na Bíblia! Devemos honrar o papai e a mamãe. Mas o que é honrar? É amar, respeitar, obedecer, ser carinhosos, ajudar... E da mesma forma que fazemos com o papai e a mamãe da terra temos que fazer com o Papai e a Mamãe do Céu! Como? Amando, rezando, obedecendo as coisas boas e bonitas que eles ensinam... e até demonstrando toda nossa fé e amor coroando a Mãezinha do Céu!" Só isso. E rezamos uma Ave Maria. Minha querida amiga Katinha agradeceu e pediu para que eu voltasse à tarde, para falar o mesmo na "hora cívica" do turno vespertino. Felizmente esse dia foi possível e lá fui eu de novo à tarde repetir a dose.
Em todos os anos que eu tenho como ministra de pregação da RCC, nunca recebi tantos retornos das pessoas que me ouviram falar naqueles 5 minutinhos: foram alunos, pais, professores, as irmãs do colégio... Meses depois do episódio ainda tinha gente comentando comigo como aquelas simples palavras tinham tocado seus corações! Eu quase não acreditava! Tantas vezes passamos horas em oração e discernimento, mais algumas horas trabalhando no roteiro, treinamos no espelho, rezamos, clamamos e não conseguimos transmitir a mensagem do Senhor de modo a tocar tantas pessoas assim!... 
É a simplicidade da verdade bíblica e da verdadeira devoção a Maria que provoca essas experiências memoráveis! Honremos então nossos pais e mães, e também o Pai e a Mãe do Céu, para vivermos por longos anos e sermos felizes! Amemos, respeitemos, perdoemos, ajudemos nossos genitores! Honremos, oremos, coroemos também nosso Aba Pai e Nossa Mãe Celeste! Pois para quem o faz há uma linda promessa e é fiel Aquele que orienta nosso agir! 

22 de maio de 2016

No mês de Maria, um testemunho por dia: nº 22


Sempre que a Divina Providência me dá a grande graça da possibilidade de estar em adoração ao Santíssimo Sacramento, entendo que a primeira, que já está na porta da Capela, me aguardando para viver esse momento comigo é Nossa Senhora. Ela que foi o 1º sacrário está sempre a encaminhar seus filhos para estarem aos pés de Jesus. 
Existe uma música antiga do Ministério AMIGOS DO PAI que dizia: "Um tempo para encontrar Jesus é o que Maria vem nos pedir pois ela nos ama e sabe que assim permaneceremos em Jesus e Ele em nós". Essa música é bem dos tempos dos inícios da minha caminhada de conversão e foi guiando minha espiritualidade até os dias de hoje...
Sinto que cada adoração que eu participo, seja marcada por compromissos da Igreja, seja "espontânea", me parece que foi Nossa Senhora da Divina Providência que arquitetou para eu pudesse estar ali, vivendo aquele momento sempre intenso de proximidade com Jesus, seu Filho, nosso Senhor. Quantas e quantas vezes, na época do Grupo jovem, tentávamos sair juntos para alguma "balada" e acabávamos nas capelas da cidade em alguma vigília que nem sabíamos que estava organizada!... A Eucaristia nos atraía como ímã para seus pés e a mão que nos guiava era as doces mãos da Mãe, sem sombra de dúvidas...
Por várias vezes, ainda nos dias de hoje, saindo para a "rua" para resolver mil coisas normalmente num curtíssimo espaço de tempo, especialmente quando as crianças estão na escola, as Capelas pelo Caminho me "chamam" para um momento, ainda que breve, de adoração. Na porta está sempre a Mãe para me receber espiritualmente, sorrindo como quem diz: "você veio!". 
Sempre que adentro alguma Capela, sinto-me adentrando como que o útero espiritual de Maria, ou seu Imaculado Coração, onde bem no centro permanece Jesus guardadinho, recolhido humildemente, sob as espécies eucarísticas. É sempre, sempre um encontro de amor! Todos os momentos mais felizes e os mais tristes de minha vida, posso testemunhar, passei por diante do Sacrário, na companhia de Maria. Momentos de luto, momentos de grandes decisões, momentos de súplicas e intercessões ardentes, depois de cada parto ( o 1º lugar que cada um dos meus filhos visitaram ao sair da Maternidade foi sempre o Sacrário!), dias de aniversários, dias de sorrisos, dias de lágrimas... Sempre! Sempre com Maria, diante de Jesus Eucarístico! 
Nada disso é mérito meu! Tudo isso é graça do Espírito, iniciativa de Jesus, condução de Nossa Senhora! Minha única atitude é dizer "sim", e como gostaria de poder dizer mais "sins" para a adoração Eucarística no meu cotidiano! Sim, é verdade que na Adoração ao Santíssimo Sacramento, Jesus Eucarístico é o centro absoluto, o foco principal, o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o objetivo e a meta, mas tudo isso com Maria atrás de mim, com suas mãos amorosas sobre meus ombros enquanto estou ajoelhada voltada para o sacrário ou ostensório. 
Que possamos ter a graça de sermos eucarísticos porque marianos, e marianos porque eucarísticos. São duas realidades que se complementam e nos fazem coerentes em nossa catolicidade! O Sagrado Coração Eucarístico de Jesus, transpassado pela lança na Cruz da nossa salvação e do qual jorra o sangue da nossa redenção e as águas purificadoras da unção do Espírito Santo bate no mesmo compasso do Imaculado Coração de Maria, transpassado igualmente pela espada de dor profetizada pelo velho Simeão na apresentação do menino Jesus no Templo. Não é possível separar esses dois Corações! Adoremos o Divino com a extrema cumplicidade do Materno! 

