23 de março de 2012

RECONHECER CRISTO NOS DOENTES E NA DOENÇA


– Jesus fez-se presente nos doentes.
– Santificar a doença. Aceitação. Aprender a ser bons doentes.
– O sacramento da Unção dos Enfermos. Frutos deste sacramento na alma. Preparar os doentes para recebê-lo é uma prova especial de caridade e, às vezes, de justiça.
I. DEPOIS QUE O SOL se pôs, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias traziam-nos à sua presença; e Ele, impondo as mãos sobre cada um, curava-os1.
Os doentes eram tão numerosos que toda a cidade se acotovelou à sua porta2. Trazem os doentes depois do pôr-do-sol3. Por que não antes? Certamente porque era sábado. Depois do pôr-do-sol começava um novo dia, em que cessava a obrigação do descanso sabático que os judeus piedosos cumpriam com tanta fidelidade.
O Evangelho de São Lucas anota este detalhe de Cristo: curou-osimpondo as mãos sobre cada um deles. Jesus olha atentamente para cada um dos doentes e dedica-lhes toda a sua atenção, porque cada pessoa, e de modo especial cada pessoa que sofre, é muito importante para Ele. A sua presença caracteriza-se por pregar o Evangelho do Reino e curar todo o mal e toda a enfermidade4;de sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam, dos aleijados que ficavam curados, dos coxos que andavam, dos cegos que viam; e todos glorificavam o Deus de Israel5.

20 de março de 2012

Pequena pedagogia para meditar e viver a Palavra:



Preparação

1. Procure ter a alma vazia, aberta tranqüila, sem ansiedade, em serena expectativa, pois é o Senhor que vem em sua Palavra ao seu encontro.

2.      Uma vez escolhido o texto e depois de invocar o Espírito Santo, faca uma leitura lenta, muita lenta, com pausas freqüentes, pensando que Deus está falando a você neste momento, com estas mesmas palavras que você está lendo.

3.      Tem de ser uma leitura desinteressada, sem buscar utilidade alguma, como solução de problemas, doutrinas ou verdades... O Senhor se manifestará livremente segundo os desígnios e projetos que tem para sua vida.

Leitura escutada

4.      Enquanto vai lendo, escute a Deus: é o Senhor que está falando de pessoa a pessoa. Estas palavras, tão antigas, o Senhor as está pronunciando para você, neste momento. Escute-O com atenção receptiva e serena, sem nenhuma ansiedade.

5.      Não pretenda entender intelectualmente o que está escutando.; não se esforce por buscar tanto o que significa esta frase, que quer dizer este versículo, mas o que Senhor está querendo dizer a você com essas palavras.
Se algumas expressões não “lhe dizem” muito, ou não as entende, não fique perdido nem ansioso, passe adiante, com calma e liberdade.
   
             Detalhes práticos

6.      Pode acontecer que algumas expressão o comovam, despertando em você ressonância profunda e desconhecidas. Detenha-se ali mesmo, dê volta em sua mente e em seu coração, remoendo, ponderado e saboreando essas expressões. 
 Tome um lápis e as sublinhe, e escreva á margem uma  palavra ou uma breve frase que sintetize aquela impressão.

7.      Quando, na leitura escutada, aparece nomes próprios como Israel, Jacó, Samuel, Moisés, substitua-os pelo seu próprio nome, pensando e sentindo que o Senhor  está se dirigindo a você pelo seu nome próprio.

8.      Se a leitura não “lhe diz” nada fique tranqüilo em paz. Pode acontecer que essa mesma passagem, lida outro dia, lhe diga muito. Acima de nossa atividade humana está o mistério da graça que por essência, é imprevisível. A hora de Deus não é a nossa hora. Nas coisas de Deus é necessário ter muita paciência.

9.      Não se esforce tanto por captar e aprender exatamente o significado doutrinal da palavra, mais sim, procure medita-lo gozosamente, no coração, como Maria, dando-lhe voltas na mente, deixando-se inundar, por dentro, das vibrações e emoções que se desprendem da proximidade de Deus. E “conserve a Palavra”, quer dizer, continuem vibrando em seu interior essas ressonâncias ao longo do dia.

Os Salmos

19 de março de 2012

Guarda fiel e providente

 Dos Sermões de São Bernardino de Sena, presbítero

(Sermo 2, de S.Ioseph:Opera7,16.27-30)
(Séc.XV)



É esta a regra geral de todas as graças especiais concedidas a qualquer criatura racional: quando a providência divina escolhe alguém para uma graça particular ou estado superior, também dá à pessoa assim escolhida todos os carismas necessários para o exercício de sua missão.

Isto verificou-se de forma eminente em São José, pai adotivo do Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da rainha do mundo e senhora dos anjos. Com efeito, ele foi escolhido pelo Pai eterno para ser o guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Filho de Deus e a Virgem Maria. E cumpriu com a máxima fidelidade sua missão. Eis por que o Senhor lhe disse:
Servo bom e fiel! Vem participar da alegria do teu Senhor! (Mt 25,21).

Consideremos São José diante de toda a Igreja de Cristo: acaso não é ele o homem especialmente escolhido,por quem e sob cuja proteção se realizou a entrada de Cristo no mundo de modo digno e honesto? Se, portanto, toda a santa Igreja tem uma dívida para com a Virgem Mãe, por ter recebido a Cristo por meio dela, assim também, depois dela, deve a São José uma singular graça e reverência.

Ele encerra o Antigo Testamento; nele a dignidade dos patriarcas e dos profetas obtém o fruto prometido. Mas ele foi o único que realmente possuiu aquilo que a bondade divina lhes tinha prometido.

