(Lamento individual de um enfermo que, vitimado desde a juventude, por um mal incurável, foi afastado do convívio social e do círculo de parentes e amigos. Em tom deprecatório e dor intensa, expõe-lhe sua triste situação, solicitando da Onipotência Divina, um milagre que o livre da morte segura. Tem consciência de que a enfermidade e a morte revelam a ira de Deus, como resposta á rebeldia humana. O Salmista termina a sua oração renovando a súplica a Deus com insistência redobrada e profunda tristeza: ele se sente só, sem amigos: seus familiares são as trevas. Este é o único Salmo que não termina com uma palavra de confiança.*)
1.Cântico.
Salmo dos filhos de Coré. Ao mestre de canto. Em melodia triste. Poema de Hemã,
ezraíta.
2. Senhor, meu
Deus, de dia clamo a vós, e de noite vos dirijo o meu lamento.
3. Chegue até
vós a minha prece, inclinai vossos ouvidos à minha súplica.
4. Minha alma
está saturada de males, e próxima da região dos mortos a minha vida.
5. Já sou
contado entre os que descem à tumba, tal qual um homem inválido e sem
forças.
6. Meu leito
se encontra entre os cadáveres, como o dos mortos que jazem no sepulcro, dos
quais vós já não vos lembrais, e não vos causam mais cuidados.
7. Vós me
lançastes em profunda fossa, nas trevas de um abismo.
8. Sobre mim pesa a
vossa indignação, vós me oprimis com o peso das vossas ondas.
9. Afastastes
de mim os meus amigos, objeto de horror me tornastes para eles; estou
aprisionado sem poder sair,
10. meus olhos
se consomem de aflição. Todos os dias eu clamo para vós, Senhor; estendo para vós
as minhas mãos.
11. Será que
fareis milagres pelos mortos? Ressurgirão eles para vos louvar?
12. Acaso
vossa bondade é exaltada no sepulcro, ou vossa fidelidade na região dos
mortos?
13. Serão nas
trevas manifestadas as vossas maravilhas, e vossa bondade na terra do
esquecimento?
14. Eu, porém,
Senhor, vos rogo, desde a aurora a vós se eleva a minha prece.
15. Por que, Senhor, repelis a minha alma? Por que me ocultais a vossa face?
15. Por que, Senhor, repelis a minha alma? Por que me ocultais a vossa face?
16. Sou
miserável e desde jovem agonizo, o peso de vossos castigos me abateu.
17. Sobre
mim tombaram vossas iras, vossos temores me aniquilaram.
18. Circundam-me
como vagas que se renovam sempre, e todas, juntas, me assaltam.
19. Afastastes
de mim amigo e companheiro; só as trevas me fazem companhia...
*(Comentários da Bíblia, Ed.Vozes)
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