21 de maio de 2016

No mês de Maria, um testemunho por dia: nº 21


A devoção à Nossa Senhora me proporcionou a adorável experiência do "Terço nas casas", uma das maneiras mais simples e eficazes de evangelização que conheço. A simples oração do Terço toca as famílias visitadas, abre-lhes o coração tantas vezes adormecido para a espiritualidade, prepara o terreno para o anúncio do Evangelho, proporciona a fraternidade!...
Dentro da vivência de ser Igreja, desde sempre, pude participar desse modo ímpar de ser católica, tanto recebendo a Capelinha da Mãe Peregrina na nossa infância, as novenas, as "pastorais" do grupo jovem nas casas dos membros, nos asilos, capelas, visitas aos enfermos, consagração dos lares com a RCC, enfim... São muitas as memórias de momentos de muita singeleza, mas também muita unção, sob a proteção de Maria, com o auxílio da oração do Terço. 
Quantas restaurações de casamentos pude testemunhar por uma simples oração do Terço nas casas! Famílias sendo reconstruídas, curas de doenças, bênçãos alcançadas, superação de dolorosos processos de luto, filhos voltando para a Igreja, conversões de pessoas de uma vida de crime... Um Terço rezado com fé, amor e entrega, unido a um anúncio destemido da Palavra de Deus: receita simples para experienciar milagres! 
Uma das atividades que gostaria de destacar desta prática maravilhosa é o que denominamos o "Cenáculo dos Amigos". Num momento muito oportuno inspirado por Deus, resolvemos reunir um grupo de bons e velhos amigos que se conheceram na Igreja, no trabalho com o Grupo Jovem, ao redor da Palavra e de Nossa Senhora para revivermos essa amizade nascida pela fé. Visitamos as casas uns dos outros, envolvemos as famílias, combinamos lanchinhos especiais e o resultado foi um resgate de uma convivência fraterna mais próxima, de uma comunhão que sentíamos tanto a falta desde que todos nós nos tornamos "adultos" e a correria da vida foi nos afastando em termos de convívio, mas nunca em termos de afetividade. Momentos de renovação espiritual e partilhas riquíssimas nos aproximaram ainda mais e não tenho dúvidas que mais uma vez, isso foi obra de Maria em minha vida, em nossas vidas! 
Maria, como Mãe bondosa, se compraz em ver seus filhos unidos, ajudando-se mutuamente, "embaixo de suas asas", e escuta atenta da Palavra Divina, em amoroso exercício de devoção. Tenho certeza que cada encontro que tivemos (e os que ainda teremos!) serão pura Providência para nossas almas, nossas amizades, benefícios para nossas famílias e para as intenções que depositamos aos pés da Virgem em oração, e que muitos frutos colheremos dessa ação! Louvado seja Nossa Senhor Jesus Cristo: para sempre seja louvado e sua Mãe Maria Santíssima!  

