Trascrevo uma reflexão (com
adaptações) que fiz em um desses Grupo de Mães do Facebook, em diálogo sobre a
questão do aborto.
O nome desse grupo é MÃES de
Brasília. Todas nós celebramos a existência dos nossos filhos a partir do
primeiríssimo momento em que soubemos que seríamos mães. Toda a equipe médica
se dirigia a nós como mães desde o exame de sangue até a 1ª ecografia. Se houve
a concepção, há vida, a mulher não é apenas mulher, mas passou a ser mãe. Nunca
vou entender como a compreensão da maternidade pode mudar de acordo com as circunstâncias.
Como um coração de mãe pode escolher entre um filho e outro assim? Eu
simplesmente não entendo. Eu tenho 4 filhos, NUNCA seria capaz de escolher qual
deles eu queria vivo ou morto. Pergunte a algum menino abandonado se ele
prefere viver ou se você pode matá-lo para que ele não sofra. Existem os
dilemas éticos mas NÃO EXISTE SOLUÇÃO FÁCIL PARA PROBLEMA DIFÍCIL.
Discriminalização do aborto não é a solução. Mulheres morrem fazendo aborto
ilegal? Triste realidade... Mas a melhor solução que se apresenta é legalizar o
que é ilegal para resolver a questão? Por essa lógica então devemos legalizar o
tráfico de drogas por que tem matado nossa juventude pelo consumo e pela
comercialização ilegal? Não é uma solução inteligente e aceitável. No Brasil a
pena de morte é proibida, cláusula pétrea da Constituição. Que eu saiba não há
no código penal pena de morte quando seu pai é um estuprador (nem pro pai nem
pro filho!). Direito da mulher sobre seu corpo? Não é difícil averiguar a
informação de que desde o 1º segundo da concepção o óvulo fecundado tem um DNA
absolutamente diferente do da mãe e do pai, é um terceiro indivíduo que sim,
depende da mãe para se desenvolver, mas não pode ser classificado como um órgão
da mãe ou um tumor. Nós, como mães, sabemos que esse indivíduo continuará em
estado de "potência" e dependência por longos e longos anos, mas é um
indivíduo, um ser humano, e eu acredito (e me permitam dizer pois graças a Deus
vivemos num país laico e democrático), um FILHO DE DEUS, que consigo traz vida
e promessas...
Aborto não apaga a
maternidade da história da mulher, apenas faz dela a mãe de um filho morto. E
só quem é mãe de um filho que morreu conhece essa dor. Quem é a favor do
aborto, convido para conhecer comigo o grupo que acompanho de MÃES que
abortaram (por variados motivos e aqui ao meu ver não cabe julgamento nosso) e
ver com os próprios olhos o que o aborto faz com uma mulher, com sua vida, sua
história, sua alma e seu coração... Muitas retiram seus filhos de suas vidas
num momento de desespero e falta de apoio (inclusive do Estado!) mas eles
jamais saem de suas cabeças, de suas almas, de seus corações... O impedimento desses
filhos de se desenvolverem e nascerem, não faz com que eles não tenham existido
e esse fato é uma tragédia no ser sensível de uma mulher, ou melhor, de uma
mãe! Mata-se um filho e, embora continue a viver, sepulta-se para sempre uma
mãe. Como legalizar a possibilidade de tamanha tragédia?
“Ah! Quem não é a favor do
aborto que não faça um!” Quanta miséria intelectual, moral e espiritual nesse
tipo de pensamento! Quanta superficialidade para tratar de um assunto tão denso
e complexo! Como se a descriminalização do aborto fosse uma questão de foro
íntimo e não abrangesse a instituição familiar e o tipo de sociedade que
pretendemos construir e o próprio entendimento do que é a dignidade humana!
Em nosso país as pessoas não
tem o direito de decidir a respeito da vida ou da morte de quem quer que seja,
nem mesmo a Justiça pode decidir isso. A Mãe não pode decidir se o filho poderá
continuar vivendo ou não por qualquer motivo que ela alegue. Nem mesmo se o
feto (ou qualquer pessoa) matasse ou roubasse nem a mãe nem ninguém em nosso
país poderia decidir por sua vida ou por sua morte. Ponto. Um feto na barriga
de sua mãe já está com vida, embora ainda dependa dela para continuar vivendo.