E não duvidemos que a familiaridade, o respeito e a sublimíssima dignidade que Cristo lhe tributou, enquanto procedeu na terra como um filho para com seu pai, certamente também nada disso lhe negou no céu, mas antes, completou e aperfeiçoou.

Por isso, não é sem razão que o Senhor lhe declara: Vem participar da alegria do teu Senhor!

Embora a alegria da felicidade eterna penetre no coração do homem, o Senhor preferiu dizer: Vem participar da alegria. Quis assim insinuar misteriosamente que a alegria não está só dentro dele, mas o envolve de todos os lados e o absorve e submerge como um abismo sem fim.

Lembrai-vos de nós, São José, e intercedei com vossas orações junto de vosso Filho adotivo; tornai-nos também propícia vossa Esposa, a santíssima Virgem, mãe daquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos sem fim. Amém.

15 de março de 2012

Nota com indicações pastorais para o Ano da Fé 2012


CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

Nota com indicações pastorais para o Ano da Fé



INTRODUÇÃO

Com a Carta apostólica Porta Fidei de 11 de outubro de 2011, o Santo Padre Bento XVI convocou um Ano da Fé. Ele começará no dia 11 de outubro 2012, por ocasião do quinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, e terminará aos 24 de novembro de 2013, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.

Este ano será uma ocasião propícia a fim de que todos os fiéis compreendam mais profundamente que o fundamento da fé cristã é “o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”. [1] Fundamentada no encontro com Jesus Cristo ressuscitado, a fé poderá ser redescoberta na sua integridade e em todo o seu esplendor. “Também nos nossos dias a fé é um dom que se deve redescobrir, cultivar e testemunhar” para que o Senhor “conceda a cada um de nós viver a beleza e a alegria de sermos cristãos”[2].

O início do Ano da Fé coincide com a grata recordação de dois grandes eventos que marcaram a face da Igreja nos nossos dias: o quinquagésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, desejado pelo beato João XXIII (11 de outubro de 1962), e o vigésimo aniversário da promulgação do Catecismo da Igreja Católica, oferecido à Igreja pelo beato João Paulo II (11 de outubro de 1992).

PORTA FIDEI


CARTA APOSTÓLICA
SOB FORMA DE MOTU PROPRIO

PORTA FIDEI

DO SUMO PONTÍFICE
BENTO XVI

COM A QUAL SE PROCLAMA O ANO DA FÉ



1. A PORTA DA FÉ (cf. At 14, 27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Este caminho tem início no Batismo (cf. Rm 6, 4), pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que, com o dom do Espírito Santo, quis fazer participantes da sua própria glória quantos crêem n’Ele (cf. Jo 17, 22). Professar a fé na Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – equivale a crer num só Deus que é Amor (cf. 1 Jo 4, 8): o Pai, que na plenitude dos tempos enviou seu Filho para a nossa salvação; Jesus Cristo, que redimiu o mundo no mistério da sua morte e ressurreição; o Espírito Santo, que guia a Igreja através dos séculos enquanto aguarda o regresso glorioso do Senhor.

2. Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. Durante a homilia da Santa Missa no início do pontificado, disse: “A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo devem pôr-se a caminho para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude”[1]. Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado.[2] Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes sectores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.

13 de março de 2012

Salmo 87




(Lamento individual de um enfermo que, vitimado desde a juventude, por um mal incurável, foi afastado do convívio social e do círculo de parentes e amigos. Em tom deprecatório e dor intensa, expõe-lhe sua triste situação, solicitando da Onipotência Divina, um milagre que o livre da morte segura. Tem consciência de que a enfermidade e a morte revelam a ira de Deus, como resposta á rebeldia humana. O Salmista termina a sua oração renovando a súplica a Deus com insistência redobrada e profunda tristeza: ele se sente só, sem amigos: seus familiares são as trevas. Este é o único Salmo que não termina com uma palavra de confiança.*)

1.Cântico. Salmo dos filhos de Coré. Ao mestre de canto. Em melodia triste. Poema de Hemã, ezraíta.
2. Senhor, meu Deus, de dia clamo a vós, e de noite vos dirijo o meu lamento.
3. Chegue até vós a minha prece, inclinai vossos ouvidos à minha súplica. 
4. Minha alma está saturada de males, e próxima da região dos mortos a minha vida. 
5. Já sou contado entre os que descem à tumba, tal qual um homem inválido e sem forças. 
6. Meu leito se encontra entre os cadáveres, como o dos mortos que jazem no sepulcro, dos quais vós já não vos lembrais, e não vos causam mais cuidados. 
7. Vós me lançastes em profunda fossa, nas trevas de um abismo. 
8. Sobre mim pesa a vossa indignação, vós me oprimis com o peso das vossas ondas. 
9. Afastastes de mim os meus amigos, objeto de horror me tornastes para eles; estou aprisionado sem poder sair, 
10. meus olhos se consomem de aflição. Todos os dias eu clamo para vós, Senhor; estendo para vós as minhas mãos. 
11. Será que fareis milagres pelos mortos? Ressurgirão eles para vos louvar? 
12. Acaso vossa bondade é exaltada no sepulcro, ou vossa fidelidade na região dos mortos? 
13. Serão nas trevas manifestadas as vossas maravilhas, e vossa bondade na terra do esquecimento?
14. Eu, porém, Senhor, vos rogo, desde a aurora a vós se eleva a minha prece.
15. Por que, Senhor, repelis a minha alma? Por que me ocultais a vossa face?
16. Sou miserável e desde jovem agonizo, o peso de vossos castigos me abateu.
17. Sobre mim tombaram vossas iras, vossos temores me aniquilaram.
18. Circundam-me como vagas que se renovam sempre, e todas, juntas, me assaltam.
19. Afastastes de mim amigo e companheiro; só as trevas me fazem companhia...


*(Comentários da Bíblia, Ed.Vozes)