20 de maio de 2016

No mês de Maria, um testemunho por dia: nº 20


A melhor coisa da vida é acharmos nosso lugar no mundo, seja na família, seja em termos de vocação, na vida profissional, na vida comunitária da Igreja... Quando você se sente deslocado, insatisfeito ou inútil onde você está, isto afeta todas as outras áreas de sua vida! Você se desmotiva, se irrita, se magoa facilmente, algumas pessoas mais sensíveis podem se estressar e até somatizar no corpo sua infelicidade em forma de doenças. Que lástima quando você sente que tanto faz se você está ou não presente num ambiente, que não faz muita diferença seus esforços e a inevitável pergunta vai surgindo em nossas cabeças: o que estou fazendo aqui? Era aqui que eu deveria estar? Estou perdendo meu tempo e o dessas pessoas insistindo em ficar aqui? O que queres de mim, Senhor? 
Eu me sentia assim em determinado momento da minha caminhada na obra de Deus, como serva da Renovação Carismática. Me questionava e tentava discernir a vontade de Deus em minha vida, para meu humilde serviço, eu que sempre podia oferecer pouco devido às dificuldades em ser fiel a uma missão tão exigente... A desmotivação chegou, o sentimento de inutilidade, as dúvidas estavam me afetando de fato, me sentia deslocada e comecei a duvidar se o Senhor tinha mesmo esse chamado para mim, o de serva da RCC. Cheguei a cogitar outros caminhos, outros serviços, outras comunidades. Cheguei mesmo a fazer e participar de outros encontros, outras espiritualidades, outros movimentos, outras pastorais, mas a experiência pentecostal é algo muito forte no meu interior, não me identificava com nada. Refleti se não era uma aridez espiritual, mas minha alma estava mais aberta que nunca para a oração! Era justamente a minha busca por agradar a Deus que estava provocando tantos questionamentos! Me apegava com Maria e orava insistentemente por uma saída, uma condução, uma orientação do Céu...
Mas quando Deus chama, Ele sustenta e arranja tudo! Quando é plano divino, Maria já está intercedendo e providenciando tudo que é necessário para satisfazer seu amado Filho! Recebi, no momento mais oportuno da minha vida, um convite especialíssimo de uma querida amiga, Luciane Borges, para realizar uma pregação num grupo muito especial: o Grupo de Oração Maria, Porta do Céu, na Paróquia Imaculada Conceição! Era um "mini grupo", tanto pelo tamanho, a quantidade de participantes, mas também pela duração reduzida: de 8hs às 9:30hs da manhã. Fiquei encantada com o convite e me senti totalmente honrada e motivada para preparar a pregação! 
Fui ao Grupo pela primeira vez e me encantei com absolutamente tudo: desde a acolhida das irmãs, ao local, a simplicidade e beleza da ornamentação, a delicadeza das orações e, especialmente, a unção do Espírito derramada naquele local! Aquele fogo, naquela intensidade, com aquela naturalidade realmente tocaram meu coração profundamente: meu batismo no Espírito foi renovado, atualizado como há muito tempo não experimentava! Na outra quarta de manhã, lá estava eu no grupo de novo! Não tinha convite para nenhum serviço, mas o Espírito me atraía! Nossa Senhora, Porta do Céu, havia me deixado novamente apaixonada pelo jeito carismático de ser Igreja! Ali, quarta após quarta, ia novamente vestindo a camisa da RCC tanto externamente mas, principalmente interiormente, e aderindo novamente a este chamado antigo e agora renovado pela promoção da Cultura de Pentecostes! 
