Esta semana meditamos sobre a vocação matrimonial nesse mês vocacional de Agosto: trata-se da Semana da Família.
Não é fácil ser família hoje em dia, em especial família cristã. Mas é preciso, em meio às crises finaceiras, atritos de relacionamento, falta de tempo, bombardeio do mundo e até mesmo os ataques do inimigo de Deus, que nos atentemos no fato de que nossa família é um milagre, resultado singular de infinitas escolhas dentre as gerações todas que nos antecederam.
Ao longo dos tempos, várias decisões de pessoas especiais, diferentes caminhos tomados por cada um, conduzidos pela Providência divina, redundaram em cada um de nós estarmos aqui hoje. Cada família, a minha, a sua, é uma maravilha extraordinária e irrepetível.
Quando imaginamos todas as voltas que o mundo deu para que nossos tataravós se encontrassem, se unissem... E nossos bisavós, quantas lutas possivelmente travaram para ficarem juntos, criarem nossos avós, que por sua vez, dentre todos os caminhos e opções decidiram pelo conjunto específico de atitudes que resultaram em nossos pais...
Quando analisamos que, dentre cerca de 500 milhões de espermatozóides que são lançados no ato sexual, apenas um se uniu ao óvulo e, nunca sem a graça divina, nos possibilitou a existência dentro desse determinado contexto histórico, em nosso específico país, na exata cidade em que nascemos, "no dia que o Senhor fez para nós", gerados daquele homem único, daquela mulher singular... Impossível, na minha ínfima opinião, a ausência de Deus nessa sequência da vida real!
Contudo, ser família é muito mais do que uma decisão individual originada do progresso da vida amorosa numa visão particularista, de geração em geração. Penso que nosso Deus, Criador e Senhor de todas as coisas, já ao infundir a vida, o ser naquele minúsculo aglomerado de células no momento da concepção, potência de pessoa humana, de filho do Céu, já sonha, já esquadrinha, já age com amorosa Providência.
Não é à toa que nascemos onde nascemos, de quem nascemos, resultados de qual história nascemos: nada é por acaso, nada é coincidência.
Igualmente, para os cristãos, não é mera opção pessoal a vontade de achar alguém para amar, namorar, noivar, se casar e construir uma família. Deus nos quis, nos sonhou e a cada um chamou para servi-Lo em determinado estado.
Para alguns, o serviço maior a que Deus chama se dá dentro das relações familiares, como cônjuges, pais, filhos, irmãos. É muito mais que opção, é vocação! É chamado divino, é o sonho de Deus como missão de vida para o vocacionado! É, de fato, a condição na qual ele será plenamente feliz e realizado enquanto pessoa humana, enquanto discípulo de Cristo.
Todavia, como toda vivência vocacional que se preze, não é fácil.
Ser Família é se graduar na escola da tolerância para além de todos os limites que possamos imaginar; é trabalhar numa zona de serviço mútuo terminável apenas na morte e se expor a um ambiente de vivência de uma diversidade onde é impossível a homogeinização e no qual só pelo amor a aceitação se concretiza.
É certo que o modelo para nossas família é, antes de mais nada, a Trindade Santa. É igualmente verdadeiro que a Sagrada Família é o ícone humano que desafia e simultaneamente atesta que a vocação familiar na santidade é possível.
Entretanto temos consciência do quanto nos falta para alcançarmos o alto ideal que Deus confiou a nós, famílias cristãs, no que se refere ao mandamento do amor em atos e como a nós mesmos; ao perdão concedido setenta vezes sete vezes ao dia e sempre impreterivelmente antes que se ponha o sol sobre algum ressentimento; ao serviço aos outros membros, consaguíneos ou não, em detrimento ao desejo de ser servido, etc.
Somos indivíduos imperfeitos, convivendo com irmãos muito amados e inacabados, almejando agradar ao Deus perfeito e Santo, lutando para sermos sal num mundo 'desfamiliarizado', luz numa sociedade aberta a todo tipo de novo conceito e, ao mesmo tempo, preconceituosa e hostil à instituição familiar.
Fácil... Fácil não é. Mas é extraordinário. E vale a pena.
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