Digo sem medo de errar: mais uma vez Nossa Senhora interviu na minha história para a minha conversão, minha santificação! Mais uma vez a vontade do Filho se realizou, se aprumou em minha vida, por meio dela! Eu não abandonei o meu chamado de ser serva da RCC por causa deste amado e providencial grupo! Maria realmente abriu para meu espírito uma "porta do Céu" para meu resgate! Sempre digo às minhas irmãs: esse Grupo evangeliza pela acolhida, pelo cuidado, pelo carinho! A docilidade de cada serva toca e o Espírito age por este meio singelo! A fidelidade de cada serva é canal de graças e bênçãos para cada um que entra em contato com esta "casa especial de Maria" que é esse grupo de oração. Participar deste grupo é como estar de novo no Cenáculo, juntinho de Maria, experimentando o derramamento do Espírito Santo nos dias de hoje! Este grupo é como um acesso especial ao Sagrado Coração de Jesus por meio do Imaculado Coração de Maria, como muitas vezes o Espírito já me inspirou! 
Hoje, depois de alguns anos participando assiduamente deste grupo especial como equipe de serviço (fato que muito me alegra e honra) não consigo mais deixá-lo! Finalmente, achei meu lugarzinho especial no mundo! Esse grupo é meu combustível para ser RCC de todo coração! Por meio dele Nosso Senhor e Nossa Senhora organizaram no meu interior todas os outros serviços que a Renovação Carismática me exige em outras frentes dentro de sua estrutura no meu setor. Tenho outras responsabilidades no movimento que sigo tentando cumprir da melhor maneira que posso nas minhas limitações, com muita paciência, com toda humildade que o Espírito tem me feito experimentar, mas meu coração está no "Maria, Porta do Céu"! 
Minhas irmãs de serviço deste grupo (Luciane Borges, Telma Oliveira, Leutres Pereira, Dona Léia, Isa Mendes e todas as outras participantes fiéis) são hoje minhas principais confidentes, minhas intercessoras, as pessoas que mais confio para partilhar coisas importantes e particulares e as quais confio meus pedidos mais caros de oração, coisa que nunca consegui em outros ambientes, mesmo com anos de convivência, pois não tive nem o acesso nem a acolhida que eu precisava em minhas vulnerabilidades. E eu também, de minha parte, sou intercessora de cada uma delas, pois conheço as batalhas de suas vidas e sei como elas tem sido guerreiras nessa caminhada! Cada uma delas são inspirações para mim, são modelos de ser mulher, ser fiel, ser serva! Louvo imensamente a Deus pela providência de as ter para essa função em minha vida: obrigada, meninas! Obrigada, Senhor! Pois me presenteaste com esses anjos para compartilhar o peso da Cruz e a dureza da caminhada! Obrigada, Nossa Senhora, Maria, Porta do Céu, pois providenciou para mim um ninho mariano de amor, de unção, de vivência carismática, de vida fraterna, e tudo isso no momento em que eu mais precisava! 
Peço, Mãe, sua bênção especial para essas irmãs, essas servas da tua Santa Maternidade, para que sigam sempre fiéis mesmo em meio a tantas batalhas que enfrentam, pois a entrega de cada uma de fato salva almas! Abençoe, Mãezinha, a vida de cada uma, o ministério de cada uma, suas famílias, seus trabalhos, cada detalhe de suas vidas, para que elas possam continuar doando suas vidas na evangelização! Proteja e ampare o Grupo de Oração Maria, Porta do Céu, para que possa continuar a ser esse oásis de paz, onde reina o Evangelho, onde Maria nos coloca no colo e somos curados, transformados, amparados e salvos pela graça redentora de Jesus! É o que eu suplico a Ti, Pai amado, pelo poder do nome de Teu Filho Jesus, na unção do Espírito Santo, com a intercessão da Virgem Amada, nossa Porta do Céu! Amém! 

19 de maio de 2016

9 Conselhos do Papa Francisco para preparar o Casamento


No mês de Maria, um testemunho por dia: nº 19


A experiência de ser madrinha e padrinho é uma vocação de Deus. O Senhor nos deu a graça, a mim e a meu esposo Juliano, de sermos padrinhos de pessoas muito especiais, e acreditamos ter sido por chamado Dele, antes mesmo que por convite dos pais. Tenho aprendido que, neste sentido, nosso principal chamado é o da intercessão, fato que nos aproxima sempre mais da devoção a Nossa Senhora, a intercessora por excelência, a medianeira de toda as graças. 
Cada vez que somos convidados para sermos padrinhos, ainda que não como casal (individualmente), assumimos a intercessão em conjunto e assim como oramos por nossos filhos, oramos também por nossos afilhados. Incluímos nesta intercessão os afilhados de batismo, os de consagração a Nossa Senhora, os de Crisma e até mesmo os de casamento! Somos felizes pois a maioria dos nossos afilhados são muito bem aparados por suas família e por sua caminhada na Igreja e nosso papel tem sido mesmo só o de acompanhar pela intercessão e nos fazer presentes com nossa amizade e carinho em suas vidas. 
Mas vira e mexe, quando é preciso alguma intervenção mais prática, oramos e agimos com exortações, aconselhamentos e até mesmo com atitudes mais práticas, como encaminhar para algum encontro da Igreja, para a confissão, para alguma atitude mais prática em vistas da evolução, da conversão, da salvação. Mas o mais importante é que tudo isso é sempre mediado por Nossa Senhora: é a ela que clamamos a bênção e a graça para que possamos ajudar aqueles que consideramos nossos protegidos. 
É verdade que, nesta empreitada, temos limitações em nossas ações: temos a autoridade dos pais, a liberdade dos casais, a falta de adesão vez por outra do afilhado em questão... mas vamos colocando tudo nas mãos da Mãe, pois sabemos que assim como ela cuida de nós e nossa família, estará cuidando desses filhos também, dessas crianças, desses jovens, desses casais.
Igualmente, quando escolhemos os nossos padrinhos de Crisma (eu que fiz a Crisma tardia, especialmente), nossos padrinhos de casamento, os padrinhos de nossos filhos... Cada um desses foram escolhidos e amados por meio da orientação divina de Jesus pelo Espírito Santo, por meio da intercessão de Nossa Senhora. Os convidamos não apenas para sermos "servidos" por nossos padrinhos, mas para servi-los também: servi-los com nosso testemunho de amizade, de comunhão, de confiança... Para sermos para eles também intercessores! Oramos sempre por nossos padrinhos e pelos padrinhos de nossos filhos e os estamos consagrando constantemente aos amorosos cuidados de Maria Santíssima! 
De todos esses, um caso é especial: a madrinha de consagração à Nossa Senhora de nossos filhos, Tauana, minha cunhada. Desde a Clarinha, Nossa Senhora manifestou sua vontade particular de que o convite fosse feito a ela. Agora estamos na gestação de nosso 5º filho e, por várias vezes surgiram em nossos corações as vontades de contemplar outros amigos e amigas queridos e queridas, também super devotos da Mãe, para esta função do apadrinhamento e consagração à Nossa Senhora, não por exclusão à minha cunhada Tauana, mas por apreço às outras pessoas também. A Virgem Maria nunca permitiu! Ela sempre deixou muito clara sua decisão de que todos os filhos que a Divina Providência nos confiasse tivessem uma única "dinda de consagração": a Dinda Tauana. E assim temos procurado ser obedientes à essa condução de Nossa Senhora: todos os nossos pequenos são confiados a Mãezinha do Céu por essa Dinda especial. Já discernimos um amor e proteção absolutamente especiais de Maria Santíssima por minha cunhada Tau, em várias ocasiões pudemos constatar esse carinho e proteção sobrenaturais na vida dela, então nem discutimos mais com Nossa Senhora: o exame deu positivo? A Dinda de Consagração já sabemos quem será! Não sabemos o sexo da criança, o seu nome, quem serão os padrinhos...Mas a Dinda de Consagração já será ela! 
Assim, mais uma vez, louvamos a Deus pela oportunidade de sermos madrinha e padrinho de tantos abençoados e abençoadas! Obrigada, Jesus! Obrigada, Maria! Por cada um deles, obrigada! Por suas vidas, seus talentos, seus crescimentos! Clamamos, Jesus Amado, pela saúde, pela cura e pela libertação de cada um deles, pelo poder de seu santo Nome, pela intercessão poderosa Daquela que pisa a cabeça da serpente! Da mesma forma, agradecemos e clamamos por nossos padrinhos e pelos padrinhos de nossos filhos: dê a cada um, a cada uma, a força, a fé, a fidelidade a Ti, a proteção de tua Santa Mãe! Clamamos sobre cada um Tuas bênçãos, tuas graças, a providência, os livramentos... toda poder e luz que vem do alto, da eternidade, direto do Teu Sagrado Coração e do Imaculado Coração de Maria, pelo poder do Espírito de Amor que tudo renova, que tudo transforma! Amém! 

18 de maio de 2016

No mês de Maria, um testemunho por dia: nº 18


Agora gostaria de partilhar sobre uma experiência interessante e dolorosa na minha vivência de devoção mariana: receber um "não" de Nossa Senhora. Já recebi alguns e foram aprendizados inesquecíveis, que mudaram minha essência e marcaram profundamente minha história e minha relação com Deus e Nossa Senhora. Vou registrar aqui apenas dois episódios específicos, talvez os mais significativos para mim e, embora não sejam os únicos, penso que ilustram bem o tema. 
Minha primeira gestação, como já partilhei neste Blog, eu perdi entre o 3º e 4º mês. Fui fazer uma ecografia de rotina e foi constatado que o bebê tinha parado de se desenvolver, não havia mais batimentos cardíacos. Foi algo totalmente inesperado e devastador: uma tristeza inenarrável. Lembro-me de que saímos da clínica, meu esposo e eu, direto para a Capela do Santíssimo no Santuário Dom Bosco e de que chorei sem pudor e sem comedimento. Chamava por Jesus e por Maria e me sentia completamente abandonada por eles. Posteriormente foi-nos dado um diagnóstico de aborto espontâneo sem que nada explicasse o porquê deste acontecimento. Depois de alguns anos batizamos esse anjinho de "Antônio", nosso primeiro. 
Após isso, fiquei meio que paralisada, travada: não refleti muito, não rezei muito, apenas me permiti sofrer. A vida continuou e lembro-me de que, sozinha na minha casa, com o passar do tempo, fui percebendo espiritualmente a presença do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria ao meu lado, cuidando de mim, me consolando, acariciando, pacificando. Eles nunca tinham me abandonado, mas meus olhos estavam cegos pelo sofrimento para perceber Jesus e Maria perto de mim durante todo o ocorrido...
Passando o tempo, nova gestação (da Clarinha, já partilhada aqui neste blog), tudo correu maravilhosamente bem. Fiquei tensa e apreensiva durante toda gravidez, cercando cada etapa com oração, clamores e súplicas e fazendo um esforço consciente para ter fé e confiança em Jesus e em Maria. Tudo correu muitíssimo bem, gravidez, parto, amamentação à princípio com dificuldades, mas enfim progredindo tranquilamente. Só louvores e ação de graças à intercessão da Mãe Celeste e a providência do Senhor Jesus. É fácil o relacionamento quando nossas vontades são atendidas do jeitinho que sonhamos, que achamos que precisamos, não é mesmo?
Transcorreram alguns anos e me vi novamente grávida. Ficamos muito felizes mas fomos para as primeiras ecografias ainda tensos pelo trauma da primeira experiência. Tudo estava bem, para nossa alegria! E a gravidez foi avançando. Até que surgiu um pequeno sangramento que deixou a obstetra temerosa. Recomendou-me repouso absoluto, deitada 24hs, na esperança de que isso fosse algo passageiro. Consegui uma licença no trabalho, mudei-me para a casa da minha mãe para que ela me ajudasse com a Clarinha (que tinha só 2 aninhos) e cuidasse de mim. Juliano, meu esposo, fazia o que podia, mas estava trabalhando muito naquela ocasião, viajando e muito ocupado. 
Infelizmente os dias passavam e o sangramento ao invés de diminuir com o repouso só aumentava. Lembro-me que rezava sem parar, minha família rezava, a comunidade rezava, mas reinava o silêncio. E uma imagem recorrente me incomodava e feria, uma imagem que me vinha em visualização pela oração e também constantemente em sonhos: em um local totalmente escuro, apenas era possível distinguir Nossa Senhora Aparecida e eu. Nesse contexto eu falava e falava sobre variadas coisas com a Mãe Aparecida mas ela apenas se mantinha séria e calada. Falava sobre o clima, e nada. Falava sobre o trabalho do meu esposo, nadinha. Pedia, clamava por aquela gestação, por aquele bebê, apenas o silêncio. E essa cena se repetia, se repetia, se repetia... e me deixava confusa e penalizada. Ela apenas me olhava e nada dizia... Qual era o significado disso? Pressentia o pior.
Por fim, do 4º para o 5º mês de fato recebi a infeliz notícia: não havia mais batimentos cardíacos, era preciso apenas esperar que meu próprio organismo expulsasse o bebê ou fazer uma curetagem (como foi no caso do Antônio). "Catarina" (foi assim que a chamamos) saiu sozinha depois de um tempo e soubemos posteriormente que uma toxoplasmose tinha sido a responsável por aquele infortúnio. Realmente ficou um vazio, um gosto amargo, até uma certa mágoa com Nossa Senhora Aparecida, e uma depressão me fez refletir gravemente sobre minha vida, meu chamado e entrar em profundo momento de oração e escuta.
Entendi que aquela imagem recorrente indicava que eu tinha recebido um eloquente, embora taciturno, "NÃO" em respostas às minhas orações. Pedi, supliquei, implorei, e a resposta foi "NÃO". Na minha cabeça não se tratava de capricho e nem de merecimento, apenas de justiça com a bebêzinha e misericórdia para conosco, mas enfim, a resposta  ao meu foi clamor foi "NÃO". Como mudam os sentimentos e interfere nos relacionamentos o fato das coisas não acontecerem exatamente como queremos, não é mesmo? 
Foi preciso um tempo para que eu me reerguesse e me superasse desse episódio. Apesar de tudo, este foi o "NÃO" que me ensinou mais sobre a verdadeira devoção a Nossa Senhora do que todas as palestras, pregações, estudos, livros, cursos e orações que tinha feito na vida. Ser devoto é aceitar os "sins" e os "nãos" que a Virgem nos der com o mesmo amor, com a mesma veneração, a mesma confiança. É saber que a Mãe tem autoridade, sabedoria e liberdade para atender nossas súplicas e repassá-las a Jesus, Nosso Senhor, conforme os planos divinos, os quais ela tem acesso por estar sempre em plena e perfeita comunhão com a Trindade na posição de Filha Imaculada, de Mãe do Filho e nossa e de Esposa do Divino Espírito Santo. Ela sabe o melhor para nós: ela é Mãe. 
Os filhos muitas vezes não entendem os planejamentos dos pais, o que é necessário para eles naquele momento, eles apenas querem receber o que pedem em suas imaturidades e inocências. Vejo isso diariamente com meus próprios filhos: quantos "nãos" tenho que dar a eles constantemente! Eles se entristecem, se sentem injustiçados, não entendem, mas eu sei o porquê de cada "sim" e cada "não". Às vezes até explico quando é conveniente, às vezes entendo que é inútil tentar explicar pois no momento eles não terão a capacidade de entender... 
E em todos esses "nãos" que dou às minhas crianças, percebendo por vezes a revolta e decepção que provocam, apenas silencio e muitas vezes os abraço para que saibam que podem confiar em mim, pois sei o que estou fazendo em minha posição de mãe e responsável por eles. Assim também é Nossa Senhora e Nosso Senhor conosco, tal qual essa imagem de Nossa Senhora e o Papa João Paulo II, hoje já santo, que coloquei para ilustrar o início dessa postagem. 
Assim, meus irmãos e minhas irmãs, por mais sofrido, doloroso, e aparentemente injusto que possa parecer os "nãos" que Jesus e Maria nos der, saibamos ter olhos espirituais para os acontecimentos de nossas vidas e resultados de nossas orações. Sejamos verdadeiros devotos quando recebermos o que pedimos e quando não recebermos, quando a resposta for afirmativa, negativa e também quando for "espere". Honremos nossa Mãe e nosso Pai nos "sins" e nos "nãos" que deles recebemos, confiando que ela só faz o que Ele disser, e que Ele sabe até quantos cabelos tem a nossa cabeça: nós não sabemos, não entendemos, mas eles sabem e, se nossa vida está entregue a eles, podemos confiar. 



Depois desse evento, já tendo Clarinha 4 aninhos, fiquei grávida do José Luiz e tudo foi maravilhoso! E depois dele veio o João Francisco e foi mais tranquilo ainda! Em seguida veio o Tiago Inácio e, melhor, impossível! E porque Ele é Senhor da Vida e Vida em abundância, agora fomos premiados de novo com mais um, Paulo Bento que vem por aí! Pois Jesus e Maria não se alegram em nos negar bênçãos e graças, mas sabem a melhor momento e melhor maneira de os fazer! 




Agora temos dois anjos intercessores na glória, nosso Antônio e nossa Catarina, diante de Deus, rogando sempre por nós, por nossa família e creio que o dia em que eu os puder conhecer na eternidade juntamente com o Senhor Jesus e a Mãe Celeste, sera o ápice de felicidade da minha existência. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo: PARA SEMPRE SEJA LOUVADO, E SUA MÃE, MARIA SANTÍSSIMA! 

17 de maio de 2016

No mês de Maria, um testemunho por dia: nº 17



Nossa Senhora Aparecida teve sempre uma participação especialíssima em nossa história. Desde a época de nosso noivado, iniciamos uma peregrinação no dia 12 de Outubro (saindo de Sobradinho e indo até a Catedral Metropolitana de Brasília) por ocasião do Grande Jubileu com nossos amigos de grupo jovem. Essa experiência foi lançando uma sementinha especial de devoção à Mãe Aparecida em nós! Nessa peregrinação pedimos pelos jovens de Sobradinho (essa era a intenção inicial), mas eu pessoalmente já fui pedindo pelo nosso casamento, pela nossa futura família, pelo nosso futuro. 
Quando noivamos conseguimos comprar uma casinha num condomínio simples em Sobradinho II, próximo a uma Capelinha (hoje paróquia) Nossa Senhora Aparecida. Já fui percebendo os cuidados de nossa Mãezinha Aparecida conosco. Eu, que sempre tinha me apegado ao título de Nossa Senhora das Graças, via a manifestação da Mãe de Jesus sob a figura de Nossa Senhora Aparecida em minha história. É obvio que eu sei que é a mesma Mãe do Céu, Maria de Nazaré, mãe de Jesus dada a nós aos pés da Cruz, mas cada aparição da Mãe tem seus ensinamentos próprios. 
E assim foi em nosso casamento, na lua de mel, nos primeiros anos de casados, nas minhas gestações... Em cada gravidez a presença de Nossa Senhora Aparecida se evidenciava sobrenaturalmente em providência de doações, das coisas que conseguíamos comprar, nos pré-natais, nos exames... Nos momentos de alegria e nos de tristeza: Maria esteve presente em cada uma das minhas 6 gestações, as que terminaram com um feliz parto e as que eu perdi (essa história fica para uma próxima postagem). 
Na realização do nosso sonho de ter uma casa, como também já compartilhei em outro post desse blog, desde a compra, passando pela manutenção com muito sacrifício quando moramos fora, até todo o processo de construção: sempre clamamos em todo momento por nossa Mãe Aparecida e ela sempre compareceu em bênçãos e graças para nós. Já por três vezes fomos a Aparecida do Norte em São Paulo para agradecer a Jesus por sua misericórdia e pela companhia constante de seu pai (São José) e sua mãe em nossa trajetória! Também as peregrinações anuais do dia 12 de Outubro continuaram e continuam até hoje e só não participamos por motivos de saúde ou viagem indispensável, mesmo assim permanecendo unidos ao grupo em intercessão. 
Enfim, Nossa Senhora Aparecida tem sido como aquela nuvem diante do povo hebreu no Êxodo, sempre indo à nossa frente, levando Jesus, abrindo portas e caminhos, protegendo, livrando, com seus "sins" e com seus "nãos", com suas ações e seus silêncios de acordo com a graça do Espírito Santo que continua a agir nela e por meio dela. 
Por fim, nos últimos tempos, ainda um sinal de amor e eleição a Mãe Aparecida preparou para que nós tivéssemos a absoluta certeza de sua presença constante em nosso relacionamento. Do outro lado da BR que fica por trás de nossa casa foi construída, finalmente, uma Igreja de alvenaria para a Capelinha que havia lá há muitos anos, construída precariamente de madeira. Vocês já devem imaginar o nome do Templo, né? Isso mesmo, Igreja Nossa Senhora Aparecida! Foi colocada em uma torre uma grande imagem da Mãe do Céu Morena, bem voltada para nossa casa, abençoando nossa vida constantemente! Da janela do meu quarto, vejo sempre a Mãe! É incessantemente, dia após dia: "Bom dia, Mãe!", "Oi, Mãe!", "Boa noite, Mãe!", "Manda beijinho pra Mamãe do Céu!"... Que cotidiano maravilhoso! Terços na varanda, consagrações da janela, conversas diárias com a Mãe com o auxílio daquela grande imagem colocada com tanto sacrifício de nosso vigário, Padre Ângelo, responsável por essa obra, estrategicamente à nossa frente, para nossa constante memória: Ela está cuidando de nós! Obrigada, Senhor Jesus! Acolhemos nossa Mãe Aparecida e vivemos seu mandato: eis aí sua Mãe! Viva a Mãe de Deus e nossa!! Salve, ó Senhora Aparecida!